Continuação do comparativo...

Focus Ghia Hatch
Foi o primeiro carro de uma grande montadora que se atreveu a competir com o VW Golf em termos de acabamento interno. A disputa é até hoje indefinida; alguns argumentam que o Focus é melhor pelo seu design arrojado e ergonomia impecável (certa revista mencionou uma vez que a habitabilidade ficava próxima aos Mercedes, quando o assunto era localização dos comandos). Outros defendem o Golf pela qualidade ainda superior dos materiais e pela aparência geral mais elegante e sóbria, com maçanetas internas cromadas e o famoso painel azul. Embora não seja fã dessa iluminação (também não tenho nada contra), nestes casos, jogo no time do Golf.

O design tem 3 anos de Brasil (5 de Europa) e ainda é polêmico. A traseira do hatch, pelas linhas centrais vazias, foi motivo de polêmica. Hoje, com mais carros nas ruas, a maioria já está acostumada. Eu acho que o desenho podia ser mais bem resolvido, mas combina muito com o estilo esportivo do carro. É por isso que a adoção de cromados da versão Ghia destoa; quer dar sobriedade a algo que é naturalmente irreverente. Agora, não custava nada colocar uma luz de ré decente...

No mais, é bem completo; carrega todos os opcionais mandatórios num carro da categoria (e nessa lista incluo ABS, duplo airbag, rodas de liga-leve, faróis de neblina e quetais). De diferenciais, o computador de bordo – que deveria trazer o consumo médio em km/l e não l/100km – e o teto solar, que não é uma geringonça chamada Sky Window.

Em marcha, o motorista desacostumado vai notar um câmbio longo, bem longo para os padrões nacionais. A maior qualidade é o silêncio ao rodar, principalmente na estrada, em razão das baixas rotações do motor; o bom torque, apesar dos propulsores multiválvulas, ajuda. O maior defeito é uma certa resistência a vencer a inércia. O Focus é um carro que demora para sair do lugar, como aquelas “arrancadinhas” em 1ª muito comuns para se transpor um cruzamento no espaço entre um carro e outro. Pode parecer pouco, mas atrapalha uma barbaridade no dia-a-dia. No restante das situações, o ótimo 2.0 16v é silencioso, potente e suave no seu funcionamento – embora devesse entregar mais do que seus 126 cv. Ficou em segundo pelo BCWS, e é justo, embora não o seja a derrota para o 307.

Fiat Stilo 16v
É praticamente uma Scènic. Se você gosta ds características de uma minivan (amplo espaço interno, posição elevada de dirigir, trocentos porta-objetos e mesinhas para refeições), pode correr pra Fiat. É sem dúvida o carro que apresenta a melhor funcionalidade na categoria. O custo foi um design sem inspiração, meio van meio hatch. Embora não seja feio, é comum.

Por dentro, não chegou ao nível de Golf e Focus. É o melhor acabamento da Fiat no Brasil, mas não tem a ergonomia/criatividade do Ford nem a excelência do VW e do 307. No entanto, não dá ao seu dono a impressão de ter comprado um Santana velho, como faz o Astra. O interior é compatível com a categoria, só não é o melhor.

Onde o Stilo salta aos olhos é na lista de equipamentos de série/opcionais. Tem o melhor computador de bordo disponível atualmente no Brasil, e pode ser equipado com ar digital (com saídas em separado para motorista e passageiro), rodas aro 16, faróis de xenônio e outros mimos que o diferenciam da manada. Só não peça o teto solar, que é muito mais elegante nos outros carros, pela opção de andar ligeiramente levantado. Além disso, aquilo ali para enguiçar deve ser pior do que a “suspensão eletrônica” do Escort XR3 Fórmula.

Não contente em estragar o Astra, a GM estragou o Stilo. Melou os brilhantes propulsores de Turim e espalhou como um vírus seus monstros de 1,8 litro, neste caso com 16 válvulas. Em números absolutos de torque e potência, o motor é bom. Onde ele não cumpre é na aspereza de funcionamento, no nível de ruído e no consumo. Esse carro, equipado com o 1,8 16v do extinto Brava HGT e que ainda resiste no Marea SX, estaria um primor, italiano em sua essência. No entanto, em marcha, o Stilo é muito agradável em baixas rotações. Se você é do tipo pai de família, eis seu hatch médio. Ficou em 3º no BCWS, justo.

Astra CD Hatch 4p
Tinha um dos melhores desenhos da categoria, na antiga versão sedã. O hatch 2p nunca me agradou e não o faz até hoje. O hatch 4p ficou estranho, parece muito o sedã, mas uma vez que se acostume, é um carro atual. A reestilização sofrida para o moedlo 2003 foi, no mínimo, controversa. Eu acredito que a GM tenha acertado na traseira e nas novas rodas (junto com o Stilo, o Astra tem as maiores rodas do mercado) e feito um trabalho particularmente bom nos faróis. Mas não seria a nossa velha e boa Chevrolet se eles não estragassem tudo com um pára-choque dianteiro protuberante, “queixudo” e que não só tirou a elegância o carro como parece uma adaptação mal feita.

Se você achou o exterior pouco inspitado, espere até entrar no carro. Bem-vindo aos anos 80! As formas são quadradas, o material é pobre e a iluminação do painel seria melhor feita por uma lâmpada de 40w. Mas nem tudo é problemático. A ergonomia é boa, com os comandos à mão, e a posição de dirigir é excelente. Mesmo o tecido dos bancos já foi pior.

A lista de equipamentos do Astra é extensa, o que esconde tanto boas surpresas quanto assume que o baixo preço inicial deve-se à falta de opcionais mandatórios. Se carregado com o que os outros carros oferecem, custa o mesmo. Boas supresas estão no controle automático de velocidade, comandos do rádio no volante, teto solar, ar digital e rodas de 16 pol.

É impulsionado pelo 2.0 8v da GM, Velho conhecido dos tempos de Monza. Ganhou injeção analógica no Monza 500 EF, depois digital monoponto nos Kadett e agora é digital multiponto, embora semi-seqüencial (as de todos os outros carros são seqüenciais). É um motor bom nos números de potência e torque e agradabilíssimo na cidade, em baixas rotações e pouco ruído. Em aceleraçõs fortes ou velocidades maiores ele mostra sua concepção antiga, com vibrações e ruído. Agora, onde esse motor peca mesmo é no consumo. Compradores alegam não conseguir mais de 6 km/l na cidade e algo em torno de 11 na estrada, o que é pouquíssimo e inclusive limita a autonomia. Ficou em 4º no BCWS, mas para mim ficaria em último.

Golf 2.0

O desenho é sóbrio, elegante e, mesmo após 4 anos de seu lançamento no Brasil, é atual. Cativa todas as gerações e estilos de motoristas. Fica ótimo com rodas enormes, para os jovens, e ótimo com calotas para a dona de casa. Há algumas gerações a VW vem acertando o desenho do Golf de mão cheia, e os desenhos da próxima geração mostram um carro ainda mais belo. É certo que faz tempo que não apresenta novidades, mas a verdade é que, para mim, não precisa.

Revolucionou o acabamento interno da categoria. A geração anterior já era muito boa no quesito, e a atual estabeleceu novos patamares. Quem entra num Golf se sente claramente em um carro de uma categoria muito superior, e o que prova isso são as mínimas diferenças entre ele e o Passat. Painel azul, elegante, formas retas, sóbrias e funcionais, maçanetas cromadas, comandos à mão (embora não tão bons quanto no Focus), luzes de cortesia nas portas. Após anos, Focus e 307 (este mais) conseguiram igualá-lo.

Assim como o Astra, o Golf vem "pelado" de série, mas a lista de acessórios não apresenta muitos diferenciais. Ar digital e teto solar, apenas, se destacam. Mas pode vir equipado com o trivial para R$ 50 mil: ABS, duplo air bag, couro, rodas de liga-leve e duas falhas graves: faróis de neblina (embora os faróis normais sejam excelentes e há o traseiro) e computador de bordo, esta imperdoável.

O propulsor entrega exatamente os mesmos números do Astra, embora mais moderno (ou seja, mais suave e econômico). Não é fã dos altos giros, mas também não precisa - seu torque abundante na cidade é muito agradável. Peca na estrada, onde as relações de câmbio muito curtas trazem ruídos e vibrações desnecessários. A compensação é uma manopla excelente e uma precisão de engates absolutamente perfeita - embora digam que a do 2.0 não é tão boa quanto a do 1.6, na qual eu me baseio. O dirigir do Golf é maravilhoso, com uma interação motorista-carro só vista em poucos outros automóveis. Ficar em último no BCWS é covardia, eu vejo argumentos para pelo menos empatar com o Stilo... É muito melhor que o Astra e briga muito bem com Focus e 307.

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