O fim da GM

Desculpem atropelar a cobertura do Salão do Automóvel, em breve eu volto com o tema. Mas não posso não comentar sobre a situação atual da GM.

A empresa enfrenta uma crise sem precedentes, já gastou quase todo seu caixa com despesas operacionais, e vê as vendas de carros novos caindo nos mercados importantes. Afinal, ao invés de falar que 60% de suas vendas são feitas fora dos EUA, vale mencionar os 40% de carros que ainda são vendidos lá. E este é um mercado em grave encolhimento, de 16 para 13 milhões de unidades vendidas em 2008. Além disso, a recessão já chegou também à zona do Euro e ao Japão, mostrando que as economias maduras e que ainda respondem pelo maior volume de vendas de carros também têm sofrido.

Nos mercados emergentes, de acordo com uma reportagem especial de 14 páginas feita recentemente pela revista The Economist, a GM está fora do mercado indiano, mas tem boas participação nos outros três países do BRIC. A GM é a segunda montadora da China em vendas, mas o mercado tem retraído; o mesmo acontece na Rússia, onde a GM tem uma participação de mercado menos expressiva.

O Brasil exemplifica bem o caso. Em comunicado oficial veiculado na Folha de S. Paulo na terça, dia 18 de novembro, a GM do Brasil basicamente afirmou que não vai falir. Chamou-me a atenção um dos tópicos: a região LAAM (América Latina, África e Oriente Médio) é a mais lucrativa dentre as operações da GM mundial e faz seu papel na remessa de lucros para a matriz. Repare que não é a China, nem a Rússia. Repare que as vendas do continente africano são insignificantes, assim como as do Oriente Médio. Pense em América Latina. Pense nos preços justos cobrados pelos carros no México. Quem está sustentando a GM? Exatamente: o consumidor brasileiro, que paga preço de carros de verdade pelas latas-velhas que a GMB produz.

O gerenciamento porco, que permitiu essa degradação na imagem e no portfólio de produtos de uma empresa que já fez Opala, Omega, Monza e Vectra II, é o mesmo que matou a GM nos EUA. É a mesmíssima mentalidade que coloca à disposição dos brasileiros essa gama horrorosa de produtos.

Por isso eu digo: quero que feche e que mandem todo mundo embora. A demanda por carros continuará existindo; as outras montadoras absorverão uma boa parte da força de trabalho da GM no processo, sem precisar arcar com os custos legados pelo gerenciamento imbecil do passado. E nós poderemos parar de conviver com essas porcarias que requerem um litro de combustível para percorrer cinco quilômetros.

Uma pena que não dá pra pegar esses executivos e colocar no paredão, que é o que eles merecem.

Comentários

Anônimo disse…
O editorial do Best Cars Web Site, do Fabrício Samahá, também reflete muito bem a sua opinião.
A GM perdeu o respeito pelo consumidor, o qual ainda nutria um certo respeito pela marca - e, atualmente, é a única viga que sustenta as vendas da Chevrolet aqui.
Mauro Segura disse…
Ricardo. Eu tenho um carro da GM e sei muito bem o que é um serviço de má qualidade. A minha Zafira já deu dezenas de problemas, parece um vagalume. Certamente este foi meu último carro da GM.

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