Salão do Automóvel 7: as francesas


A Renault estava no Salão? Ah é, tinha um estande lá com umas mulheres dançando. Mas eu me recuso a compartilhar o mesmo espaço que um Logan, então nem dei bola.

A Peugeot estava com um estande de ótima localização, ao lado da Ferrari. E pegou leve na pirotecnia, outra qualidade – só de tempos em tempos que começava um som ensurdecedor, desnecessariamente alto.

Falta à Peugeot um carro aspiracional, de desejo. Eles lançam uns conceitos incríveis de vez em quando, como aqueles inspirados em naipes do baralho, mas essas máquinas não ganham as ruas. Alguém aí sonha com um 607? Ou melhor ainda, como falaram brilhantemente no Top Gear outro dia: “alguém aí sabe de algum motivo para se comprar um Peugeot?”.

Mas a grande dúvida era: como a aberração nacional, o 206,5, conviveria com o 207 europeu? A Peugeot resolveu de maneira muito simples: não trouxe o carrinho. Ou melhor, trouxe, mas apenas na versão conversível. Ou seja: o aspiracional, bonitão, conversível, com a modelo coxuda dentro, é feito na Europa. O meia sola, enganador, é o que fica à disposição dos brasileiros.

Mesmo sendo carros diferentes, fechado e conversível, dava pra notar como o europeu é mais bem-resolvido e esmerado. E pro mercado brasileiro temos o 206,5 passion, aquele sedã filhote de cruz-credo com o cão chupando manga do avesso com tiro na testa. Uhuuu.

Já na Citroën as coisas estavam muito, mas muito melhores. O C4 hatch é bem mais bonito que o C4 Pallas. Ao menos os donos do sedã podem falar algo antes reservado às versões longas dos sedãs do calibre de BMW série 7, Mercedes S e Audi A8: é feio, mas tem mais espaço atrás!

C4 de todas as estirpes, já com o adesivo flex nas portas. O carro vem forte e competitivo, para tomar o lugar que o Xsara tinha como ótimo médio nacional. É melhor que o Focus? Não. Mas é melhor que todo o resto. O que a Citroën precisa fazer é se conter: aplique seus conceitos na suspensão dos carros, com os ótimos resultados de praxe, mas coloque um painel convencional, e não quatro mostradores digitais, como no caso da linha C4, que fazem o motorista se sentir em Las Vegas. E podiam melhorar também os câmbios, que tanto o manual quanto o automático são horríveis. De qualquer maneira, é muito salutar ver um carro vendido na Europa chegando às nossas ruas, e já adaptado para rodar com álcool. É um modelo que deve permanecer sem grandes alterações uns bons anos, para os donos que se importam com isso.

Destaque: o estande da Citroën tinha um dos poucos carros que realmente me impressionaram no salão: a nova perua C5. A linha C5 sempre foi muito interessante, confortável e recheada de inovações técnicas e tecnológicas, mas o desenho não era tudo isso. O sedã novo é interessante, mas a perua é magistral, com um design primoroso, um acabamento excelente e um habitáculo que dá vontade de não sair mais de dentro. Uma ótima opção que aqui infelizmente ficará restrita a pais de famílias grandes abastados e que gostam de dirigir.

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