Fiat Stilo 16v

Confesso que me surpreendi. Desde que os primeiros carros começaram a rodar pela Europa, e suas fotos chegaram aqui, em julho de 2002, eu já criticava o design. A frente é agradável, embora não seja um primor. A traseira não é o lado que eu penso ser mais fraco. O que me incomoda mesmo é a lateral. Aquelas janelas quadradas, quase perpendiculares em relação ao solo, são minivan demais para o meu gosto.
Já comentei aqui sobre os outros aspectos do carro. Espaço interno e modularidade brilhantes, lista de opcionais nunca antes vista, mas ainda não havia guiado um. Até Campos.
Sentei-me ao volante de uma versão 16v (a Abarth não estava disponível) completa, à exceção do Sky Window e das rodas de 17 polegadas – que, inegável, dão um toque mais do que especial ao carro. E não é que o danado é bom de guiar? Volante de boa pega e com uma calibragem correta entre leveza e precisão, câmbio com manopla boa e engates justos (embora a trava da ré fosse dispensável), pedais muito leves, com acelerador eletrônico que evita trancos. A visibilidade é ótima, embora os retrovisores fiquem um tanto distantes demais do carro. A posição de dirigir é fácil de encontrar com os ajustes do banco e de profundidade, e permite tanto um guiar mais alto quanto um mais esportivo.
Como já havia comentado aqui, o acabamento do Stilo, se é uma evolução do Marea, perde feio para os médios referência (Golf e 307). Seus plásticos são mais ásperos e de aparência inferior. Maçanetas das portas não são cromadas e o desenho do painel é de pouca inspiração – ainda que a unidade testada tinha o rádio com subwoofer, de excelente qualidade, e o ar Dual Temp, que parece um computador de bordo tamanha a quantidade de botões de acionamento.
Mas e o motor? Na minha cabeça, eu tenho bem cientes os três defeitos do Stilo: desenho, acabamento e motor, à exceção da versão Abarth que troca motor por preço. Digo: o Powertech 1.8 16v tem uma condução muito agradável, com muito torque em baixas rotações e desempenho em alta mais do que suficiente para ultrapassagens e algumas arrancadas. Sim, ele vibra como uma cabra no cio acima de 3500 giros, mas não é uma faixa de rotação que se encontra no uso diário.
O sucesso do Stilo (devido em boa parte à agressiva política de preços da Fiat) demonstra a qualidade do carro, a ponto de, em alguns meses, ter desbancado o Golf da liderança. Esse pega dos médios, adicionado de Focus, Astra e 307, é o mais interessante da indústria nacional hoje em dia. O que me dá uma brecha:

Golf e Astra 2004

O Astra tem um desenho realmente inspirado, antecipando tendências mas mantendo uma certa identificação. Promete inovar no segmento, com faróis que iluminam em curvas (recusro que só agora chegou à X5, por exemplo).
O Golf, cuja remodelação coincide com a do Astra pela terceira vez consecutiva (1991 e 1997) consegue mais uma fez o feito de ser um carro moderno mas intimamente ligado com as versões anteriores. Ficou sóbrio e elegante, e ao mesmo tempo contemporâneo. Vai ser briga de cachorro grande. Fica aqui a torcida para que GM e VW fabriquem essas versões no Brasil ao invés de apenas importá-las, ou ainda, nem trazê-las. O consumidor brasileiro, ávido por médios, merece.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Teste: Nissan Livina S 1.8 automática

Gol G4 com interior de G3

Comparativo: Celta Life 1.0 VHC x Palio 1.0 Fire