Citroën C3 1.6 16v
E não é que o danado é bonito? Não parecia, pelas fotos. Eu posso ser suspeito, pois sou fã do 2CV que lhe inspirou o design. Não é um carro agressivo, mas sim um daqueles “eternamente felizes” como o Beetle. Tem um quê de retrô aliado com toques de modernidade, rodas bonitas e de tamanho adequado. E é pequeno: por fora, dá a impressão de ser menor que um Gol, embora o fato de ser novidadoso, além do símbolo da Citroën, garantam uma boa imagem.
O test drive do C3 foi o percurso mais comprido que eu fiz em Campos do Jordão. Além disso, a permissividade (no bom sentido) da vendedora Marina permitiu manobras interessantes com o carrinho.
A posição de dirigir é muito boa e não incomoda. O acabamento está no nível mais alto da categoria. É um passo nitidamente superior em relação ao Polo, por exemplo. Todo o painel é bem desenhado e atrativo. Eu não achei a visualização ruim, como muitos. Sua leitura não é clara como um bom painel analógico, mas pelo menos é muito melhor do que aqueles mostradores no meio do painel, como na Picasso. O C3 faz questão de te lembrar a cada minuto que você está num carro moderno e arrojado, mas sem incomodar.
A primeira impressão é a leveza da direção elétrica. Ela regula sozinha o peso devido, e o faz com muita coerência. Não sei se fica muito leve (ou pesada) acima de 100 km/h, mas na cidade é muito boa. Manobrar em vagas apertadas é uma delícia – além do volante de boa pega e diâmetro correto. Os pedais são leves e de curso curto, muito agradáveis. O grande (gigantesco, desproporcional) defeito da dirigibilidade do carro é o câmbio. Não aceita trocas rápidas, é duro e impreciso. A dificuldade em engatar a segunda chegava a comprometer arrancadas rápidas. Acabei de ler na Autoesporte que o câmbio é um dos pontos fortes do modelo. Só se eles dirigiram um automático.
A visibilidade é excelente (não notei distorção pelo vidro traseiro). Senões valem para a ergonomia, com botões do acionamento dos vidros pouco práticos. As portas se travam ao rodar, que é muito silencioso, macio e agradável, inclusive em um breve percurso de terra.
Durante o test-drive, a Marina fez questão de realçar duas características do carro: frenagem e potência. Quanto a esta última o “grande teste” era pegar uma ladeira com o ar no máximo – motivo pelo qual ela já estava bem gripada. Aqui, nada de surpreendente. O motor 1.6 16v de 110 cv é excelente, suave e potente. A subida não exigia redução de marchas, mas nota-se que o forte do motor não é o torque em baixa rotação. Há potência de sobra nessa versão, embora ela não dê um “tapa na nuca” como faz o EcoSport 2.0.
O outro pilar, a frenagem, era um que eu estava ansioso por testar. Não só porque frenagens exigem acelerações, mas também porque o pacote de freios desse carro é bem completo. ABS, EBD e sensor de emergência, aquele que aplica máxima pressão nos freios quando nota que a parada é séria. Pois bem: nada de excepcional. Quem já guiou um carro com bons freios (Golf, Corolla, qualquer um com ABS e a maioria com disco nas 4 rodas) sabe como é brecar bem e é isso que o C3 faz. Foram duas frenagens fortes: uma na terra, onde a falta de aderência das pedras do piso, somada ao ABS pioraram muito o espaço requerido (pois a pressão do freio é diminuída pela falta de atrito) e uma no asfalto, essa muito boa.
O que é espetacular em toda essa parafernália de frenagem é o acionamento automático dos piscas, para alertar os carros que vêm atrás que a frenagem é de emergência. Isso devia ser obrigatório por lei. O motorista sério se acostuma a dar um ”tapa no botão” toda vez que breca forte, mas nada como deixar o carro fazer isso por você.
Concluindo, o C3 deixou uma ótima impressão, não fosse o câmbio. Ele com certeza melhorou a imagem que eu faço dos “compactos premium”, embora ainda não sejam meu segmento favorito. É um carro muito bom como segunda ou terceira opção da família. Dentre as versões, talvez eu prefira a 1.4 pois o 1.6 16v “sobra” demais para o carrinho, embora isso dependa muito do preço e dos opcionais envolvidos.

Atendendo a pedidos, estréio aqui um quadro de notas avaliando o carro. Os quesitos seguem os do BCWS e das grandes publicações do gênero, à exceção do consumo, que na maioria das vezes não tenho como auferir. As notas vão de 0 a 10 e, como tudo aqui, se baseiam muito mais na minha experiência pessoal, impressões e necessidades em um automóvel.

Estilo 9
Acabamento 8
Posição de dirigir 10
Instrumentos 8
Itens de conveniência 10
Espaço interno 6
Porta-malas 2
Motor 8
Desempenho 7
Câmbio 2
Freios 9
Suspensão 8
Estabilidade 8
Segurança passiva 7
Custo-benefício 5

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