Chevrolet Vectra GT-X
Tenho reclamado bastante da GM – como já foi notado inclusive nos comentários. Não acho injusto; a Ford está numa situação muito pior mundialmente em termos financeiros e ainda consegue aparecer com bons carros tanto na Europa quanto aqui, enquanto a GM parece estar totalmente focada no mercado norte-americano – as críticas européias aos lançamentos da Opel e da Vauxhall inglesa têm aumentado.
Para verificar se eu estou certo nas minhas críticas, vamos pegar o que de melhor a GM tem a oferecer para o meu paladar; qual o carro mais top da GM com câmbio manual (não só por eu preferir torcar as marchas, mas também porque conhecendo o câmbio automático GM, eu teria mais um motivo pra reclamar). É ele mesmo; estou falando do Vectra GT-X.
Quem acompanha o blog ou a imprensa especializada sabe: o nosso Vectra é na verdade o Astra europeu, só que montado na plataforma da Zafira, que temos aqui desde o século passado. O Vectra sedã tem uma traseira desenhada no Brasil, enquanto o Vectra GT é a cópia do Astra hatch europeu, mas utilizando a plataforma do nosso Astra.
O resultado disso, esteticamente, é um carro bastante atraente. Fica um senão para uma certa desproporcionalidade: o capô é longo demais para o resto do carro, o que tira um pouco da harmonia de um desenho que, fora isso, é brilhante. O carro tem cara de novo, e o seu melhor ângulo, a traseira, é dos mais bonitos à venda no mercado nacional. Dentro do segmento de hatches médios à venda hoje ele é, sem dúvida, o mais bonito junto ao 307.
Já o interior, infelizmente, está aquém da proposta. Primeiro pelo próprio design: o exterior arrojado pede um interior mais ousado, e a cabine do Vectra GT-X é bastante conservadora. Tem o mérito de não cansar após um tempo, mas sem dúvida contrasta com o exterior. A qualidade do acabamento é inconstante. Existem altos: o porta-objetos na porta é acarpetado e o plástico sobre os instrumentos é emborrachado, um detalhe que só o Golf repete na produção nacional. O porta-luvas desce suavemente, os pára-sóis têm iluminação – coisa que o Civic deixa de lado na versão LXS – e as portas fecham com um sonoro “clonc”. Destaque ainda para o revestimento em couro dos bancos e nas portas, de série na versão GT-X. Há algum tempo a GM oferece o melhor revestimento em couro da produção nacional, ao lado da Honda. A textura do banco é excelente, bem como a densidade da espuma. Os mostradores são bons, com iluminação adequada.
Mas existem problemas, ah se não. Os baixos são vários, e o mais gritante é a falta de qualidade geral do console central. Os botões têm acionamento duro e fazem um barulho de plástico rangendo quando apertados. Os plásticos em geral são mal encaixados e dão a impressão que em breve serão fonte de ruídos. Existe ainda a absoluta falta de porta-objetos – celular e carteira, por exemplo, só na porta. Garrafa de água, esquece. Realmente uma falta que se faz notar no dia-a-dia. Outro problema gravíssimo são as alavancas de acionamento das setas e dos limpadores de pára-brisa, de um plástico áspero e que rangem ao serem utilizadas. Além disso, estão sobrecarregadas de comandos, o que torna fácil confundir o piloto automático com o computador de bordo, por exemplo.
O que mostram aliás, como o carro é bastante completo. Na versão GT-X, convivem ar digital, trio elétrico, direção hidráulica, freios ABS com discos nas 4 rodas, som com mp3 e controle no volante, piloto automático e computador de bordo, sensor de chuva, air bag duplo, rodas aro 17”, banco traseiro bipartido 1/3 e 2/3, faróis de neblina dianteiros e traseiro, bancos e volante em couro, ajuste de apoio lombar para o motorista, lâmpadas azuis, navegador separado e retrovisores com rebatimento elétrico ao deixar o carro. Um pacote realmente completo, mas que ainda deixa a desejar: ar com ajuste diferenciado para motorista e passageiro, sensor de luminosidade, sensor de estacionamento (pode ser instalado em concessionária, um crime), teto solar, air bag lateral, chave canivete – a chave do GT-X é aquele monstrengo a que os donos de Astra, Vectra e Zafora estão acostumados: uma chave gorda com a parte metálica não-retrátil. Só não é pior que a chave com telecomando separado como as de Honda e Toyota.
A primeira coisa que surge ao rodarmos com o carro é a dureza da suspensão. O conjunto do Vectra, que já é duro, foi endurecido ainda mais. Com rodas 17”, é um convite para dor nas costas. Todos os solavancos das ruas são transmitidos sem dó para a cabine, o que coloca ainda mais em dúvida a resistência dos plásticos à trepidação. E, como acontece em suspensões de concepção antiga (eixo de torção na traseira), o Vectra GT-X não consegue ser suave nos pisos planos, mantendo a dureza sempre. O aspecto é perdoável se encararmos o carro como um puro sangue esportivo, o que ele não é – até mesmo pelo nome, GT, ou seja, Gran Turismo.
Mas quem diz que o Vectra GT-X não é esportivo não é o nome, e sim o motor. Ah, o motor... É o mesmo 2.0 8v que apareceu no Monza em meados da década de 80 e que vem sendo sucessivamente melhorado desde então. Mas, claro, melhora tem limite. É hoje uma unidade adequada em potência, soberba em torque e inadequada em vibrações e consumo. Como o Vectra GT-X tem um câmbio longo (característica aliás muito positiva dos carros GM com motores 2.0), o resultado é um carro bastante agradável de dirigir calmamente, pois é possível manter o motor em baixas rotações e ainda assim obter bom desempenho graças ao torque abundante, mesmo com o ar-condicionado ligado. No entanto, é um tipo de condução adequada a um sedã familiar (e por isso o vectra é passável), e não a um hatch com a suspensão dura, e esportiva. Ou a GM amolece a suspensão e consegue um carro de cruzeiro, ou muda completamente o powertrain. Num carro esportivo, o motor precisa subir de giro rápido e ter um bom aumento de potência conforme sobem os giros, o que definitivamente não é o forte da unidade. O consumo é bastante elevado, o que o pequeno tanque de 52 litros não ajuda. Na unidade avaliada, o consumo médio marcava 2,2 km/l de álcool, considerando outros motoristas antes de mim.
O câmbio tem uma manopla boa e está bem posicionado, embora o curso seja muito longo, os engates nem sempre precisos e, principalmente, é uma caixa que exige uma certa força do motorista em seu manuesio – não se pode trocar marchas com dois dedos, como é possível nos VW 1.6, por exemplo. O volante tem boa pega graças ao couro, mas é liso, ou seja, não tem os apoios protuberantes para os dedos como o Focus e o Punto, por exemplo. A direção hidráulica é pesada, talvez calibrada para o modelo com rodas 16”. Os pedais são macios, a embreagem tem um curso médio-longo e o freio é borrachudo – demora a fazer efeito mas é bastante eficiente. Mesmo com ajuste, o apoio lombar do banco do motorista é excessivo, o que pode cansar em percursos longos.
O porta-malas é adequado, na média da categoria, enquanto o espaço no banco de trás também satisfaz – destaque para a saída traseira de ar-condicionado, já presente no Vectra sedã.
É um carro ruim? Sinceramente, não. Mas não se decidiu se quer ser um esportivo, como pede a suspensão, ou um carro calmo, como são o motor, o câmbio e as relações indiretas do volante. Dado o amplo pacote de opcionais, seria melhor a GM desistir dessa dureza e confessar a vocação de estradeiro do Vectra GT, ao invés de revesti-lo com um caráter esportivo que ele não tem. Por outro lado, é impossível não imaginar o que esse carro poderia ser com um motor decente, como por exemplo o Ford Duratec. Muito melhor, ainda que pese a suspensão dura e arcaica.
A proposta é inteligente e o mercado existe – gente com dinheiro mas que não gostaria de ter um sedã com cara de carro do pai. O Golf, de certa maneira, ataca o mercado, mas fica devendo diferenciação em relação à versão 1.6. O Vectra GT-X, por ser bem diferente do Astra em termos visuais, poderia atender a esse público caso a proposta fosse realmente diferenciada. Do jeito que está, consigo um Astra com quase os mesmos opcionais e exatamente o mesmo comportamento dinâmico (um pouco menos estável, um pouco mais macio) por 15 mil reais a menos. E não faz sentido ter um Vectra GT-X. Se fosse um pacote realmente inovador, valeria o dinheiro. Como não é, fica a sensação do carro ser um Astra com opcionais, ou mais bonito, o que não justifica a diferença de preço. Como já disse, é o carro com a pior relação custo-benefício do Brasil.
Estilo 9 – Faltou harmonia entre o capô longo, as portas traseiras curtas e a traseira hatch, mas ainda assim agrada, especialmente nos detalhes. Tem o mérito, como a maioria dos desenhos da Opel, de agradar a todos e demorar a envelhecer.
Imagem – A GM projeta uma jovialidade nesse carro que o preço não acompanha. Corre o risco de ser o nosso Porsche Boxster conversível, ou seja, o carro da crise da meia-idade por excelência. No entanto, é bem cotado entre o público masculino e feminino. Parece-me um carro mais para homens, mas não me assustaria de ver uma mulher saindo de um. Para quem entende de carros, quem estiver ao volante de um desses será sempre um panaca.
Acabamento 6 – Pontos altos cercados infelizmente de muitos pontos baixos. A falta de porta-objetos e porta-copos é inadmissível, bem como as alavancas no volante. Ponto positivo para a textura da maioria dos plásticos e o visor do computador de bordo.
Posição de dirigir 8 – Pedais e volante centralizados, mas banco com excesso de apoio lombar. Eu gosto da disposição “pedais longe, volante perto”, que a linha Vectra tem. Volante de boa pega, mas faltam apoios para os dedos.
Instrumentos 9 – Painel sem graça, com os mostradores básicos, mas bem iluminado. A nota alta se deve ao computador de bordo, bem visível e completo em suas funções.
Itens de conveniência 10 – Os opcionais que fica devendo são relativos; o carro é bastante completo logo de série, com destaque novamente para o computador de bordo, o sensor de chuva e os bancos em couro.
Espaço interno 7 – Média da categoria. Uma pessoa de 1,80 senta-se atrás de um motorista de mesma estatura sem problemas. Não é amplo como o primo sedã.
Porta-malas 8 – Também na média. Destaque para o acabamento do lugar, todo em carpete e com a tampa toda protegida por um plástico – carpete seria mais conveniente.
Motor 2 – Me desculpem os fãs, e são muitos, do veterano Família II. Esta aspereza de funcionamento em altas rotações e o consumo são inadmissíveis em pleno século 21. A condução é agradável, o torque é amplo e a unidade é bastante confiável e resistente, mas se esses fossem os fatores mais importantes num carro, o Fusca seria produzido até hoje. É possível conciliar o mesmo torque e confiabilidade numa unidade bem mais moderna.
Desempenho 3 – Fraco. Não que ande mal, mas falta muito para um esportivo. Não tem dificuldades em acompanhar o trânsito, mas não entrega aquela reserva de potência numa estrada.
Câmbio 6 – Manopla boa, relações longas de marcha, mas uma certa imprecisão e curso muito longo. Talvez neste tipo de carro o ideal fossem 6 marchas, 5 curtas e uma sexta longa para viagens, mas para isto o motor precisaria ser uma unidade moderna e giradora.
Freios 9 – Disco nas 4 rodas, com ABS, difícil pedir melhor. Não leva 10 pelo pedal borrachudo e que anestesia o uso.
Suspensão 2 – Carro estável endurecendo molas todo mundo faz. O talento está em fazer um carro macio na estrada e duro nas curvas – como os grandes europeus já perceberam, permitindo ajustes eletrônicos. Na terra dos carros jeca, o ideal é um acerto que privilegia os dois, algo possível em suspensões modernas (Focus, Civic novo, Fusion) e difícil no eixo de torção.
Estabilidade 10 – O lucro da suspensão dura vem aqui. Aliada com as rodas de 17”, faz o carro parecer andar em trilhos. Dá vontade de entrar em curvas fortes com ele, dada a pouca inclinação da carroceria.
Segurança passiva 6 – Vai na péssima mania das montadoras nacionais de oferecerem apenas o air-bag duplo, e ainda por cima os laterais nem como opcionais. Uma pena.
Custo-benefício 1 – 70 mil reais é o preço que a GM pede no Vectra GT-X. Se você quer esportividade, encontrará muito mais num simples Focus Duratec, que pode ser comprado por até 20 mil reais a menos. Se você procura confiabilidade e conforto, que tal um Honda Civic ou mesmo um Corolla? Se o seu negócio é um carro atualizado com a Europa e cheio de opcionais, com um acabamento brilhante de quebra, vá de Peugeot 307. Se você é GMmaníaco e não admite ter carro de outra marca, vá de Vectra sedã, Expression ou Elegance, que são tão bonitos quanto, tão completos quanto, mais espaçosos, com mais porta-malas, e ainda por cima mais macios sem concederem muito em estabilidade. Para comprar um Vectra GT-X só quem quiser muito ter... um Vectra GT-X. Ou, como disse um leitor asssíduo, o Monza hatch do século 21.
Para verificar se eu estou certo nas minhas críticas, vamos pegar o que de melhor a GM tem a oferecer para o meu paladar; qual o carro mais top da GM com câmbio manual (não só por eu preferir torcar as marchas, mas também porque conhecendo o câmbio automático GM, eu teria mais um motivo pra reclamar). É ele mesmo; estou falando do Vectra GT-X.
Quem acompanha o blog ou a imprensa especializada sabe: o nosso Vectra é na verdade o Astra europeu, só que montado na plataforma da Zafira, que temos aqui desde o século passado. O Vectra sedã tem uma traseira desenhada no Brasil, enquanto o Vectra GT é a cópia do Astra hatch europeu, mas utilizando a plataforma do nosso Astra.
O resultado disso, esteticamente, é um carro bastante atraente. Fica um senão para uma certa desproporcionalidade: o capô é longo demais para o resto do carro, o que tira um pouco da harmonia de um desenho que, fora isso, é brilhante. O carro tem cara de novo, e o seu melhor ângulo, a traseira, é dos mais bonitos à venda no mercado nacional. Dentro do segmento de hatches médios à venda hoje ele é, sem dúvida, o mais bonito junto ao 307.
Já o interior, infelizmente, está aquém da proposta. Primeiro pelo próprio design: o exterior arrojado pede um interior mais ousado, e a cabine do Vectra GT-X é bastante conservadora. Tem o mérito de não cansar após um tempo, mas sem dúvida contrasta com o exterior. A qualidade do acabamento é inconstante. Existem altos: o porta-objetos na porta é acarpetado e o plástico sobre os instrumentos é emborrachado, um detalhe que só o Golf repete na produção nacional. O porta-luvas desce suavemente, os pára-sóis têm iluminação – coisa que o Civic deixa de lado na versão LXS – e as portas fecham com um sonoro “clonc”. Destaque ainda para o revestimento em couro dos bancos e nas portas, de série na versão GT-X. Há algum tempo a GM oferece o melhor revestimento em couro da produção nacional, ao lado da Honda. A textura do banco é excelente, bem como a densidade da espuma. Os mostradores são bons, com iluminação adequada.
Mas existem problemas, ah se não. Os baixos são vários, e o mais gritante é a falta de qualidade geral do console central. Os botões têm acionamento duro e fazem um barulho de plástico rangendo quando apertados. Os plásticos em geral são mal encaixados e dão a impressão que em breve serão fonte de ruídos. Existe ainda a absoluta falta de porta-objetos – celular e carteira, por exemplo, só na porta. Garrafa de água, esquece. Realmente uma falta que se faz notar no dia-a-dia. Outro problema gravíssimo são as alavancas de acionamento das setas e dos limpadores de pára-brisa, de um plástico áspero e que rangem ao serem utilizadas. Além disso, estão sobrecarregadas de comandos, o que torna fácil confundir o piloto automático com o computador de bordo, por exemplo.
O que mostram aliás, como o carro é bastante completo. Na versão GT-X, convivem ar digital, trio elétrico, direção hidráulica, freios ABS com discos nas 4 rodas, som com mp3 e controle no volante, piloto automático e computador de bordo, sensor de chuva, air bag duplo, rodas aro 17”, banco traseiro bipartido 1/3 e 2/3, faróis de neblina dianteiros e traseiro, bancos e volante em couro, ajuste de apoio lombar para o motorista, lâmpadas azuis, navegador separado e retrovisores com rebatimento elétrico ao deixar o carro. Um pacote realmente completo, mas que ainda deixa a desejar: ar com ajuste diferenciado para motorista e passageiro, sensor de luminosidade, sensor de estacionamento (pode ser instalado em concessionária, um crime), teto solar, air bag lateral, chave canivete – a chave do GT-X é aquele monstrengo a que os donos de Astra, Vectra e Zafora estão acostumados: uma chave gorda com a parte metálica não-retrátil. Só não é pior que a chave com telecomando separado como as de Honda e Toyota.
A primeira coisa que surge ao rodarmos com o carro é a dureza da suspensão. O conjunto do Vectra, que já é duro, foi endurecido ainda mais. Com rodas 17”, é um convite para dor nas costas. Todos os solavancos das ruas são transmitidos sem dó para a cabine, o que coloca ainda mais em dúvida a resistência dos plásticos à trepidação. E, como acontece em suspensões de concepção antiga (eixo de torção na traseira), o Vectra GT-X não consegue ser suave nos pisos planos, mantendo a dureza sempre. O aspecto é perdoável se encararmos o carro como um puro sangue esportivo, o que ele não é – até mesmo pelo nome, GT, ou seja, Gran Turismo.
Mas quem diz que o Vectra GT-X não é esportivo não é o nome, e sim o motor. Ah, o motor... É o mesmo 2.0 8v que apareceu no Monza em meados da década de 80 e que vem sendo sucessivamente melhorado desde então. Mas, claro, melhora tem limite. É hoje uma unidade adequada em potência, soberba em torque e inadequada em vibrações e consumo. Como o Vectra GT-X tem um câmbio longo (característica aliás muito positiva dos carros GM com motores 2.0), o resultado é um carro bastante agradável de dirigir calmamente, pois é possível manter o motor em baixas rotações e ainda assim obter bom desempenho graças ao torque abundante, mesmo com o ar-condicionado ligado. No entanto, é um tipo de condução adequada a um sedã familiar (e por isso o vectra é passável), e não a um hatch com a suspensão dura, e esportiva. Ou a GM amolece a suspensão e consegue um carro de cruzeiro, ou muda completamente o powertrain. Num carro esportivo, o motor precisa subir de giro rápido e ter um bom aumento de potência conforme sobem os giros, o que definitivamente não é o forte da unidade. O consumo é bastante elevado, o que o pequeno tanque de 52 litros não ajuda. Na unidade avaliada, o consumo médio marcava 2,2 km/l de álcool, considerando outros motoristas antes de mim.
O câmbio tem uma manopla boa e está bem posicionado, embora o curso seja muito longo, os engates nem sempre precisos e, principalmente, é uma caixa que exige uma certa força do motorista em seu manuesio – não se pode trocar marchas com dois dedos, como é possível nos VW 1.6, por exemplo. O volante tem boa pega graças ao couro, mas é liso, ou seja, não tem os apoios protuberantes para os dedos como o Focus e o Punto, por exemplo. A direção hidráulica é pesada, talvez calibrada para o modelo com rodas 16”. Os pedais são macios, a embreagem tem um curso médio-longo e o freio é borrachudo – demora a fazer efeito mas é bastante eficiente. Mesmo com ajuste, o apoio lombar do banco do motorista é excessivo, o que pode cansar em percursos longos.
O porta-malas é adequado, na média da categoria, enquanto o espaço no banco de trás também satisfaz – destaque para a saída traseira de ar-condicionado, já presente no Vectra sedã.
É um carro ruim? Sinceramente, não. Mas não se decidiu se quer ser um esportivo, como pede a suspensão, ou um carro calmo, como são o motor, o câmbio e as relações indiretas do volante. Dado o amplo pacote de opcionais, seria melhor a GM desistir dessa dureza e confessar a vocação de estradeiro do Vectra GT, ao invés de revesti-lo com um caráter esportivo que ele não tem. Por outro lado, é impossível não imaginar o que esse carro poderia ser com um motor decente, como por exemplo o Ford Duratec. Muito melhor, ainda que pese a suspensão dura e arcaica.
A proposta é inteligente e o mercado existe – gente com dinheiro mas que não gostaria de ter um sedã com cara de carro do pai. O Golf, de certa maneira, ataca o mercado, mas fica devendo diferenciação em relação à versão 1.6. O Vectra GT-X, por ser bem diferente do Astra em termos visuais, poderia atender a esse público caso a proposta fosse realmente diferenciada. Do jeito que está, consigo um Astra com quase os mesmos opcionais e exatamente o mesmo comportamento dinâmico (um pouco menos estável, um pouco mais macio) por 15 mil reais a menos. E não faz sentido ter um Vectra GT-X. Se fosse um pacote realmente inovador, valeria o dinheiro. Como não é, fica a sensação do carro ser um Astra com opcionais, ou mais bonito, o que não justifica a diferença de preço. Como já disse, é o carro com a pior relação custo-benefício do Brasil.
Estilo 9 – Faltou harmonia entre o capô longo, as portas traseiras curtas e a traseira hatch, mas ainda assim agrada, especialmente nos detalhes. Tem o mérito, como a maioria dos desenhos da Opel, de agradar a todos e demorar a envelhecer.
Imagem – A GM projeta uma jovialidade nesse carro que o preço não acompanha. Corre o risco de ser o nosso Porsche Boxster conversível, ou seja, o carro da crise da meia-idade por excelência. No entanto, é bem cotado entre o público masculino e feminino. Parece-me um carro mais para homens, mas não me assustaria de ver uma mulher saindo de um. Para quem entende de carros, quem estiver ao volante de um desses será sempre um panaca.
Acabamento 6 – Pontos altos cercados infelizmente de muitos pontos baixos. A falta de porta-objetos e porta-copos é inadmissível, bem como as alavancas no volante. Ponto positivo para a textura da maioria dos plásticos e o visor do computador de bordo.
Posição de dirigir 8 – Pedais e volante centralizados, mas banco com excesso de apoio lombar. Eu gosto da disposição “pedais longe, volante perto”, que a linha Vectra tem. Volante de boa pega, mas faltam apoios para os dedos.
Instrumentos 9 – Painel sem graça, com os mostradores básicos, mas bem iluminado. A nota alta se deve ao computador de bordo, bem visível e completo em suas funções.
Itens de conveniência 10 – Os opcionais que fica devendo são relativos; o carro é bastante completo logo de série, com destaque novamente para o computador de bordo, o sensor de chuva e os bancos em couro.
Espaço interno 7 – Média da categoria. Uma pessoa de 1,80 senta-se atrás de um motorista de mesma estatura sem problemas. Não é amplo como o primo sedã.
Porta-malas 8 – Também na média. Destaque para o acabamento do lugar, todo em carpete e com a tampa toda protegida por um plástico – carpete seria mais conveniente.
Motor 2 – Me desculpem os fãs, e são muitos, do veterano Família II. Esta aspereza de funcionamento em altas rotações e o consumo são inadmissíveis em pleno século 21. A condução é agradável, o torque é amplo e a unidade é bastante confiável e resistente, mas se esses fossem os fatores mais importantes num carro, o Fusca seria produzido até hoje. É possível conciliar o mesmo torque e confiabilidade numa unidade bem mais moderna.
Desempenho 3 – Fraco. Não que ande mal, mas falta muito para um esportivo. Não tem dificuldades em acompanhar o trânsito, mas não entrega aquela reserva de potência numa estrada.
Câmbio 6 – Manopla boa, relações longas de marcha, mas uma certa imprecisão e curso muito longo. Talvez neste tipo de carro o ideal fossem 6 marchas, 5 curtas e uma sexta longa para viagens, mas para isto o motor precisaria ser uma unidade moderna e giradora.
Freios 9 – Disco nas 4 rodas, com ABS, difícil pedir melhor. Não leva 10 pelo pedal borrachudo e que anestesia o uso.
Suspensão 2 – Carro estável endurecendo molas todo mundo faz. O talento está em fazer um carro macio na estrada e duro nas curvas – como os grandes europeus já perceberam, permitindo ajustes eletrônicos. Na terra dos carros jeca, o ideal é um acerto que privilegia os dois, algo possível em suspensões modernas (Focus, Civic novo, Fusion) e difícil no eixo de torção.
Estabilidade 10 – O lucro da suspensão dura vem aqui. Aliada com as rodas de 17”, faz o carro parecer andar em trilhos. Dá vontade de entrar em curvas fortes com ele, dada a pouca inclinação da carroceria.
Segurança passiva 6 – Vai na péssima mania das montadoras nacionais de oferecerem apenas o air-bag duplo, e ainda por cima os laterais nem como opcionais. Uma pena.
Custo-benefício 1 – 70 mil reais é o preço que a GM pede no Vectra GT-X. Se você quer esportividade, encontrará muito mais num simples Focus Duratec, que pode ser comprado por até 20 mil reais a menos. Se você procura confiabilidade e conforto, que tal um Honda Civic ou mesmo um Corolla? Se o seu negócio é um carro atualizado com a Europa e cheio de opcionais, com um acabamento brilhante de quebra, vá de Peugeot 307. Se você é GMmaníaco e não admite ter carro de outra marca, vá de Vectra sedã, Expression ou Elegance, que são tão bonitos quanto, tão completos quanto, mais espaçosos, com mais porta-malas, e ainda por cima mais macios sem concederem muito em estabilidade. Para comprar um Vectra GT-X só quem quiser muito ter... um Vectra GT-X. Ou, como disse um leitor asssíduo, o Monza hatch do século 21.
Comentários
Carrão nada. Sou muito mais um Vectra ou um Focus antigos do que um Vectra GT-X novo. Pelo menos sei que os donos desses carros não estão com problemas na coluna de tanto que o carro pula... ;-)
Você é um GManíaco e deveria procurar um psiquiatra!
Falta de dinheiro faz mesmo mal à saúde.
Deram um tapa no motor, de novo. Ainda não é esportivo. O acabamento melhorou, o GPS foi para o espaço (que bom), a suspensão é perfeita para o meu gosto e o preço está ótimo.
Ficou muito bom, motor velho mas confiável.
O Vectra tanto sedan como GT/GTX é um carro honesto e agrada no dia a dia, tem seus defeitos como todo e qualquer carro, mas nada que o desabone, basta comprar um bem conservado, com manutencoes em dia, e principalmente sem rodar 17" e pneus de perfil fino que vc vai rodar com suavidade tanto na cidade como na estrada!