O diferencial dos carros antigos


Visitamos, no final de janeiro, a exposição de carros antigos que aconteceu na Hípica de Santo Amaro, em São Paulo.

E já de cara precisamos dividir antigomobilismo de aproveitadores. Uma coisa é um carro clássico, desejado, restaurado e/ou conservado, ícone da indústria automotiva – especialmente brasileira. Existem ainda carros mais recentes mas que se tornarão em breve objetos de desejo: Escorts e Kadetts conversíveis, Gol e Parati GTI. E outra coisa é gente querendo convencer os outros que Santanas e Quantums do final da década de 90 já são “clássicos” e comandam preços de R$ 30 mil. Desculpem, mas isso é cara-de-pau da grossa, chega a ser ridículo.

Gostamos de ver o antigomobilismo em geral se fortalecendo no Brasil. É algo que há bem pouco tempo atrás simplesmente não existia. Carros antigos não eram antigos, eram velhos, e não valiam nada. Mesmo exemplares em ótimo estado de conservação tinham baixíssimo valor de revenda. Assim como acontece na Bolsa de Valores, quem entendeu o movimento antigomobilista antes dele virar moda se deu muito bem. Landaus e Dodges da década de 70 podiam ser comprados a preços como 5 mil reais e hoje chegam a valer 100 mil no segundo caso. Sim: um Dodge Charger R/T 1977 é vendido pelo mesmo preço de um Focus Titanium zero km. E a vantagem é que nenhum investimento rende tanto dinheiro e em tão pouco tempo como esses carros antigos.

Do pouco que entendemos e vimos, Dodges e Mavericks são os mais caros pois são os mais cobiçados. Faz sentido: são os autênticos e únicos “muscle cars” brasileiros, e seus motores V8 continuam emitindo aquele ronco maravilhoso e único. Algo mais baratos são os Landaus – aparentemente pois existem em maior número e menor procura – e os Opalas. Os mais valorizados são os cupês seis cilindros da década de 70, sendo que os da década de 80 são raros.

Muita gente torce o nariz para os preços praticados por carros em bom estado de conservação. Dos modelos à venda, dois chamaram nossa atenção no evento: um Opala cupê vinho da primeira metade da década de 70, oferecido por pouco menos de R$ 50 mil – e não custava mais caro pois era automático e quatro cilindros – e um Dodge Charger R/T marrom, absolutamente impecável, por R$ 95 mil. São valores elevados e que permitem comprar bons carros zero quilômetro.

Mas a isto vamos contrapor um pensamento trazido por um amigo do blog em visita a Miami. “Em cerca de duas horas almoçando num restaurante com vista para South Beach, vi três Ferraris 458, um Lamborghini Gallardo, alguns Aston Martins e Bentleys de perder a conta. Mas o mais bonito de todos foi um Ford Mustang 1965 conversível que parecia ter acabado de sair da loja”.


Isso tem preço?

Comentários

Marcelo Schwan disse…
Muito bom.

Gosto muito de carros antigos e vivo fuçando classificados na busca de alguns modelos. Sempre procuro Passat GTS Pointer, que era meu favorito na época. Mas estão supervalorizando carros que, como você bem disse, se tornarão clássicos, mas ainda não o são.

Tenho três antigos na garagem, sendo um ainda recente, mas que vai virar clássico um dia - Omega 4.1 CD 96.

Os outros dois já são clássicos, mas mesmo sendo dono deles, acho que estão exagerando no preço. Tenho um Maverick V8 74 totalmente reformado e bem preparado e um Opala SS6 78, esse ainda para ser restaurado.

Principalmente Maverick e Dodge, por conta do preço dos carros, estão enfiando a mão nas peças também. Está ficando complicado manter esses carros hoje em dia. Peças de acabamento então são vendidas a preço de ouro.

abraço,
Marcelo Schwan

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