Muito saquê, talvez?
Não apareceu nas colunas sociais a festança que a Toyota deu para seu departamento de marketing, especialmente para os profissionais que decidem o preço dos carros. Empanturrados com caviar, champagne, uísque e todos os produtos mais abusivamente caros do mundo, eles definiram os preços da linha 2011 do Corolla.
O que escrevi acima é um esforço da minha imaginação para tentar achar alguma razão por trás desse abuso. O Corolla XLi, aquele ridículo que vem com calotas e ar manual, R$ 61.890. SESSENTA E DOIS MIL REAIS. Automático, sai por R$ 65.920. Isso mesmo, SESSENTA E SEIS MIL REAIS. A versão GLi, que o M4R já havia cantado a bola que substituiria a XEi, menos equipamento pelo mesmo preço, fez exatamente isso: o manual sai por R$ 65.660, e o automático por R$ 69.670. Assim, a primeira versão do Corolla que realmente pode ser chamada de “automóvel digno” custa 70 mil reais.
As versões de topo ganharam um inédito motor 2.0, que rende 153 cv no álcool e 142 cv com gasolina. Os números indicam um bom acerto com o combustível vegetal, aproveitando a variação de tempo de abertura das válvulas de admissão e exaustão, tecnologia bem moderna. É um motor com responsabilidade, que precisa seguir o exemplo de elasticidade, suavidade e baixo consumo do 1.8.
Quem se interessou, saiba que vai pagar cada real do investimento da Toyota. A versão XEi passa a vir com esse motor, custando R$ 75.830, sem opção manual. E a topo de linha trocou de nome, de SE-G por Altis, e custa a bagatela de R$ 89.160. Dez mil a mais você leva pra casa um Fusion V6, que coloca qualquer Corolla no porta-óculos. E temos ainda o Jetta, com um motor 2.5 de 170 cv que engole o 2.0 da Toyota sendo vendido pelo mesmo preço que a versão XEi, e nem me façam falar do Azera V6 e seus 250 cv.
Eu gosto do Corolla atual. Acho bonito, bem acabado, gostoso de dirigir, um câmbio automático esperto, econômico no combustível. O carro em si é bom. Os preços, se considerarmos a costumeira desvalorização dos usados vendidos na troca, são abusivos. No entanto, se estes preços justificam que as concessionárias Toyota passam a pagar um valor justo pelos usados, a coisa não fica tão ruim. No final, o que importa é a diferença de um para o outro.
Agora, se seu usado for ridicularizado na troca por um Corolla novo, cuspa na cara do vendedor e vá para outro lugar.
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