O filho pródigo e o filho bastardo
Não se passa uma semana sem que a VW anuncie alguma novidade na linha Polo. Temos hoje o Polo Bluemotion; o Polo E-flex; o Polo GT e a motorização 2.0 de volta ao compacto; a linha 2010 com piscas nos retrovisores; há um ano tivemos a linha 2009 com o novo motor VHT e mais um alongamento do câmbio; e agora o câmbio automatizado I-Motion. Tudo isso num modelo que acaba de ser descontinuado na Europa, e portanto até ontem ainda era equivalente ao vendido lá.
O Polo já foi o patinho feio da VW. Sofreu pesadas baixas da equipe de depenação, as mais notáveis – e ainda não recuperadas – sendo a substituição da direção eletroidráulica por uma hidráulica convencional, as molas a gás de sustentação do capô trocadas por uma vareta e as luzes de cortesia nas portas substituídas por um mero refletor. Foram tentativas de baixar o preço de um carro que sempre, desde o lançamento, foi bem caro, muitas vezes custando o mesmo que um médio.
E, por algum motivo, desde 2004 o Polo é talvez o carro que mais merece atenção da engenharia da VW. Neste ano ele virou flex, teve o câmbio alongado a patamares aceitáveis, e as versões de topo ganharam tecidos adequados nos bancos. Depois, vieram todas as mudanças do início do texto, bem como a opção de teto solar elétrico e a ampliação do diminuto tanque de 45 litros para ligeiramente menos diminutos 50 litros. É uma postura bem diferente da VW soberba a que estamos acostumados, “nossos carros são ótimos e é você consumidor que tem problemas”.
Isso permite que o Polo, hoje, possa competir de igual para igual com um projeto bem mais recente e igualmente europeu, como o Punto, por estar atualizado mecanicamente e, até bem pouco tempo, em design.
O que é uma situação bem diferente do filho bastardo, o Bora.
Assim como o Polo, o Bora sempre foi caro, nesse caso muito caro. Em 2001, pelo preço de um Bora manual minimamente equipado, podia-se levar para casa os mais potentes Focus sedã e Marea ELX. E vale lembrar que o Bora é um sedã médio, porém apertado – sua distância entre-eixos de 2,51 m é igual à do Punto, hoje.
Esse alto preço e o pouco interesse da VW em vender um carro importado do México (porém charmoso) combinaram para o ostracismo do veículo por estas bandas até a chegada do Bora reestilizado, em 2007. O trabalho, feito na China com base no Passat antigo, tirou todo o charme do carro e deixou-o um sedã comum. Mas isso está longe de ser o pior: o que aconteceu no interior foi digno do ataque das hordas do Gêngis Khan.
O tecido dos bancos, aveludado antes, hoje é de um tecido áspero semelhante ao do Gol. As maçanetas de retorno suave agora fazem um sonoro “clonk” ao soltá-las. O excepcional porta-copos escamoteável no painel virou um monte de buracos no console central e, para isso, o freio de mão foi ligeiramente deslocado e ficou torto, raspando no banco. O revestimento em tecido das colunas virou plástico. Da iluminação de cortesia nas portas, nem sombra. O retrovisor externo esquerdo biconvexo virou plano e as lentes de ambos, antes azuladas para reduzir ofuscamento, agora são claras; e o mini pára-sol acima do retrovisor externo foi-se.
Nem tudo são mágoas, claro; hoje o carro é flex e conta com o melhor câmbio automático da categoria.
Isso se reflete claramente no posicionamento de ambos os carros no mercado. Enquanto o Polo mantém-se vivo como uma opção válida no segmento de compactos premium, enfrentando bem a concorrência de Punto, C3, Sandero e 207, o Bora, lançado no Brasil apenas um ano antes do que o Polo, é um carro lembrado somente pelo custo-benefício, destino triste dos automóveis que já fazem hora extra.
O Polo já foi o patinho feio da VW. Sofreu pesadas baixas da equipe de depenação, as mais notáveis – e ainda não recuperadas – sendo a substituição da direção eletroidráulica por uma hidráulica convencional, as molas a gás de sustentação do capô trocadas por uma vareta e as luzes de cortesia nas portas substituídas por um mero refletor. Foram tentativas de baixar o preço de um carro que sempre, desde o lançamento, foi bem caro, muitas vezes custando o mesmo que um médio.
E, por algum motivo, desde 2004 o Polo é talvez o carro que mais merece atenção da engenharia da VW. Neste ano ele virou flex, teve o câmbio alongado a patamares aceitáveis, e as versões de topo ganharam tecidos adequados nos bancos. Depois, vieram todas as mudanças do início do texto, bem como a opção de teto solar elétrico e a ampliação do diminuto tanque de 45 litros para ligeiramente menos diminutos 50 litros. É uma postura bem diferente da VW soberba a que estamos acostumados, “nossos carros são ótimos e é você consumidor que tem problemas”.
Isso permite que o Polo, hoje, possa competir de igual para igual com um projeto bem mais recente e igualmente europeu, como o Punto, por estar atualizado mecanicamente e, até bem pouco tempo, em design.
O que é uma situação bem diferente do filho bastardo, o Bora.
Assim como o Polo, o Bora sempre foi caro, nesse caso muito caro. Em 2001, pelo preço de um Bora manual minimamente equipado, podia-se levar para casa os mais potentes Focus sedã e Marea ELX. E vale lembrar que o Bora é um sedã médio, porém apertado – sua distância entre-eixos de 2,51 m é igual à do Punto, hoje.
Esse alto preço e o pouco interesse da VW em vender um carro importado do México (porém charmoso) combinaram para o ostracismo do veículo por estas bandas até a chegada do Bora reestilizado, em 2007. O trabalho, feito na China com base no Passat antigo, tirou todo o charme do carro e deixou-o um sedã comum. Mas isso está longe de ser o pior: o que aconteceu no interior foi digno do ataque das hordas do Gêngis Khan.
O tecido dos bancos, aveludado antes, hoje é de um tecido áspero semelhante ao do Gol. As maçanetas de retorno suave agora fazem um sonoro “clonk” ao soltá-las. O excepcional porta-copos escamoteável no painel virou um monte de buracos no console central e, para isso, o freio de mão foi ligeiramente deslocado e ficou torto, raspando no banco. O revestimento em tecido das colunas virou plástico. Da iluminação de cortesia nas portas, nem sombra. O retrovisor externo esquerdo biconvexo virou plano e as lentes de ambos, antes azuladas para reduzir ofuscamento, agora são claras; e o mini pára-sol acima do retrovisor externo foi-se.
Nem tudo são mágoas, claro; hoje o carro é flex e conta com o melhor câmbio automático da categoria.
Isso se reflete claramente no posicionamento de ambos os carros no mercado. Enquanto o Polo mantém-se vivo como uma opção válida no segmento de compactos premium, enfrentando bem a concorrência de Punto, C3, Sandero e 207, o Bora, lançado no Brasil apenas um ano antes do que o Polo, é um carro lembrado somente pelo custo-benefício, destino triste dos automóveis que já fazem hora extra.
Comentários
Estou curioso para saber sua opinião sobre o Honda City. Todos falam ser caro. Será se depois do lançamento, lá para meados de 2010, a Honda vai baixar o preço do carro. Não pretendo adquirir, mas estou realmente curioso se a montadora vai entra na vala comum de cobrar alto no lançamento e depois desvalorizar o produto.