Gasolina cara?

Esses dias rolou um protesto em São Paulo, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte contra os altos impostos embutidos no preço da gasolina. Em SP, o combustível era vendido a R$ 1,462 o litro, que seria seu preço sem os tributos cobrados pelo governo. A fila foi enorme, mas como dono de posto não é exatamente um filantropo, apenas 400 pessoas puderam abastecer seus veículos com no máximo 25 litros do produto em preço promocional.

 

Num primeiro momento, pensei em aplaudir a ideia de pé. Os impostos que pagamos neste país são um absurdo, e nosso dinheiro serve para construir castelos de deputados no interior de Minas. Mas, no fundo, a gasolina é como o cigarro: quanto mais impostos, melhor.

 

Vários motivos. O primeiro, e mais óbvio, é que a gasolina é um recurso não-renovável, do qual deveríamos depender cada vez menos. Um preço alto força uma redução no uso desse recurso, algo que nosso planeta precisa – e muito. Em segundo lugar, a gasolina cara força o desenvolvimento de tecnologias alternativas, e sabemos que a disseminação dos híbridos e dos carros movidos a hidrogênio tem esbarrado fortemente no fator custo – a gasolina ainda é muito barata, mesmo lá fora.

 

No Brasil, temos a enorme vantagem de contar com a disseminação do álcool, alternativa completamente viável à gasolina e que inclusive tem diversas vantagens sobre um carro a gasolina com propulsão híbrida. O ideal é que o álcool fosse vantajoso em todas as épocas do ano, em todas as regiões do Brasil, para que acabássemos de vez com o uso de gasolina.

 

A gasolina cara ainda desestimula a preguiça de montadoras em adotar motores flexíveis em seus veículos (é você mesma, dona Ford), desestimula a compra de mamutes beberrões ou ao menos seu uso constante, melhora a qualidade do ar e, por fim, contribui para a retirada das ruas de centenas de veículos sem a menor condição de rodagem.

E tudo o que disse aqui também vale para o diesel, que se não deveria ter seu valor dobrado, deveria ser encarecido juntamente com a oferta de um diesel menos poluente e um programa de renovação da frota de caminhões, pois estes monstros dos anos 60 cuspindo fumaça diretamente em nossos pulmões eu não aceito mais. E aqui tem muito da incompetência da Petrobras, que fica pagando de empresa limpa, mas na hora de levar diesel mais limpo aos postos, alega isso, e aquilo, e aquilo outro e segue vendendo o diesel sujão.

Comentários

André disse…
A ideia, como conceito, é interessante. O governo mete a mão indiretamente nos nossos bolsos (via ICMS, PIS, Cofins, IPI, ISS, CIDE - essa última sobre combustíveis unicamente). Digo indiretamente porque, com exceção do ICMS, que é explicitado no cupom fiscal, os outros não são vistos por nós, consumidores, mas estamos pagando por eles.

Pensando nisso, o conceito por trás do protesto é interessantíssimo.

Mas deveria ser igualmente extendido para o combustível vegetal e talvez até pro diesel, se a ideia é mesmo essa, ou seja, mostrar a carga tributária que o governo nos cobra, sem que sequer vejamos.

Certamente aí vem a "sacada" do dono de posto... A margem com venda de gasolina, muito provavelmente, é mais alta do que com a venda do álcool ou diesel. Por isso, por que não reclamar com o governo onde possamos ter mais retorno (margem)?

A propósito, tem muita gente sem noção mesmo. Faz aí a conta da economia: 2,39 reais por litro menos 1,462 vezes 25 litros. Dá 23 mangos... Tinha carinha perdendo mega tempo na fila pra economizar 23 contos. Ok, vc passa na frente e vê a promoção, sem fila, ou com fila pequena, para e coloca os fantásticos 25 litros. Mas ficar numa fila do capeta por 23 contos... Povo sem noção mesmo...
André disse…
Desta vez, sou obrigado a discordar. Acredito ser louvável a preocupação com o meio-ambiente manifestada no artigo, porém devemos ter cuidado quando falamos sobre preservação ambiental. É lógico que o desenvolvimento de tecnologias alternativas deve ser buscado, porém sem perder de vista a viabilidade econômica. Quem defende o aumento dos impostos sobre os combustíveis como uma forma de inibir o seu uso, não deveria andar de carro! Seguindo a mesma lógica, defendo o aumento dos impostos sobre o cigarro (que só faz mal) e não fumo!
Energia é necessidade básica, e energia barata é fundamental para o desenvolvimento econômico.
Anônimo disse…
Também discordo, em parte: nos EUA a gasolina sempre foi barata (mesmo com barril de petroleo lá em cima, a dona petrobras sempre ganhou deles em preços ao consumidor.) Como explicar o fato de que lá é que se pode comprar um carro híbrido (e não aqui, onde o nosso gasohol -afinal tem 25% de alcool-custa muito ?????
Bisinski disse…
Anônimo, a consciencia ambiental nos Estados Unidos é muito mais evoluída do que a brasileira, isso é derivado do fato que a educação deles é muito melhor do que a nossa. Isso reflete na população diretamente, nos seus lideres eleitos, e na lei que é passada. Suas consciencias de cidadania são mais evoluídas e eles cobram. Eles cobram não só na política mas na economia (vide um setor automobilistico mais diversificado que o nosso). O brasileiro infelizmente não tem o hábito de reivindicar o seus direitos.

Segundo, americano tem mais renda para pagar em um carro que tenha manutenção mais complicada e preço de tabela mais alto. Estes preços ate superam o preço de um dos dieseis mais eficientes de lá (Jetta).

Terceiro, nos EUA existe competição na extração e distribuição do Petroleo, coisa que no Brasil é monopólio.

Quarto, o nosso governo é ineficiente e desinformado.

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