Rumos para a GM do Brasil
Hoje cedo teve coletiva da GM do Brasil para na anunciar que tudo está bem com a filial brasileira e que a concordata pedida pela matriz nos EUA não afetará as operações na América Latina. Duas considerações:
- A Opel foi vendida para um consórcio formado por duas empresas russas e uma canadense. Não sei se a GM continua com participação no negócio. A Vauxhall, que opera de forma independente, mas na verdade apenas renomeia os Opel para serem vendidos no Reino Unido, ainda não teve sua situação divulgada, mas é muito difícil que ela sobreviva sem a parceira alemã.
A GM do Brasil comercializa quase que exclusivamente projetos da Opel. Celta, Classic e Prisma usam a base do Opel Corsa de 1993 – aquele com cara de ovo que revolucionou o mercado de compactos em 94 -, enquanto Corsa, Corsa Sedan, Montana e Meriva se valem da geração seguinte do Opel Corsa, lançada na Alemanha em 2000 e aqui em 2002. Já a linha Astra (hatch e sedan), Zafira e Vectra compartilha a plataforma do Opel Astra de 1997. S10 e Blazer surgiram nos EUA, o Omega é australiano e a Captiva, um projeto sul-coreano produzido no México.
O prognóstico para a GMB é péssimo se ela de repente não tiver mais acesso à fonte criativa alemã. Não sei se a mesma engenharia capaz de cometer uma coisa como o Vectra conseguiria competir de igual para igual com os novos projetos dos concorrentes. A GM americana ainda engatinha no segmento compacto – seu menor carro realmente competitivo, o Cobalt, é do porte do nosso Vectra – e os projetos coreanos não são melhores do que a engenharia brasileira; em breve teremos o Chevy Viva para provar do que estou falando. O Aveo, que já circula em alguns países latinos e tem origem coreana, não é melhor em termos mecânicos do que o nosso Corsa.
É chave, para os planos futuros da GMB, manter uma forte parceria com a Opel. Ou fadar-se a vender carros de segunda classe.
- O presidente da GMB e Mercosul, Jaime Ardila, avisa que a GMB não precisa de ajuda da matriz desde 2005. Ou seja, é uma unidade que se paga e ainda por cima remete lucros à matriz (o que aconteceu pelo menos em 2008). O que levou a isso?
Simples explicar. Em 2002 recebemos o Celta, sucesso de vendas numa plataforma amortizada, de baixíssimo custo. O Corsa, que era atual em 2002, fica sem atualizações. O Astra passou por um face lift que o deixou mais feio, e só. O Vectra ao menos entrou no final de vida e foi substituído por um novo Vectra – pior. A remessa de lucros da GMB veio às custas do consumidor brasileiro, que seguiu comprando carros cada vez mais defasados.
Comentários
Filhote de cruz-credo:
http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EMI75627-10183,00-VETERANO+CLASSIC+MUDA+DE+CARA+EM.html
Mamãe olhe pra mim, minha margem de lucro vai ser sensacional e meu motor, velho:
http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EMI75412-10142,00-VIVA+O+NOVO+HATCH+DA+GM.html
Quero mais que exploda.
E viva os engenheiros do motor do monza, que se ganhassem royalties, já estavam mais ricos que o diabo!
Elas não precisam de financiamento para projetos novos (pq não criam projetos novos) e não dividem lucros com pequenos investidores brasileiros porque diminuiria a remessa de lucros ao exterior.
Se precisarem de empréstimos recorrem ao governo com juros abaixo do mercado.
O Brazil é um paraíso...
...e concordando com tudo o que o Dubstyle escreveu, pode-se dizer que com certeza os "anos dourados" dos projetos Opel "tropicalizados" já eram (ou melhor, como eles dizem: It's history !!!!!).