Ford Fusion SEL 2.3 16v
Pedi para um amigo fazer a resenha de um carro que eu não dirigi ainda e nem consegui agendar teste. Temos uma opinião parecida, mas não igual, sobre carros. De qualquer modo, achei bastante válidos os comentários dele. Concordo com a maioria, não com tudo, mas é uma boa idéia colocar o teste do carro aqui, agora que o preço dele ficou ainda mais competitivo.
Preço por quilo: Ford Fusion
Comprar um carro é um pouco como escolher um vinho. Existem aqueles que preferem pagar pouco e beber muito. Compradores de Sangue de Boi e Sandero entendem o que eu digo. Outros optam pelo famoso “Custo x Benefício”, indo de chilenos em geral e VW Polo. Donos de Civic Si são como escolher aquela safra rara. Tem de gostar muito para gastar e apreciar. Mas entre essas inúmeras comparações existe um grupo, que reúne o custo x benefício com um algo a mais. Nos vinhos, com paciência se encontram bons Bordeux por um preço razoável. Já nos carros apenas um se destaca: Ford Fusion. Chamar um carro de mais de R$ 70 mil de custo x benefício bom pode parecer loucura, mas vale a pena experimentar.
Apesar de ser considerado da categoria de Civic e Corolla, o Fusion é maior em qualquer dimensão que esse dois. Porta-malas com mais de 500 litros e entre-eixos que suporta um adulto de pernas cruzadas no banco de trás impressionam. Primeiro ponto positivo. Mas como espaço interno não é sinônimo de bom carro – VW Fox – outros detalhes chamam atenção.
O acabamento impressiona, com materiais e tecidos ótimos que demonstram a origem superior dele. E equipado com seis air-bags, ABS, ajuste elétrico do banco do motorista, som para seis CDs com mp3, ar digital e sensor de estacionamento ele é mais completo que os concorrentes somados.
A solidez da construção é visível. Um teste muito interessante é o teste do pára-sol (que é realizado em quase todas as avaliações técnicas dentro das montadoras). Donos de Meriva e Corsa, cuidado... Isso pode decepcionar vocês.
Segure o pára-sol aberto pela ponta e o faça um movimento da posição fechada até a posição aberta (encostado no vidro). No Fusion pode-se repetir essa operação ad infinitum sem ouvir nenhum ruído. Já no Corsa...
O conjunto de suspensão e pneus é muito bom (estrutura multilink atrás e rodas 17 com largos 225/50) e permite abusos consideráveis para os 1505 kg do carro.
Muito bem acertado é também o conjunto de motor e câmbio. Apesar de não ser nenhum canhão, os 162 cv do 2.3 l Duratec mostram a que vieram, chegando a cantar pneus nas saídas mais voluntariosas. Poderia haver opção de trocas manuais, embora isto fosse apenas mais um detalhe, nada essencial.
Estilo 8 - Classe é a palavra que vem a cabeça quando se pensa no Fusion. A cintura alta, com janelas menores que a média dão uma aparência de robustez e força. O excesso de cromados, nas versões de cor escura ajuda a dar a impressão de um carro de alto nível. Unico senão para as lanternas traseiras, que têm aros cromados na sua volta e acabam tirando a harmonia do conjunto traseiro. Carro bonito e sóbrio, que agrada à maioria.
Imagem - Preferencialmente masculino, é alvo do público executivo em geral, que não se importa de chamar atenção e que adora ter o carro estacionado na frente dos restaurantes.
Acabamento 8 - A evolução no Fusion é visível em relação a outros Fords. Gaps de carroceria (espaçamento entre chapas) são sempre constantes, algo que só era visto nos japoneses. É possível se notar isso de uma forma simples: encaixe o dedinho na fenda entre o capô e a parte de cima dos pára-lamas e corra o dedo em direção à frente do carro. Ele deverá ficar sempre com o mesmo comprimento para dentro do capô. No Fusion isso acontece. O interior é muito bem feito, com ótimos materiais. O couro dos bancos é macio e agradável ao toque, bem como os materiais de portas e painéis. Falta grave apenas no revestimento de tecido das portas, que é parcial.
Posição de dirigir 9 - Mais de 1,8 m de largura, bancos elétricos, volante com regulagem de altura e profundidade. Fica fácil de encontrar boa posição de dirigir. Um ponto importante aqui é a evolução dos bancos da Ford (que normalmente são curtos e com pouco apoio lateral). Sem ser um banco apertado (como em Marea e Audi S3) ele abraça o corpo e permite movimentos laterais suaves.
Instrumentos 6 - Apenas o necessário, com iluminação verde, que facilita a leitura.
Tem dois odômetros parciais, o que é interessante. O computador de bordo é bem completo. Ponto negativo absurdo para a falta do indicador de marchas no painel (independente do câmbio não ter trocas manuais) e o velocímetro marcando até 200 km/h, herança dos EUA onde o carro tem limitador de velocidade a 180 km/h. Coisa de Palio.
Itens de conveniência 9 - Aqui é um show à parte. Ar-digital, disqueteira no painel com capacidade para seis cds e mp3 (dá para ouvir umas 80 horas de músicas antes de precisar trocar os CDs), iluminação para os pés ao se abrir o carro (existe uma luz de cortesia embaixo dos retrovisores externos), porta-trecos e porta-copos mil, apoio de braço dianteiro com porta-treco interno e entrada para iPod (tipo P2) e teto-solar (único opcional) Peca apenas por não ter ar dual-temp e saída de ar no banco de trás.
Espaço interno 8 - Grande, muito grande. Dá para ver que é parente do Landau.
Porta-Malas 8 - Mais de 500 litros graças ao estepe de perfil fino (como é padrão nos Estados Unidos). Bom acesso, com dobradiças pantográficas.
Motor 8 - Duratec, 4 cilindros, 2,3 litros. 162 cv e quase 21 m.kgf de torque a médias rotações. Um belo motor, que mostra vigor e gosta de girar. A Ford deveria fazer um Focus com esse motor.
Desempenho 7 - 1505 kg. Mais pesado que uma Caravan 1978. Não impressiona. Mas também não deixa a desejar. Num uso normal sobra motor e mesmo para os mais acelerados ele vai bem. Mérito em grande parte do câmbio de cinco marchas muito bem escalonadas.
Câmbio 7 - Muito bom, com cinco marchas. Pena não ter opções de trocas manuais e nem um modo esporte (tem apenas um modo L, que segura o câmbio na marcha em que estiver, para uma decida de serra, por exemplo).
Freios 8 - ABS, com discos ventilados na frente e sólidos atrás. Pára muito bem e tendência de fading (perda de eficiência por aquecimento) quase nula. Tem de abusar muito.
Suspensão 8 - Como quase todos os Ford atuais, é muito estável. Multilink atrás e largos 225/50 R17 deixam bastante espaço para abusos. Tendência a sair de frente no limite (não tentem isso em casa!).
Segurança passiva 9 - Seis air-bags e cintos de 3 pontos para todos os passageiros são itens de peso.
Custo-benefício 9 - Aqui mora o grande valor desse carro. Por R$ 83 mil (preço de tabela. O avaliado custou 75,5 mil sem o teto solar opcional) ele é consideravelmente mais barato que Civic e Corolla, e oferece muito mais. O único concorrente é o Hyundai Azera que, além de maior, tem um belo V6 de 245 cv. Mas também custa mais caro (acima de 90 mil) e é coreano.
Existe apenas uma forma de definir o Fusion. Ele tem o menor preço por quilo do mercado. Oferece muito e comparativamente é superior em qualquer categoria que os concorrentes diretos Civic e Corolla. Tanto é que as versões de topo dos japoneses (EXS e SE-G) venderam menos que o Fusion durante o ano passado.
Tamanho, estilo, conforto, opcionais e status. Um carro que só permite reclamar de detalhes sem importância. A Ford acertou a mão.
Comentários
Você concorda que a Ford parece estar mudando para melhor, deixando de lado essas montadoras que usam motores de Monza '80 e falam que são potentes e ecológicos? Acorda GM!
Parabéns pelo blog!
Pelo preço de um Jetta Top (Exatos R$ 104mil) mais 10mil da para pegar um Volvo V40 2.4i.
Isso sem falar que no preço básico do Jetta (quase 90mil) da para quase pegar um Azzera, que apesar de ser coreano, é mais completo e com um V6 de 245cv.
Eh, pessoal, o Jetta é o Voyage que eles não querem que a maioria possa ter. E esse tal Voyage, vejam, quantos anos luz estamos atrás dos povos do hemisfério norte.