Feirão de fábrica

Em 1998, um Palio 1.0 EDX, de acabamento top, com ar-condicionado, custava menos de R$ 20 mil. No mesmo ano, uma Palio Weekend Stile, topo de linha, com air-bag e retrovisores elétricos, custava menos de R$ 25 mil.

Três anos depois, era possível comprar um Golf 1.6 a R$ 32 mil. Pouco acima disso, a opção era um Focus 1.8 16v completo, ABS incluso, a R$ 37 mil.

Até então, carros acima de R$ 50 mil eram uma absoluta extravagância. Lembro de uma entrevista com o manda-chuva da Citroën, reclamando que precisava vender a Picasso 2.0 no Brasil por R$ 40 mil e assim tinha prejuízo, enquanto na Argentina o carro custava o equivalente a R$ 60 mil e dava lucro.

Nem é preciso ir longe; aqui mesmo eu reclamo do Fit a R$ 35 mil. Aqui, eu sugiro qual deveria ser a tabela de preços da VW – boa fonte de risadas... e isso em 2003.

Algo se perdeu no caminho. As montadoras são evasivas, invariavelmente culpando o aumento dos insumos, em especial o aço... hmmm... Os impostos são os mesmos, senão até menores (embora isso não livre o governo mané de baixar esses impostos). E aí, o que aumentou? O aço mesmo? Ou a ganância? O pessoal tem fácil acesso a crédito, pode perder 300 reais por mês em seis anos pagando juros; portanto, vamos pedir R$ 72 mil num Golf Comfortline automático (ou num Stilo completo; ou quase R$ 80 mil numa Zafira, ou R$ 27 mil por um Fiesta pelado) que os idiotas pagam.

Esse caminho foi trilhado anos atrás por três grandes montadoras norte-americanas que hoje não vivem uma situação exatamente confortável. Talvez o que o Brasil precise seja uma recessão automobilística como em 98, que cortou os preços e melhorou a qualidade dos carros.

E enquanto isso, Astra, Golf e Focus de verdade, só na Europa...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Comparativo: Celta Life 1.0 VHC x Palio 1.0 Fire

Teste: Nissan Livina S 1.8 automática

Gol G4 com interior de G3