Revogaram a lei da oferta e da procura
Visitamos uma concessionária da Volks
nesse final de semana e ficamos impressionados com a sua reação à crise. Já
havíamos visitado esta revenda em diversas outras ocasiões, porém nunca vimos
como desta vez. A parte “nobre”, imediatamente ao lado da porta e visível da
rua pela parede envidraçada, estava repleta de Up e Fox. Numa parte em
destaque, onde ficam os carros premium, um solitário Fusca, com desconto
anunciado em seu vidro. Na parte de trás, onde ficavam outros modelos 0km, um
monte de usados. Dos zero quilômetro, nenhum Gol, Voyage, Golf, Jetta, Golf
Variant, Passat, Tiguan, CC, Touareg... nenhum, absolutamente nenhum.
Dá pra tirar uma conclusão, com as
concessionárias reforçando a venda de usados dado que os novos caíram
vertiginosamente. E foi a solução, dado que as quedas de preço que deveriam vir
de um mercado desaquecido não se concretizaram. Os volumes produzidos ou
importados que reduziram bastante. O consumidor interessado em carro zero até
encontra algumas condições favoráveis, desde que seja de um modelo cuja
produção ainda esteja minimamente robusta. Corolla GLi Upper, por exemplo,
encontramos com muito pouca margem para conversa. A situação no XEi está
melhor.
Aqui no M4R defendemos muitas vezes
que o Brasil precisava enfrentar uma crise para vermos redução no preço dos
carros. Desculpem, leitores. Não imaginávamos que veríamos tamanho tapa na cara
da lei da oferta e da procura, e tamanha disposição para manter gente em
contratos temporários, suspensos, ou mesmo fazer demissões por parte das
montadoras instaladas no Brasil.
É interessante pensar que a cadeia
automotiva se beneficiou claramente de uma redução temporária no IPI, mas que
ela mesma não está disposta a reduzir preços em nenhum momento.
Os valores pedidos pelos carros hoje
em dia beiram o absurdo. Um Corolla Upper, por 80 mil reais, começa a parecer
razoável diante de um Fiesta por 72 e um Cruze por 107. A faixa antes dos 50
mil, que até pouco tempo era rica em opções, está ficando recheada de carros de
entrada e nada muito mais. Pelo jeito vamos voltar ao tempo em que Opala era
carro de rico e a solução para os brasileiros com carro era trocar o Fusca em
outro Fusca, depois mais um Fusca...
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