Mais impressões do Cruze

Entramos no Cruze esses dias. Aqui no M4R valorizamos muito o interior dos carros, normalmente bem mais que o design externo, e sabemos admitir que mesmo em projetos bem ruins a GM sempre soube trabalhar bem os interiores para não parecer aquela pobreza total. Melhor exemplo é a Spin, cujas cores claras e tecido aveludado disfarçam bem a pobreza dos plásticos.

O Cruze é uma demonstração clara desta evolução. Em primeiro lugar, a cor. O LTZ topo de linha (tem sido chamado de LTZ II) mescla bege escuro com marrom, para um efeito muito aconchegante e luxuoso mesmo. Parece feio descrevendo pelas cores, mas o resultado prático é muito bonito mesmo, e quebra de vez com a monotonia dos interiores pretos e grada bem mais que os interiores que mesclam preto e bege, cores que a nosso ver não combinam.

Boa parte do painel é revestida numa espécie de couro macio, bastante agradável ao toque. É a parte inferior da costura que atravessa o painel. A parte superior é que decepciona, plástico duro daqueles encontrados na porta do Celta. O plástico acima da central multimídia também é duro.



O volante tem ótima pega e o couro é bem agradável ao toque. Muito se falou dos botões no volante parecerem de carros superiores. São muito bons, mas não é pra tanto – parecem os do Focus. O acionamento de botões e alavancas é muito correto, oferece sensação de solidez com a resistência na medida certa.

O cluster é meio sem graça, está uma geração atrasado. Combinar os quatro mostradores analógicos com uma tela digital de alta resolução é algo que o Focus já faz. É bom, mas poderia ser melhor.

O banco é bem confortável, e ajustado para um motorista relativamente alto ainda permite boa acomodação para as pernas de quem vai atrás. Mais crítico, como em todos esses sedãs que parecem cupês, é o espaço para cabeça.

Duas falhas que não compreendemos: ar monozona e, principalmente, ausência de teto solar.

De forma geral, é melhor que todos os concorrentes de marcas generalistas. Traz tecnologias na cabine semelhantes ao Focus, com acabamento muito superior. Ao Jetta, é superior em tecnologias e acabamento. O C4 tem acabamento similar, porém com painel e volante mal resolvidos e menos tecnologia. O Corolla não é tão bem acabado e em tecnologia fica para trás, sua única vantagem sendo a central com TV digital.

O único destes com acabamento superior ao Cruze – numa eventual comparação a um Cruze Hatch – é o Golf, que não tem a leveza das cores mais claras, mas não tem plástico de Celta na cabine, tem forração dos porta-objetos em carpete, tem aplicação de Alcantara e por aí vai.

Contra as marcas premium, aí não tem como. Pode até existir uma briga em tecnologia – o Cruze com o carregador por indução e os assistentes de direção, os outros com ar bizona e os modos de condução –, mas em acabamento não dá, o Cruze entrega suas origens humildes. Entra num A3 e procura um plástico duro.

O Cruze é um dos melhores carros da categoria, mas não justifica o preço no andar de cima. Se a versão de topo custasse 90 mil reais teríamos um vencedor indiscutível.

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