E ainda ganha dinheiro com isso...

Recentemente entramos em contato com um blog sobre carros e mercado no site InfoMoney.

Bastou lermos dois textos para sermos acometidos de uma ânsia de vômito violenta, causada pela quantidade incrível de bobagens escritas. O autor claramente quer vender seus serviços de consultor, para isso recorrendo a textos sem pé nem cabeça, que em teoria deveriam levar o leitor a consultá-lo. Nossa visão é que, da forma como estão, os textos afastam as pessoas com discernimento. Ficamos imaginando quem efetivamente o contrata...

Vejamos o texto mais recente, que fala sobre o absurdo de termos carros médios custando acima de R$ 100 mil. E nesse ponto concordamos totalmente, cansamos de dizer aqui que Corolla Altis é só para frotistas, é provavelmente a pior relação custo-benefício do nosso mercado.

Mas vamos ver o texto com mais profundidade:

(Nossa intenção era copiar e colar os trechos do texto, mas o genial site não deixa. Então vamos escrever em linhas gerais).

Ele fala em estagflação e carros mais caros. Isso requer análise mais profunda. Estagflação = estagnação + inflação. Os índices mais adequados de medição da inflação, como o IPCA, apontam inflação superior a 8% nos últimos 12 meses. Então, para um carro ter ficado mais caro, é preciso que o aumento tenha sido superior a 8% nesse período. Menos que isso é só reposição de inflação. 

Portanto vamos fazer as contas. O carro mencionado pelo autor é o Corolla Altis. Preço de lançamento em março de 2014: R$ 92.900 (fonte: BCWS). Inflação IPCA dos últimos 12 meses: 8,47% (fonte: http://www.calculador.com.br/tabela/indice/IPCA). 

Conta de padeiro: 92.900 + 8,47% = 100.768,63. O Altis teve o preço reajustado para 100.990, ou seja, reposição de inflação mais 220 reais de arredondamento. Começou a bobagem.

Depois ele ressalta que no Brasil é um sedan médio, e pequeno nos Estados Unidos. Verdade, mas novamente é informação distorcida para o consumidor. O Corolla também é médio na Europa, e seu comprimento total é exatamente o mesmo de um BMW série 3: 4,62m.

Na sequência ele cita o preço-base de um Corolla nos EUA, US$ 16.950. Não ajudou em nada. Quer falar em comparação de preço, é necessário considerar o valor após impostos, e de versões parelhas. E o Corolla não tem versão 2.0 nos EUA, somente 1.8, portnto a comparação mais justa seria com o Corolal GLI. A comparação é então mais ou menos com o Corolla LE americano, a 18.565 dólares. Coloque aí mais 5% de VAT, imposto norte-americano que varia de estado para estado. Temos 19.493.
Considerando a cotação a R$ 3, temos 58.479. Mais barato que no Brasil? Sem dúvida. Mas não é tão absurdo.

Na sequência ele critica a falta do ESP. Justo, é um absurdo a Toyota não ter colocado ESP no Corolla. Mais absurdo ainda é ver carros ainda mais caros com somente dois airbags, como o Honda CR-V ou Toyota RAV-4. O ESP é importante, mas o airbag é fundamental. Então, se é para discutir segurança, vamos falar de segurança de verdade.

Onde ele acerta? Acerta ao dizer que a função de algumas versões é a de tornar a outra mais atraente. É claramente o caso do Altis, existe para fazer o XEi parecer um bom negócio. Acerta ao criticar os impostos absurdos do Brasil. E acerta ao falar de custos mais altos, como energia e combustíveis (e por isso mesmo não deveria criticar reajuste de preços que são somente reposição de inflação).

O final do texto é um bololô de autopropaganda, vendendo seu livro digital e seu serviço de consultoria.


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