Teste: Chevrolet Zafira Elegance 2.0 automática
A Zafira que temos por aqui surgiu na Europa há – preste atenção – DOZE anos atrás, em 1999, e está entre nós desde 2001. Em 2005, ganhou o aspecto atual, e depois herdou o motor 2.0 repotenciado para 140 cv, no lançamento do Vectra atual.
O nascimento da Zafira no Brasil coincide com o início da decadência da GM por aqui. Com exceção dos importados, desde então a GM não lança um automóvel digno do nome por estas paradas. O que temos em mãos, então, é um projeto brilhante e envelhecido.
O brilhantismo da Zafira reside em dois fatores: um, óbvio, é o fato de carregar sete lugares. Foi por um bom tempo a única minivan nacional com essa capacidade, e só agora sofre concorrência da Grand Livina. Mesmo sendo dois lugares temporários, ainda assim são úteis numa variedade de situações. Além disso, o sistema de guardar os bancos no assoalho também merece muitos elogios, e não pensem que este é um atributo comum: em outras minivans do mesmo porte, é comum os bancos precisarem ser removidos para liberar espaço.
O segundo fator de brilhantismo da Zafira é a qualidade da execução do projeto. Nesse ponto, lembra o nosso Golf antes da remodelação medonha: um projeto sem grandes revoluções técnicas, mas muito bem executado e com atenção aos mínimos detalhes. É notável o silêncio em velocidades elevadas, por exemplo, ou a ampla visibilidade. São detalhes que revelam um bom planejamento inicial.
O design também é fruto desse planejamento. Neste caso, grande vitória da função sobre a forma. O desenho da Zafira é o absolutamente necessário para se transportar sete pessoas num carro daquele porte. Minivans, como um todo, não costumam ser expoentes de design. E há que se reconhecer a dificuldade da tarefa de desenhar uma minivan como a Zafira, compacta, e ainda assim obter um padrão bem agradável de desenho. Que, como não poderia deixar de ser, está bem cansado após tantos anos no mercado nacional.
O interior é quase o mesmo desde o lançamento, o que neste caso é um bom sinal, dada a grande piora na qualidade do acabamento dos carros de forma geral de uns tempos pra cá. As maçanetas são cromadas, o volante é revestido em couro, e os plásticos do painel e das portas não falam mal de ninguém. Os bancos em couro são o destaque, não somente pela maciez do material, mas pela adoção do tom cinza claro, o favorito para interiores na opinião do M4R. O ambiente interno como um todo é muito agradável, pela iluminação em amarelo do console central (por uma fonte de luz abaixo do retrovisor interno), pela feliz combinação da iluminação branca do painel com o tom amarelo do console central, e as diversas opções individuais de iluminação para os bancos dianteiros e traseiros.
A ergonomia não é lá essas coisas: o botão de travamento das portas, bastante utilizado numa minivan, fica perdido no painel. As alavancas de seta são uma coisa horrorosa, parecem saídas de um fusca. Mas o pior nesse sentido é o posicionamento da alavanca de câmbio. A versão testada era automática e portanto requeria pouca interação; mas uma Zafira manual é problema para que não tiver braços muito compridos – a alavanca é muito baixa em relação aos bancos.
Nesta versão Elegance, a Zafira vem completa, com air bag duplo, ABS, rodas aro 16”, ar digital, computador de bordo, trio elétrico, retrovisor eletrocrômico, espelhos externos azulados patra evitar ofuscamento (mais uma herança do bom projeto original) e o câmbio automático de quatro marchas com opção esportiva e para terrenos escorregadios – mas sem trocas manuais. Fazem falta itens comuns na categoria, como o piloto automático (que a GM oferece no Agile), teto solar e, crítico pelo tamanho do carro, sensor de estacionamento. Em se tratando de veículo familiar, uma direção elétrica para leveza em manobras não faria mal.
Quem empurra a Zafira é o mais do que conhecido 2.0 família II, com oito válvulas e 140 cv. E vamos logo ao que interessa: na Zafira, ele vai muito bem, obrigado. Em primeiro lugar pelo bom trabalho acústico: mesmo em altos giros, a vibração e o ruído não incomodam, pois ficam isolados da cabine. Em segundo lugar, pelo conceito prático: num carro pesado e automático, torque importa muito mais do que potência. Com os quase 20 m.kgf de torque gerados a 2600 giros pela unidade, a Zafira se porta com certa desenvoltura no trânsito, mesmo carregada e com um câmbio automático que não é dos mais modernos. Estas limitações ficam evidentes quando se faz uma exigência alta de desempenho da Zafira, o que, de qualquer forma, o que não é o foco de um carro familiar. O preço é pago na hora de encher o tanque: é um carro difícil de extrair mais de 6 km/l de etanol em uso urbano.
O câmbio automático de quatro marchas é brusco nas trocas e faz pouco uso do freio-motor: é só tirar o pé do acelerador que a rotação cai para marcha lenta. Isso gera uma quantidade desencessária de alterações no giro do motor, chegando a incomodar. Uma grande qualidade da unidade, porém, é o controle de ponto-morto, que passa a N sempre que o carro está parado, sem que seja necessário movimentar a alavanca. Este atributo deveria ser de série em todos os automáticos.
Muito mais importante do que o conjunto motor e câmbio, numa minivan, é o espaço interno, que a Zafira tem de sobra. Um motorista de 1,80m se ajeita confortavelmente e ainda há espaço para um passageiro da mesma altura atrás. O quinto ocupante conta com um assento um tanto duro e pouco espaço para os ombros, mas está bem servido em altura e espaço para as pernas. Os dois bancos sobressalentes são mesmo somente para crianças ou adultos em pequenos percursos, ainda assim uma flexibilidade que atende diversas situações e é o maior atrativo da Zafira. O porta-malas com os bancos montados é bem pequeno, mas com eles abaixados se transforma numa caverna para mais de 600 litros.
A suspensão é tradicional, McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, e filtra bem as oscilações do piso, embora a escolha de rodas grandes e pneus mais finos pela GM tenha prejudicado um pouco o conforto ao rodar. A estabilidade é surpreendente, embora o centro de gravidade alto faça-se notar, com a Zafira inclinando bem nas tomadas de curva mais agressivas. Os freios são a disco nas quatro rodas com ABS; ancoram bem o carro e o freio tem uma modulagem adequada de acionamento.
Como automóvel, a Zafira é superada em sua faixa de preço por uma concorrência bem mais moderna, com motores e câmbios mais eficientes e uma dirigibilidade superior, como Corolla, Civic e Focus. Mas ela não concorre com sedãs, e sim com outras minivans, neste caso um universo bem mais limitado: Grand C4, Grand Livina e Picasso, sendo que a última leva somente cinco pessoas. A Nissan é mais moderna, mas não mostra isso no interior, exterior, acabamento ou mesmo câmbio – somente o motor, e ainda assim não muito. O fator de competitividade da Grand Livina é mesmo o preço, consistentemente menor que o da Chevrolet. Já quem pode pagar mais deve optar pela Grand C4, que carrega alguns defeitos da Zafira – motor beberrão, câmbio limitado -, mas tem um design bem mais atual e um interior de melhor acabamento. Em termos de espaço, as três são equivalentes.
Auxiliada pela fraqueza da concorrência, a Zafira se mostrou um produto ainda válido, graças a sua atuação de nicho como minivan com sete lugares. Pagar acima de 70 mil reais por um carro com onze anos de mercado é revoltante e de certa forma absurdo, mas é o preço que o consumidor paga por precisar de um carro tão específico num mercado bizarro como o brasileiro. O consolo é que, uma vez nesta categoria, a Zafira ainda é muito boa de briga.
Estilo 5 – Estamos todos enjoados da Zafira, mas em termos de estilo propriamente dito, ela é bem interessante na sua proposta.
Imagem – Mais feminina do que masculina, e sem dúvida um carro com um propósito: carregar gente, normalmente filhos, o que naturalmente implica numa faixa etária mais elevada. Ninguém compra uma Zafira porque acha bacana.
Acabamento 8 – O plástico do painel e das portas não é lá essas coisas, mas o couro do volante e principalmente dos bancos é um show à parte. O show de luzes internas também é bem bonito.
Posição de dirigir 5 – É bem alta, mesmo com o banco na altura mínima. A maioria dos comandos está à mão, com exceção da alavanca de câmbio.
Instrumentos 10 – Após abandonar o amarelado medonho, a GM adotou uma bela iluminação branca para o cluster, que foi redesenhado e ficou moderno e bonito. O display com data, hora e computador de bordo também soma pontos para compor um belo painel.
Itens de conveniência 8 – Existem falhas, como a ausência de sensores de estacionamento, teto solar e piloto automático, mas no geral tudo que se espera de um carro de 70 mil reais está lá.
Espaço interno 9 – Carrega cinco pessoas de forma bastante confortável, e ainda pode levar mais duas atrás. Com exceção da largura na fileira do meio, todas as outras medidas, como espaço para pernas e cabeça, são bem generosas. Faltam porta-trecos, no entanto.
Porta-malas 10 – Seiscentos litros com os bancos traseiros rebaixados é praticamente um dormitório. Com os bancos traseiros em pé, no entanto, a coisa fica feia.
Motor 7 – Isolado da cabine, o veterano 2.0 8v entrega bons números de potência e principalmente torque, sem transparecer vibrações excessivas. Agora, acoplar um motor antigo a um carro pesado com câmbio automático de quatro marchas é pedir para se tornar sócio do posto.
Desempenho 7 – Não que precisasse, mas a máxima de 192 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h em 11 segundos são bem razoáveis. Porém, andar forte não é com ela.
Câmbio 5 – Excelente o controle de ponto-morto. E só. Quatro marchas, operação brusca, zero de freio-motor.
Freios 9 – Fazem um bom trabalho de parar o carro, com respostas prontas e boa modulação do pedal. Discos nas quatro rodas, e ABS.
Suspensão 5 – Tendo em vista a lomgevidade da Zafira, nem podemos culpá-la pelo conceito anrigo de suspensão. A calibração é boa, num meio-termo entre conforto e esportividade, mas as rodas grandes acabam transmitindo mais imperfeições do solo para a cabine do que seria desejável.
Estabilidade 7 – Em se considerando o tipo de carro, é excelente. Sai de frente no limite, claro, mas vai com calma que normalmente tem muita gente dentro do carro.
Segurança passiva 5 – Airbag duplo é bom, mas num carro que pode levar sete pessoas, seria melhor se mais gente estivesse protegida pelas bolsas de ar, não acham?
Custo-benefício 3 – Complicado pagar 75 mil reais num carro com motor de Monza, câmbio de Monza e suspensão de Monza. Mas se você precisa carregar seis ou sete pessoas com uma razoável frequência, ou então cinco e muita bagagem, a Zafira atende o propósito sem te deixar na mão em termos de acabamento, conforto e desempenho. Mas se você puder carregar um pouquinho só menos gente ou bagagem e conseguir optar por um Focus... ou Corolla... ou Jetta... ou Fluence... ou 408... ou Pallas... ou Sentra...
(fotos da versão Elite)
Comentários
Eu gosto o desenho da Zafira e de suas soluções. A mais top, tem Teto solar ?
e o Piloto aut, acho q tbm.
A nossa em viagem com alcool e AC chegava a fazer 10 km/l, mas era o motor com 126 cv (creio q não mude nada) ótimo teste, traduziu tudo q penso pelo carro.
André, nem chega a ser questão de não curtir GM, e sim de não curtir carro ruim. Estamos tentando testar uma Captiva para mostrar como um GM pode ser bom quando quer.
Wagner, queremos dar espaço a todos os carros no M4R. Como não somos revista especializada, nosso acesso aos carros é bem complicado. Mas seguimos tentando.
Gustavo, a Carens funciona como concorrente da Zafira, mas tem uma característica mais minivan mesmo, seja na posição de guiar ou no comportamento dinâmico. Para levar gente é até melhor que a Zafira, mas não para dirigir.
estou indo para minha 3ª Zafira e, na minha opinião, um baita carro.
Agora... e carro um jurássico? Tá pode até ser, mas vamos ao que interessa: Valor das peças/manutenção - barato hein!!! Seguro de uma "OK" valor de R$ 68.000,00 sai por volta de R$ 1.500,00 (com bônus 10), ninguém rouba pois é um carro jurássico,he, he, não é. Carro Gastão... é mesmo fez 11,6 na estrada indo para Campos do Jordão. Consigo colocar 3 bicicletas de porte médio no porta malas... que mais... ah outro dia levei 4 pessoas + malas + um buggy arrastando (engatado no cambão) de + ou - 850kg até o Sítio.
Agora a GM tá querendo tirar fora de Linha; vai dar um tiro no próprio pé.
Souza
agora quem vai ler é porque gosta ou precisa de um carro nestas dimensões, quem não precisa ou não gosta vá ler o texto de outro teste.
Valeu galera
Anda muitoooo...na estrada...para quem entende de máquina saber reconhecer uma Zafira.
Comprei recentemente uma Zafira Elite 2011. Mesmo sabendo que é gastona e viraria sócio do posto de combustível, estou muito contente com o carro, cabe crianças, sogro, sogra e mãe, além da esposa.
Solução ideal para uma viagem confortável e com segurança. Melhor a GM trazer a Zafira Opel para cá. ficaria muito TOP.
na categoria não achei melhor pelas minhas pesquisas....
tenho já a dois anos, de manutenção quase nada..... apenas revisões.....
para não beber muito basta saber andar e não ter o pé pesado....a minha esta em torno dos 8,0 km/l na gasolina na cidade....
se tratando de carro familia de 7 lugares nao tem melhor em custo benificio....