Teste: Audi A1 1.4 TSFI
Se não me engano esta discussão aconteceu quando a Mercedes lançou o classe A no Brasil. A dúvida era se o brasileiro toparia pagar caro por um carro com menos de quatro metros de comprimento, pois aqui existe uma cultura de comprar “carro por metro”, ou seja, quanto mais caro, maior.
Vou além e digo que não é uma questão brasileira, e sim mundial. Não uma cultura de querer ostentar um carro grande para mostrar que pagou caro, mas o fato de que os carros caros são grandes – excetuando-se os esportivos, claro. Uma Ferrari 458 é surpreendentemente pequena quando vista de perto.
Mas ter dinheiro não significa necessariamente querer ter um carro grande. A tendência é clara na Europa, com cidades antigas e ruas bastante estreitas. Para muita gente, ter um carro grande é mais um estorvo do que uma ajuda. E, pensando no velho continente, realmente quem tem um poder aquisitivo elevado não tem opções de carro pequeno se quiser gastar muito. No máximo uma BMW série 1 recheada de opcionais.
No Brasil, essa história de carro pequeno e caro virou uma espécie de clube dos carros “design”. O Mini vem com o apelo de sua história (embora tenha pouco a ver com o Mini original) e de sua dirigibilidade, e o Fiat 500 apela para a simpatia do seu desenho. Menor do que a BMW série 1, e com uma proposta menos minivan do que a Mercedes classe B, o Audi A1 quer ser o compacto racional.
Ele não bebe em nenhuma fonte histórica, e nem poderia: o Audi 80 quattro de 30 anos atrás não tem o status de carro clássico. Sem inspirações, o A1 foi pelo caminho da modernidade, mantendo a identidade com o resto da linha. Não é um carro apaixonante, mas é adequado e claramente pertence à linha Audi.
O exterior diminuto acaba refletindo nas acomodações internas, especialmente no espaço para a cabeça de quem vai atrás. Já as pernas dos ocupantes do banco traseiro encontram um vão surpreendentemente espaçoso, mesmo com motoristas relativamente altos. No entanto, as acomodações de primeira estão mesmo na frente.
O capricho no acabamento não poderia estar de fora deste Audi. É bem superior ao Fiat 500, por exemplo, e está pelo menos no mesmo nível de seus rivais alemães na mesma faixa de preço. A lista de equipamentos é boa, com ar digital, ABS e ESP, sistema de som com comandos no volante, faróis de xenônio, controles de tração e estabilidade e um computador de bordo completo. Opcionais incluem o sistema start-stop, teto solar, sensores de estacionamento, luz e chuva, piloto automático e um sistema de navegação no topo do console central. O controle das luzes está no painel, como se deve, e não na alavanca de seta. O porta-malas comporta 270 litros e é honesto para o tamanho do carro.
O motor segue a tendência do downsizing, um 1.4 16v Turbo com 122 cv a 5 mil rpm e 20,4 m.kgf de torque de 1500 a 4000 rpm. Números bons, mas abaixo do que a Fiat extirpa do seu 1.4 16v Turbo que equipa Punto e Linea. Sem dúvida a Audi foi conservadora aqui; resta saber se foi para não ofuscar demais o desempenho já sofrível do A3 1.6.
O A1 vai muito bem. No teste, com ar ligado e quatro pessoas grandes dentro, as acelerações chegavam a empolgar, e em pouco espaço o compacto já chegava a 100 km/h. Muito do mérito vai para o torque excelente, mas devemos dar crédito também ao excelente câmbio de dupla embreagem e sete marchas, com relações próximas entre si e trocas quase imperceptíveis. É dirigir um desses DSG para nos perguntarmos porque a insistência nessas porcarias de câmbios automatizados com uma embreagem só, mania de pobreza viu...
A suspensão é decepcionante tendo em vista o ótimo conjunto do carro até aqui. Com a plataforma derivada da utilizada pelo novo Polo na Europa, a suspensão traseira de eixo de torção está calibrada para muita rigidez, o que torna o A1 um verdadeiro kart em piso liso e ótimo para andar rápido, mas que com certeza vai incomodar em calçadas irregulares. Ao menos a Audi vai trocar as rodas aro 17” da unidade testada por outras de 16”, mais adequadas a nosso piso.
Com a popularidade aumentando na Europa, o sistema start-stop visa economizar combustível ao desligar o motor quando o veículo está parado, e religá-lo automaticamente quando se tira o pé do freio. É divertido nas primeiras duas vezes, e absolutamente insuportável em todas as outras. Ainda bem que é opcional: fuja dele, saia correndo, se você for comprar um e lhe for oferecido de graça, recuse (se bem que ele pode ser desligado). No Brasil, para economia, faz muito mais sentido um motor a álcool do que essa geringonça.
Sem o carisma do Mini e do Fiat 500 e sem a pequenez extrema do Smart, o Audi A1 é o compacto de luxo racional. Existe um público endinheirado que não faz questão, ou mesmo não gosta, dos sedãs grandes e SUVs que dominam esta faixa de preço. Sob o prisma racional, claro, não há nenhum argumento que justifique a compra do A1 no lugar de um Fusion 2.5, a não ser o tamanho da garagem. Agora, será que existe quem opte por um compacto desta faixa de preço e seja imune ao carisma do Mini? As vendas vão dizer.
Estilo 7 – Tem presença e é facilmente identificado como um Audi. Daí a ser bonito, não é pra tanto.
Imagem – Definitivamente urbano, equilibradamente masculino e feminino, para pessoas de até 50 anos.
Acabamento 10 – A Audi não brinca em serviço quando o assunto é habitáculo. Os plásticos são ótimos, o couro é impecável e tudo se ajusta perfeitamente.
Posição de dirigir 10 – Amplos ajustes garantes uma posição de dirigir impecável, com ótima visibilidade.
Instrumentos 10 – Contrário a essa onde estúpida de eliminação do termômetro do motor, o painel do Audi vem completo.
Itens de conveniência 9 – Talvez um pente fino possa elencar alguns equipamentos que deveriam estar presentes num carro desse preço, como ajustes elétricos no banco, mas o A1 traz muita coisa.
Espaço Interno 5 – É ótimo para quem vai na frente, fraco para quem vai atrás. O que era de se esperar, dado o tamanho do carro.
Porta-malas 6 – Todo acarpetado e com fácil acesso. A capacidade de 270 litros no porta-malas é adequada.
Motor 8 – Empurra o A1 com facilidade e até uma empolgação, mas que poderia ser mais forte, ah poderia.
Desempenho 9 – A velocidade máxima supera os 200 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em menos de 10 segundos. Nada mau.
Câmbio 10 – Nada como um câmbio de dupla embreagem, como se deve, pra gente ver como estamos atrasados nesse Brasil.
Freios 10 – Discos nas quatro rodas com ABS e EBD. A sensibilidade do pedal é excelente.
Suspensão 6 – Não deixa de ser vergonhoso o eixo de torção num carro de 90 mil. Na Europa, o A1 é bem mais humilde, o que explica as coisas. O ajuste é bem duro.
Estabilidade 9 – O carrinho parece que anda em trilhos. Um pega entre ele e um Mini de potência similar deve ser muito interessante.
Segurança passiva 10 – Seis air bags, que no velho continente não se brinca com essas coisas.
Custo-benefício 3 – Como carro simplesmente, Jetta, Fusion e mesmo Azera oferecem pacotes mais completos, motores mais fortes e muito mais espaço. Como carro de imagem, o Mini e o Fiat 500 têm mais história. Como opção compacta para quem tem uma boa grana para investir num carro, ótima escolha.
Vou além e digo que não é uma questão brasileira, e sim mundial. Não uma cultura de querer ostentar um carro grande para mostrar que pagou caro, mas o fato de que os carros caros são grandes – excetuando-se os esportivos, claro. Uma Ferrari 458 é surpreendentemente pequena quando vista de perto.
Mas ter dinheiro não significa necessariamente querer ter um carro grande. A tendência é clara na Europa, com cidades antigas e ruas bastante estreitas. Para muita gente, ter um carro grande é mais um estorvo do que uma ajuda. E, pensando no velho continente, realmente quem tem um poder aquisitivo elevado não tem opções de carro pequeno se quiser gastar muito. No máximo uma BMW série 1 recheada de opcionais.
No Brasil, essa história de carro pequeno e caro virou uma espécie de clube dos carros “design”. O Mini vem com o apelo de sua história (embora tenha pouco a ver com o Mini original) e de sua dirigibilidade, e o Fiat 500 apela para a simpatia do seu desenho. Menor do que a BMW série 1, e com uma proposta menos minivan do que a Mercedes classe B, o Audi A1 quer ser o compacto racional.
Ele não bebe em nenhuma fonte histórica, e nem poderia: o Audi 80 quattro de 30 anos atrás não tem o status de carro clássico. Sem inspirações, o A1 foi pelo caminho da modernidade, mantendo a identidade com o resto da linha. Não é um carro apaixonante, mas é adequado e claramente pertence à linha Audi.
O exterior diminuto acaba refletindo nas acomodações internas, especialmente no espaço para a cabeça de quem vai atrás. Já as pernas dos ocupantes do banco traseiro encontram um vão surpreendentemente espaçoso, mesmo com motoristas relativamente altos. No entanto, as acomodações de primeira estão mesmo na frente.
O capricho no acabamento não poderia estar de fora deste Audi. É bem superior ao Fiat 500, por exemplo, e está pelo menos no mesmo nível de seus rivais alemães na mesma faixa de preço. A lista de equipamentos é boa, com ar digital, ABS e ESP, sistema de som com comandos no volante, faróis de xenônio, controles de tração e estabilidade e um computador de bordo completo. Opcionais incluem o sistema start-stop, teto solar, sensores de estacionamento, luz e chuva, piloto automático e um sistema de navegação no topo do console central. O controle das luzes está no painel, como se deve, e não na alavanca de seta. O porta-malas comporta 270 litros e é honesto para o tamanho do carro.
O motor segue a tendência do downsizing, um 1.4 16v Turbo com 122 cv a 5 mil rpm e 20,4 m.kgf de torque de 1500 a 4000 rpm. Números bons, mas abaixo do que a Fiat extirpa do seu 1.4 16v Turbo que equipa Punto e Linea. Sem dúvida a Audi foi conservadora aqui; resta saber se foi para não ofuscar demais o desempenho já sofrível do A3 1.6.
O A1 vai muito bem. No teste, com ar ligado e quatro pessoas grandes dentro, as acelerações chegavam a empolgar, e em pouco espaço o compacto já chegava a 100 km/h. Muito do mérito vai para o torque excelente, mas devemos dar crédito também ao excelente câmbio de dupla embreagem e sete marchas, com relações próximas entre si e trocas quase imperceptíveis. É dirigir um desses DSG para nos perguntarmos porque a insistência nessas porcarias de câmbios automatizados com uma embreagem só, mania de pobreza viu...
A suspensão é decepcionante tendo em vista o ótimo conjunto do carro até aqui. Com a plataforma derivada da utilizada pelo novo Polo na Europa, a suspensão traseira de eixo de torção está calibrada para muita rigidez, o que torna o A1 um verdadeiro kart em piso liso e ótimo para andar rápido, mas que com certeza vai incomodar em calçadas irregulares. Ao menos a Audi vai trocar as rodas aro 17” da unidade testada por outras de 16”, mais adequadas a nosso piso.
Com a popularidade aumentando na Europa, o sistema start-stop visa economizar combustível ao desligar o motor quando o veículo está parado, e religá-lo automaticamente quando se tira o pé do freio. É divertido nas primeiras duas vezes, e absolutamente insuportável em todas as outras. Ainda bem que é opcional: fuja dele, saia correndo, se você for comprar um e lhe for oferecido de graça, recuse (se bem que ele pode ser desligado). No Brasil, para economia, faz muito mais sentido um motor a álcool do que essa geringonça.
Sem o carisma do Mini e do Fiat 500 e sem a pequenez extrema do Smart, o Audi A1 é o compacto de luxo racional. Existe um público endinheirado que não faz questão, ou mesmo não gosta, dos sedãs grandes e SUVs que dominam esta faixa de preço. Sob o prisma racional, claro, não há nenhum argumento que justifique a compra do A1 no lugar de um Fusion 2.5, a não ser o tamanho da garagem. Agora, será que existe quem opte por um compacto desta faixa de preço e seja imune ao carisma do Mini? As vendas vão dizer.
Estilo 7 – Tem presença e é facilmente identificado como um Audi. Daí a ser bonito, não é pra tanto.
Imagem – Definitivamente urbano, equilibradamente masculino e feminino, para pessoas de até 50 anos.
Acabamento 10 – A Audi não brinca em serviço quando o assunto é habitáculo. Os plásticos são ótimos, o couro é impecável e tudo se ajusta perfeitamente.
Posição de dirigir 10 – Amplos ajustes garantes uma posição de dirigir impecável, com ótima visibilidade.
Instrumentos 10 – Contrário a essa onde estúpida de eliminação do termômetro do motor, o painel do Audi vem completo.
Itens de conveniência 9 – Talvez um pente fino possa elencar alguns equipamentos que deveriam estar presentes num carro desse preço, como ajustes elétricos no banco, mas o A1 traz muita coisa.
Espaço Interno 5 – É ótimo para quem vai na frente, fraco para quem vai atrás. O que era de se esperar, dado o tamanho do carro.
Porta-malas 6 – Todo acarpetado e com fácil acesso. A capacidade de 270 litros no porta-malas é adequada.
Motor 8 – Empurra o A1 com facilidade e até uma empolgação, mas que poderia ser mais forte, ah poderia.
Desempenho 9 – A velocidade máxima supera os 200 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em menos de 10 segundos. Nada mau.
Câmbio 10 – Nada como um câmbio de dupla embreagem, como se deve, pra gente ver como estamos atrasados nesse Brasil.
Freios 10 – Discos nas quatro rodas com ABS e EBD. A sensibilidade do pedal é excelente.
Suspensão 6 – Não deixa de ser vergonhoso o eixo de torção num carro de 90 mil. Na Europa, o A1 é bem mais humilde, o que explica as coisas. O ajuste é bem duro.
Estabilidade 9 – O carrinho parece que anda em trilhos. Um pega entre ele e um Mini de potência similar deve ser muito interessante.
Segurança passiva 10 – Seis air bags, que no velho continente não se brinca com essas coisas.
Custo-benefício 3 – Como carro simplesmente, Jetta, Fusion e mesmo Azera oferecem pacotes mais completos, motores mais fortes e muito mais espaço. Como carro de imagem, o Mini e o Fiat 500 têm mais história. Como opção compacta para quem tem uma boa grana para investir num carro, ótima escolha.
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Abraço!