Passado não dá lucro

Comprada pela Fiat em 1969, a Lancia é uma das montadoras mais inovadoras do mundo, se não for a mais. Eles foram pioneiros em usar chassi monobloco, suspensão independente, câmbio de cinco marchas, uso de motores em “V” e compressores. Alguns carros marcaram época, como o Aprilia nos anos 30, o magnífico Stratos nos anos 70 e talvez o que seja o Lancia mais famoso, o Delta, nos anos 80 e 90.

Hoje a Lancia é numa marca sem graça; vende produtos Fiat mais luxuosos. É uma espécie de Lincoln, para a Ford. A inovação e o atrevimento no design, dentro do grupo Fiat, ficam para os Alfa Romeo.

E é por isso que dói no coração do purista ver que a Fiat pretende vender o 300C como Lancia na Europa. O primeiro passo nessa direção já foi dado, com a suavização do design de gângster, para agradar mais ao público europeu e também tentar uma integração mínima com o resto da linha Lancia.

Veja bem, não tenho nada contra o 300C. A Chrysler soube muito bem usar as peças da Mercedes para criar um sedã de personalidade fortíssima, motores idem e preço acessível, que caiu no gosto dos americanos. Mesmo não sendo inovador em termos mecânicos ou tecnológicos, o 300C é inovador em seu design e em sua presença. E é justamente isso que a Fiat está retirando do carro, associando-o com uma marca que não tem absolutamente nada a ver com sedãs grandes, para vendê-lo na Europa e ganhar uns trocados a mais.

É um exemplo claro do lucro matando a boa história do 300C e a magnífica história da pobre Lancia. Qual o próximo passo? Uma Ferrari 4 cilindros? Com sistema “start-stop”? Um SUV Alfa Romeo? Para o lucro, não há limites.

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