Punta del coche viejo
Confesso que é muito difícil, para mim, ver carros como um mero meio de transporte. Carros são paixão, liberdade, um verdadeiro fruto da engenharia e da tecnologia para melhorar a vida das pessoas (embora nem tanto nestes tempos de cidades poluídas e congestionadas).
Mas é assim com muita gente, e essa é a mentalidade do país que visitei recentemente – o Uruguai. País pequeno, de altos níveis de desenvolvimento social, mas uma economia bastante pequena. E a frota é assombrosamente velha. Algumas preciosidades que vi por lá, rodando, muitas vezes em auto-estradas: Fiat 500; Renault 12; Peugeot 505; e mesmo os mais recentes (digamos, fabricados há menos de 20 anos) estavam em sua maioria em estado decrépito, lamentável mesmo: amassados, sem faróis e lanternas, pára-choques caídos, cheios de ferrugem, portas presas com arame, muita massa epóxi. Tomei um táxi vergonhoso: era um Gol G3 1.9 a diesel com 120 mil km rodados. Batido na frente, a maçaneta da porta do passageiro esquerda estava quebrada (era um táxi, lembremos), o porta-luvas preso por um arame, o banco rasgado coberto por uma lona.
Os carros no Uruguai custam mais ou menos o mesmo que no Brasil. O PIB per capita do país é de 10.900 dólares, contra 8.800 do Brasil, atualizados pelo poder de paridade de compra. Ou seja, é um país mais rico que o nosso, que poderia custear carros mais novos, mas não o faz. Mesmo em Punta del Este, a cidade mais rica do país, é comum vermos casas enormes com carros simples na garagem (C3, Polo, Uno). Lembrando que as garagens ficam à mostra, pois as casas não têm muro – igualzinho por aqui...
Só pode ser a cultura. O Uruguai é fortemente influenciado pela Europa – o comércio abre tarde, e o programa nacional é sentar numa praça, tomando um mate e vendo a vida passar. Nada de correria, pressa e “preciso aproveitar meu tempo”, típicos americanos. Então há um distanciamento dessa necessidade de se ter as coisas – é mais importante quem você é, e não o carro que dirige.
Confesso que é feio: tossi muito graças a carros desregulados e aquele monte de veículos amassados e velhos em nada contribui para a beleza do país. Mas é interessante notar que, num lugar aqui perto, o carro é apenas um meio de transporte, válido enquanto estiver funcionando, e que a troca por um modelo mais novo não precisa ser feita a cada dois anos, mas sim a cada vinte. Como apaixonado por carros, não consigo concordar com essa visão – mas respeito profundamente quem atinge esse estado de espírito.
Mas é assim com muita gente, e essa é a mentalidade do país que visitei recentemente – o Uruguai. País pequeno, de altos níveis de desenvolvimento social, mas uma economia bastante pequena. E a frota é assombrosamente velha. Algumas preciosidades que vi por lá, rodando, muitas vezes em auto-estradas: Fiat 500; Renault 12; Peugeot 505; e mesmo os mais recentes (digamos, fabricados há menos de 20 anos) estavam em sua maioria em estado decrépito, lamentável mesmo: amassados, sem faróis e lanternas, pára-choques caídos, cheios de ferrugem, portas presas com arame, muita massa epóxi. Tomei um táxi vergonhoso: era um Gol G3 1.9 a diesel com 120 mil km rodados. Batido na frente, a maçaneta da porta do passageiro esquerda estava quebrada (era um táxi, lembremos), o porta-luvas preso por um arame, o banco rasgado coberto por uma lona.
Os carros no Uruguai custam mais ou menos o mesmo que no Brasil. O PIB per capita do país é de 10.900 dólares, contra 8.800 do Brasil, atualizados pelo poder de paridade de compra. Ou seja, é um país mais rico que o nosso, que poderia custear carros mais novos, mas não o faz. Mesmo em Punta del Este, a cidade mais rica do país, é comum vermos casas enormes com carros simples na garagem (C3, Polo, Uno). Lembrando que as garagens ficam à mostra, pois as casas não têm muro – igualzinho por aqui...
Só pode ser a cultura. O Uruguai é fortemente influenciado pela Europa – o comércio abre tarde, e o programa nacional é sentar numa praça, tomando um mate e vendo a vida passar. Nada de correria, pressa e “preciso aproveitar meu tempo”, típicos americanos. Então há um distanciamento dessa necessidade de se ter as coisas – é mais importante quem você é, e não o carro que dirige.
Confesso que é feio: tossi muito graças a carros desregulados e aquele monte de veículos amassados e velhos em nada contribui para a beleza do país. Mas é interessante notar que, num lugar aqui perto, o carro é apenas um meio de transporte, válido enquanto estiver funcionando, e que a troca por um modelo mais novo não precisa ser feita a cada dois anos, mas sim a cada vinte. Como apaixonado por carros, não consigo concordar com essa visão – mas respeito profundamente quem atinge esse estado de espírito.
Comentários
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
boa essa salvou o dia, digo a noite de quarta