E se fosse com ele?

Bob Sharp acaba de soltar a sua coluna quinzenal no BCWS. Ele comenta sobre alguns recalls: Porsche Cayenne e Renault Logan, nos quais concordo totalmente com a sua opinião. No entanto, ele é favorável à Volkswagen na questão do banco do Fox. Aí, não há como discordar.

Bob faz uma análise fria dos fatos, exatamente como os alemães da VW devem ter feito. Ora, desta maneira, argumentos por argumentos, de fato a montadora está certa: as pessoas que se machucaram na operação o fizeram por mexer no equipamento de forma errada. Se eu abro uma champanhe com a rolha virada para mim, e me machuco, a culpa é da champanhe?

Pois é. Mas as coisas não são assim, preto no branco, modo racional ligado o tempo todo. Imagine se fossem. “Oi garota, tudo bem? Olhe só, você possui nariz afilado, olhos claros, cabelos ondulados e é proprietária de uma polpuda herança, bem como dotada de sagaz inteligência. Portanto, deve ser minha namorada, pois atende a todos os requisitos.”. Ora, façam-me o favor.

Queria saber se algum executivo da VW tivesse perdido o dedo na operação do banco, sobre o que seria falado. E vou além: o Fox não é o único carro do mundo com o banco traseiro corrediço e rebatível – vocês lembram de algum outro carro que corte dedos nessa operação?

O pedantismo da VW nesta questão se equivale ao de quando ela combatia Corsa e Uno com o mesmo Gol de 1980. Esse tipo de postura é que levou a montadora alemã de mais de 60% do mercado nacional aos 21% de hoje – e a terceira colocação em vendas. Se a filial brasileira tivesse mais autonomia, e mais brasileiros em cargos importantes, com certeza este tipo de questão não aconteceria.

Bob Sharp é um jornalista brilhante, teve o privilégio de pilotar uma F40 e até hoje dá conselhos bastante relevantes. Mas em alguns pontos, como todos nós, ele desliza. Falta humanidade, gente. Chega de números.

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