Honda Civic LXS 1.8 16v manual
Vamos supor que o leitor ou a leitora seja uma pessoa especialista ou estudiosa em algum assunto, digamos companhias aéreas. Ao viajar de avião, portanto, dificilmente algo te surpreenderá, já que você estuda o assunto e compreende todas as dinâmicas: como são feitas as refeições; como são os uniformes das aeromoças; como é o tecido dos bancos; como é o sistema de entretenimento. É óbvio: quanto mais você estuda e aprende sobre um assunto, menos algo consegue te surpreender dentro daquele assunto.
Essa confusão toda para tentar explicar a minha sensação de absoluto embasbacamento, queixo caído, absoluta surpresa, ao dirigir o Honda Civic LXS de câmbio manual. É muito difícil hoje um carro me surpreender. Pode acontecer com veículos de luxo ou super esportivos, mas não com um carro nacional e inclusive cuja versão de topo eu já havia dirigido. Mas aconteceu.
Já discutimos várias vezes por aqui que existem muitos aspectos num carro que caem no gosto pessoal. Eu teho o meu, e para os mais atentos não deve ser difícil notar: gosto de bom acabamento, solidez de construção, esportividade na tocada, designs mais classudos, e muita modernidade embarcada. Para os meus quesitos, que definem um carro bom ou ruim na minha opinião, o Civic manual ganha de lavada.
O desenho realmente continua sem ser o forte. É muito atraente na traseira e nas laterais, mas o pára-choque dianteiro “queixudo” deixa a desejar e não combina com o resto. Por dentro, no entanto, tem-se uma sensação clara de estar num carro completamente diferente de tudo que está à venda no mercado hoje. O painel em dois andares é muito bonito e impressionante, assim como a qualidade dos plásticos utilizados e os seus encaixes. Sendo bem chato, como costumo ser quando se trata de acabamento, é possível encontrar pontos onde o Vectra é superior, como na forração em carpete do porta-mapas nas portas, embora o Civic responda na precisão do acionamento dos seus comandos – seta, pára-brisa, rádio, ar-condicionado. Neste ponto, é o melhor carro nacional.
Nota-se, num olhar detalhado, que o Civic ainda é um carro de entrada, que no Brasil assume uma conotação premium pela pobreza média ainda de nossa população. O modelo não possui iluminação nos espelhos dos pára-sóis nem regulagem do intervalo do temporizador do pára-brisa nem maçanetas internas cromadas – itens presentes no Golf 1.6 básico quando lançado, em 1999 (só para se ter uma idéia da revolução que foi aquela geração do VW em termos de acabamento). Existem outros poréns: só o vidro do motorista tem acionamento um-toque, e apenas para descida. A chave é um horror, uma perna longa de metal sem graça nenhuma. O porta-malas, além de pequeno, tem dobradiças antigas, em formato de alça, e não tem absolutamente nenhum acabamento na tampa.
Você deve se perguntar, agora, se a minha surpresa foi na verdade uma decepção. Não, não foi. Todos esses pontos me incomodam, sim, mas todos eles ficam pequenos se comparados à maravilha que é dirigir um.
Começamos pelo banco: o tecido é bom e convidativo. O formato é o ideal, com apoio lombar e lateral na medida exata. Vamos lembrar como é difícil um banco assim hoje em dia? Temos o banco plano do Focus; o assento curto do Fiesta / Eco; o excesso de pressão lombar de Astra / Vectra; ter um banco realmente ideal é difícil, e o Honda consegue. A regulagem do encosto por alavanca não é tão boa quanto a por rodinha, mas é possível encontrar um ajuste ideal, juntamente com o ajuste de altura e profundidade do volante.
O volante. É estranho no primeiro contato, graças às suas dimensões pequenas. Mas acostumar com ele e não querer outra coisa é questão de segundos. O acabamento em couro é perfeito e a pega, idem. Nada daqueles volantes planos e sem graça. A maciez dos pedais é exemplar, e aqui vale um grande elogio à embreagem, de curso extremamente curto, convidando a uma tocada realmente esportiva, embora com todo o conforto de ser acionada várias vezes num congestionamento.
Essa confusão toda para tentar explicar a minha sensação de absoluto embasbacamento, queixo caído, absoluta surpresa, ao dirigir o Honda Civic LXS de câmbio manual. É muito difícil hoje um carro me surpreender. Pode acontecer com veículos de luxo ou super esportivos, mas não com um carro nacional e inclusive cuja versão de topo eu já havia dirigido. Mas aconteceu.
Já discutimos várias vezes por aqui que existem muitos aspectos num carro que caem no gosto pessoal. Eu teho o meu, e para os mais atentos não deve ser difícil notar: gosto de bom acabamento, solidez de construção, esportividade na tocada, designs mais classudos, e muita modernidade embarcada. Para os meus quesitos, que definem um carro bom ou ruim na minha opinião, o Civic manual ganha de lavada.
O desenho realmente continua sem ser o forte. É muito atraente na traseira e nas laterais, mas o pára-choque dianteiro “queixudo” deixa a desejar e não combina com o resto. Por dentro, no entanto, tem-se uma sensação clara de estar num carro completamente diferente de tudo que está à venda no mercado hoje. O painel em dois andares é muito bonito e impressionante, assim como a qualidade dos plásticos utilizados e os seus encaixes. Sendo bem chato, como costumo ser quando se trata de acabamento, é possível encontrar pontos onde o Vectra é superior, como na forração em carpete do porta-mapas nas portas, embora o Civic responda na precisão do acionamento dos seus comandos – seta, pára-brisa, rádio, ar-condicionado. Neste ponto, é o melhor carro nacional.
Nota-se, num olhar detalhado, que o Civic ainda é um carro de entrada, que no Brasil assume uma conotação premium pela pobreza média ainda de nossa população. O modelo não possui iluminação nos espelhos dos pára-sóis nem regulagem do intervalo do temporizador do pára-brisa nem maçanetas internas cromadas – itens presentes no Golf 1.6 básico quando lançado, em 1999 (só para se ter uma idéia da revolução que foi aquela geração do VW em termos de acabamento). Existem outros poréns: só o vidro do motorista tem acionamento um-toque, e apenas para descida. A chave é um horror, uma perna longa de metal sem graça nenhuma. O porta-malas, além de pequeno, tem dobradiças antigas, em formato de alça, e não tem absolutamente nenhum acabamento na tampa.
Você deve se perguntar, agora, se a minha surpresa foi na verdade uma decepção. Não, não foi. Todos esses pontos me incomodam, sim, mas todos eles ficam pequenos se comparados à maravilha que é dirigir um.
Começamos pelo banco: o tecido é bom e convidativo. O formato é o ideal, com apoio lombar e lateral na medida exata. Vamos lembrar como é difícil um banco assim hoje em dia? Temos o banco plano do Focus; o assento curto do Fiesta / Eco; o excesso de pressão lombar de Astra / Vectra; ter um banco realmente ideal é difícil, e o Honda consegue. A regulagem do encosto por alavanca não é tão boa quanto a por rodinha, mas é possível encontrar um ajuste ideal, juntamente com o ajuste de altura e profundidade do volante.
O volante. É estranho no primeiro contato, graças às suas dimensões pequenas. Mas acostumar com ele e não querer outra coisa é questão de segundos. O acabamento em couro é perfeito e a pega, idem. Nada daqueles volantes planos e sem graça. A maciez dos pedais é exemplar, e aqui vale um grande elogio à embreagem, de curso extremamente curto, convidando a uma tocada realmente esportiva, embora com todo o conforto de ser acionada várias vezes num congestionamento.
E com isso chegamos ao ápice. O câmbio. Anotem aí: o câmbio manual do Civic LXS é o melhor câmbio manual à disposição num carro nacional. Melhor que o da linha Fox / Polo / Golf. Melhor que o do Focus. Melhor que o do Fiesta e o da Eco. Todos câmbios excelentes, mas não excepcionais. O câmbio do Civic é referência em precisão dos engates, tamanho do curso, facilidade de acionamento (a ré não requer anel-trava, é como se fosse uma sexta marcha). Sinceramente, é preciso ser muito fã de um automático para ignorar essa preciosidade à disposição.
A suspensão complementa essa impressão com perfeição, ao puxar ligeiramente para o lado rígido. Não me entendam mal: o carro é macio, sim, numa tocada tranqüila, mas responde maravilhosamente bem quando exigido – coisas de suspensão moderna, que só encontram paralelo no Focus.
O motor é o estado da arte em engenharia. Os mais modernos motores 1.8 16v do mundo geram em torno de 140 cv, exatamente a potência da unidade. E tudo de forma muito suave, subindo de giro de forma linear e com o típico aumento de potência acima dos 4 mil giros, como é de motores multiválvulas. É um motor que gosta de girar e pede isso para entregar potência, e nesse sentido deve ser dirigido de forma diferente do que um Vectra 2.0, por exemplo. Enquanto este tem bastante torque já a partir da rotação de funcionamento, o Honda requer que se aproveite melhor as marchas – e aqui cabe minha crítica severa ao automático. O câmbio automático, sem exceção, precisa de um motor com muito torque para ocultar suas deficiências. Tanto que a propagação do câmbio automático como opção viável se deu mesmo nos EUA, onde os motores V8 de alta cilindrada não tinham problemas de torque – imagine utilizar os primeiros câmbios automáticos americanos, os Torqueflite de DUAS marchas, num quatro cilindros europeu. Sem chance, a coisa não teria vingado. É por isso que concordo com um colega do Orkut que diz que câmbio automático, para ele, só em carro com mais de 30 kgfm de torque, valor de motores 6 cilindros. Aí, com empuxo de sobra, não há problemas em usar uma caixa automática (a não ser que seja um câmbio de última geração como o DSG da VW, aí é outra conversa. Mas ainda não temos câmbios com esse talento nos carros nacionais). Portanto, o motor do Honda casa à perfeição com o câmbio manual.
Pois bem: isto somado, é um carro que veste o motorista. Que é pensado no prazer em dirigir, que faz da ida diária ao trabalho um prazer.
Hoje no almoço estava conversando com uma amiga que pretende comprar um compacto premium, e está na dúvida entre Fit e Punto. Todos na mesa foram prontos em elogiar o Fit pelas qualidades que, de fato, o fazem uma excelente compra: durabilidade, acabamento, praticidade. Eu respondi com outra pergunta: “carro para você é paixão ou é transporte?”. Se for transporte, o Fit é imbatível. Se seu caso for paixão, o Punto entrega muito mais envolvimento e qualidades dinâmicas do que o Fit, que é frio no contato com o motorista.
Isso só torna o Civic ainda mais impressionante: um carro com a durabilidade e a facilidade de revenda de um Honda, mas que te dá prazer ao dirigir. São qualidades tão grandes que conseguem eclipsar os pequenos defeitos do carro – cujos detratores o chamam de “pelado”. Pelado pois não precisa de roupas para esconder defeito nenhum.
Estilo 8 – Não passa despercebido. Alguns acham lindo, outros feio. Eu tenho ressalvas quanto à dianteira, mas vamos dar-lhe os méritos por ao menos tentar sair da mesmice.
Imagem – Na Europa, é carro de velho. Nos EUA, de classe média. No Brasil, é um carro premium, que não espanta se o manobrista deixar na porta do restaurante. Está aqui mais associado a pais de família, embora seu estilo bastante ousado permita que ele seja dirigido por jovens e combine com eles (algo que não acontece com Vectra e Mégane, por exemplo). Decididamente mais masculino que feminino.
Acabamento 9 – Plásticos dos melhores já vistos no Brasil, encaixe perfeito das peças, tecidos excelentes, botões de acionamento preciso e macio. Não leva 10 por não ter o algo a mais que alguns concorrents oferecem: iluminação nos pára-sóis, maçanetas cromadas, forro no porta-malas.
Posição de dirigir 10 – Seres humanos têm formas diferentes. Para mim, é necessário que o carro possua pedais mais afastados e um volante mais próximo, e nisso o Civic é ideal. Volante e pedais alinhados, e um banco irrepreensível. A manopla de câmbio baixa, de pega ideal, e o volante de diâmetro reduzido e em couro só colaboram.
Instrumentos 9 – Entrega o básico, se formos ver (combustível, temperatura, velocímetro e conta-giros), mas como entrega. Eu não gosto de mostradores digitais, mas neste caso sou obrigado a abrir uma exceção. A iluminação em azul é maravilhosa.
Itens de conveniência 8 – Nota oito num carro com trio elétrico, direção hidráulica, ABS, duplo airbag e ar-condicionado? O ar poderia ser digital; algumas regulagens do banco poderiam ser elétricas; teto solar poderia ser oferecido como opcional. Nada é perfeito.
Espaço interno 6 – Não é o forte. Ótimo para os passageiros dianteiros, apenas adequado para os de trás. O bom entreeixos e o assoalho traseiro plano contribuem para o conforto traseiro, mas o espaço para as cabeças é bem diminuto. Se o transporte familiar constante é uma preocupação, o Civic não é o carro indicado.
Porta-malas 1 – Não há porque dourar a pílula. Todo mundo sabe que este é o ponto fraco do carro e não há o que discutir. A capacidade é comparável a de hatches como 307 e Focus, e limita-se quase à metade dos concorrentes (340 contra mais de 500 litros). Numa emergência, pode-se deixar o carpete do forro em casa junto com o enchimento que nivela o fundo do porta-malas ao estepe, para colocar mais coisas. Mas não é o ideal. Isto, combinado com a falta de forração, traduz-se nesta nota medíocre.
Motor 10 – Reúne o que há de mais moderno, é potente e econômico, e ainda por cima flex. É suave e silencioso, gosta de subir de giro e ronca agradavelmente acima dos 5 mil giros. Falta torque em baixa rotação, o que pode causar estranheza para muitos motoristas, mas não para o entusiasta.
Desempenho 8 – Canhão, canhão, não é. O motor não tem aquele empuxo inicial e o câmbio tem relações longas – não estranhe se um Astra ou Vectra pular na frente nos primeiros metros de uma arrancada. Mas o conjunto é mais do que suficiente no dia-a-dia e inclusive numa tocada esportiva, desde que se mantenha o motor em alto giro.
Câmbio 10 – Não só é o melhor nacional em tamanho, precisão e curso dos engates, como ainda por cima tem a ré como uma 6ª. marcha, sem travas desnecessárias. Como a cereja no topo do bolo, tem relações longas, permitindo que se explore bem as rotações do motor e garantindo silêncio e economia em viagens.
Freios 10 – O que era um ponto fraco do Civic anterior tornou-se um ponto forte, com freios a disco nas 4 rodas e ABS em todas as versões. O pedal é progressivo e fácil de se acostumar. Poderia ter EBD, a distribuição da força de frenagem entre os eixos.
Suspensão 10 – Uma das mais modernas do mercado, o que lhe confere um “multi-caratismo”: suavidade na tocada tranquila, rigidez ao dirigir esportivamente. A calibração é mais para a dureza, ao contrário do Fusion, mais macio e no entanto muito capaz em curvas.
Estabilidade 10 – Perfeita para o porte do carro. O foco da suspensão está aqui, bem como das rodas aro 16 com bastante borracha em contato com o solo. Vamos lembrar que é o mesmo chassi, com pequenas alterações, do Civic Si, 60 cv mais potente.
Segurança passiva 7 – Cintos de segurança de três pontos para os cinco ocupantes e air bag para motorista e passageiro já são triviais nessa categoria. Pontos positivos pelos ótimos freios e negativos pela ausência de bolsas infláveis laterais e de cortina, algo que existe nas versões no exterior.
Custo-benefício 9 – É caro. Não oferece alguns equipamentos que a concorrência tem. Mas nenhum desses carros tem um motor tão potente, suave e econômico; uma suspensão tão evoluída; um câmbio tão prazeroso; um envolvimento tão grande do motorista. Para quem realmente gosta de dirigir, é a opção na faixa de preço.
A suspensão complementa essa impressão com perfeição, ao puxar ligeiramente para o lado rígido. Não me entendam mal: o carro é macio, sim, numa tocada tranqüila, mas responde maravilhosamente bem quando exigido – coisas de suspensão moderna, que só encontram paralelo no Focus.
O motor é o estado da arte em engenharia. Os mais modernos motores 1.8 16v do mundo geram em torno de 140 cv, exatamente a potência da unidade. E tudo de forma muito suave, subindo de giro de forma linear e com o típico aumento de potência acima dos 4 mil giros, como é de motores multiválvulas. É um motor que gosta de girar e pede isso para entregar potência, e nesse sentido deve ser dirigido de forma diferente do que um Vectra 2.0, por exemplo. Enquanto este tem bastante torque já a partir da rotação de funcionamento, o Honda requer que se aproveite melhor as marchas – e aqui cabe minha crítica severa ao automático. O câmbio automático, sem exceção, precisa de um motor com muito torque para ocultar suas deficiências. Tanto que a propagação do câmbio automático como opção viável se deu mesmo nos EUA, onde os motores V8 de alta cilindrada não tinham problemas de torque – imagine utilizar os primeiros câmbios automáticos americanos, os Torqueflite de DUAS marchas, num quatro cilindros europeu. Sem chance, a coisa não teria vingado. É por isso que concordo com um colega do Orkut que diz que câmbio automático, para ele, só em carro com mais de 30 kgfm de torque, valor de motores 6 cilindros. Aí, com empuxo de sobra, não há problemas em usar uma caixa automática (a não ser que seja um câmbio de última geração como o DSG da VW, aí é outra conversa. Mas ainda não temos câmbios com esse talento nos carros nacionais). Portanto, o motor do Honda casa à perfeição com o câmbio manual.
Pois bem: isto somado, é um carro que veste o motorista. Que é pensado no prazer em dirigir, que faz da ida diária ao trabalho um prazer.
Hoje no almoço estava conversando com uma amiga que pretende comprar um compacto premium, e está na dúvida entre Fit e Punto. Todos na mesa foram prontos em elogiar o Fit pelas qualidades que, de fato, o fazem uma excelente compra: durabilidade, acabamento, praticidade. Eu respondi com outra pergunta: “carro para você é paixão ou é transporte?”. Se for transporte, o Fit é imbatível. Se seu caso for paixão, o Punto entrega muito mais envolvimento e qualidades dinâmicas do que o Fit, que é frio no contato com o motorista.
Isso só torna o Civic ainda mais impressionante: um carro com a durabilidade e a facilidade de revenda de um Honda, mas que te dá prazer ao dirigir. São qualidades tão grandes que conseguem eclipsar os pequenos defeitos do carro – cujos detratores o chamam de “pelado”. Pelado pois não precisa de roupas para esconder defeito nenhum.
Estilo 8 – Não passa despercebido. Alguns acham lindo, outros feio. Eu tenho ressalvas quanto à dianteira, mas vamos dar-lhe os méritos por ao menos tentar sair da mesmice.
Imagem – Na Europa, é carro de velho. Nos EUA, de classe média. No Brasil, é um carro premium, que não espanta se o manobrista deixar na porta do restaurante. Está aqui mais associado a pais de família, embora seu estilo bastante ousado permita que ele seja dirigido por jovens e combine com eles (algo que não acontece com Vectra e Mégane, por exemplo). Decididamente mais masculino que feminino.
Acabamento 9 – Plásticos dos melhores já vistos no Brasil, encaixe perfeito das peças, tecidos excelentes, botões de acionamento preciso e macio. Não leva 10 por não ter o algo a mais que alguns concorrents oferecem: iluminação nos pára-sóis, maçanetas cromadas, forro no porta-malas.
Posição de dirigir 10 – Seres humanos têm formas diferentes. Para mim, é necessário que o carro possua pedais mais afastados e um volante mais próximo, e nisso o Civic é ideal. Volante e pedais alinhados, e um banco irrepreensível. A manopla de câmbio baixa, de pega ideal, e o volante de diâmetro reduzido e em couro só colaboram.
Instrumentos 9 – Entrega o básico, se formos ver (combustível, temperatura, velocímetro e conta-giros), mas como entrega. Eu não gosto de mostradores digitais, mas neste caso sou obrigado a abrir uma exceção. A iluminação em azul é maravilhosa.
Itens de conveniência 8 – Nota oito num carro com trio elétrico, direção hidráulica, ABS, duplo airbag e ar-condicionado? O ar poderia ser digital; algumas regulagens do banco poderiam ser elétricas; teto solar poderia ser oferecido como opcional. Nada é perfeito.
Espaço interno 6 – Não é o forte. Ótimo para os passageiros dianteiros, apenas adequado para os de trás. O bom entreeixos e o assoalho traseiro plano contribuem para o conforto traseiro, mas o espaço para as cabeças é bem diminuto. Se o transporte familiar constante é uma preocupação, o Civic não é o carro indicado.
Porta-malas 1 – Não há porque dourar a pílula. Todo mundo sabe que este é o ponto fraco do carro e não há o que discutir. A capacidade é comparável a de hatches como 307 e Focus, e limita-se quase à metade dos concorrentes (340 contra mais de 500 litros). Numa emergência, pode-se deixar o carpete do forro em casa junto com o enchimento que nivela o fundo do porta-malas ao estepe, para colocar mais coisas. Mas não é o ideal. Isto, combinado com a falta de forração, traduz-se nesta nota medíocre.
Motor 10 – Reúne o que há de mais moderno, é potente e econômico, e ainda por cima flex. É suave e silencioso, gosta de subir de giro e ronca agradavelmente acima dos 5 mil giros. Falta torque em baixa rotação, o que pode causar estranheza para muitos motoristas, mas não para o entusiasta.
Desempenho 8 – Canhão, canhão, não é. O motor não tem aquele empuxo inicial e o câmbio tem relações longas – não estranhe se um Astra ou Vectra pular na frente nos primeiros metros de uma arrancada. Mas o conjunto é mais do que suficiente no dia-a-dia e inclusive numa tocada esportiva, desde que se mantenha o motor em alto giro.
Câmbio 10 – Não só é o melhor nacional em tamanho, precisão e curso dos engates, como ainda por cima tem a ré como uma 6ª. marcha, sem travas desnecessárias. Como a cereja no topo do bolo, tem relações longas, permitindo que se explore bem as rotações do motor e garantindo silêncio e economia em viagens.
Freios 10 – O que era um ponto fraco do Civic anterior tornou-se um ponto forte, com freios a disco nas 4 rodas e ABS em todas as versões. O pedal é progressivo e fácil de se acostumar. Poderia ter EBD, a distribuição da força de frenagem entre os eixos.
Suspensão 10 – Uma das mais modernas do mercado, o que lhe confere um “multi-caratismo”: suavidade na tocada tranquila, rigidez ao dirigir esportivamente. A calibração é mais para a dureza, ao contrário do Fusion, mais macio e no entanto muito capaz em curvas.
Estabilidade 10 – Perfeita para o porte do carro. O foco da suspensão está aqui, bem como das rodas aro 16 com bastante borracha em contato com o solo. Vamos lembrar que é o mesmo chassi, com pequenas alterações, do Civic Si, 60 cv mais potente.
Segurança passiva 7 – Cintos de segurança de três pontos para os cinco ocupantes e air bag para motorista e passageiro já são triviais nessa categoria. Pontos positivos pelos ótimos freios e negativos pela ausência de bolsas infláveis laterais e de cortina, algo que existe nas versões no exterior.
Custo-benefício 9 – É caro. Não oferece alguns equipamentos que a concorrência tem. Mas nenhum desses carros tem um motor tão potente, suave e econômico; uma suspensão tão evoluída; um câmbio tão prazeroso; um envolvimento tão grande do motorista. Para quem realmente gosta de dirigir, é a opção na faixa de preço.
Comentários
Mas um carro que custa 73.000 reais, como um CIVIC LXL e não tem espelho de cortesia nos para-sol?
E não tem um centímetro de plástico macio? Somente plástico rígido(muito bem encaixados, diga-se de passagem)? E a tampa do porta malas sem forro? E o material daquele para-sol me deixou embasbacado, pois é de qualidade inferior até ao de um Fox que custa 31.000 reais. A Honda brinca com coisa séria! Vc pode dizer que são detalhes, mas em um carro de 73.000 reais são detalhes que se tornam muito importantes.
Estou para comprar um honda civic 2007 LXS porém fiquei bastante desanimado ao saber que não tem EBD.
Abraços,