Zooropa
O mercado Europeu tem muitas semelhanças com o nosso quando o assunto é automóveis – muito mais que o americano. Enquanto nos EUA Golf e Focus são carros de entrada, e as linhas Fusion-Accord-Camry são o típico sedã classe média, na Europa as coisas ganham mais parâmtero. Existe uma linha de carros super compactos, ou urbanos, que é bastante valorizada. O exemplo mais extremo é o Smart, o diminuto carrinho de 2 lugares criado numa joint-venture da Mercedes com a Swatch, fabricante suíça de relógios. Aparece bastante na Europa, embora quem ganhe as ruas mesmo sejam seus rivais compactos, categoria da qual o Fox faz parte, junto com Fiesta, C3, 206 (agora 207) e Polo. São os carros de entrada, como o nosso Celta.
A categoria seguinte é a dos hatchbacks. A rigor, esta é a categoria de entrada. Os compactos, na Europa, não são o carro da família, como aqui, mas sim as alternativas para quem tem pouco espaço ou anda sozinho. São carros de nicho. Os produtos de verdade começam com Golf, Focus, 307, Tiida, Astra e por aí vai.
Se até então é fácil identificar semelhanças, é de agora em diante que as coisas ficam nebulosas. Pois lá existe um achatamento de preços muito forte nas categorias superiores – um Mercedes classe C, por exemplo, custa o dobro de um Focus, enquanto aqui custa quatro vezes mais. Essa viabilidade dos sedãs que aqui são vendidos como tudo de bom é o maior choque entre o trânsito de lá e o daqui. Os sedãs pequenos e médios alemães (C, E, 3, 5, A4, A6) são MUITO vendidos. São carros ao alcance da maioria dos mortais – já os tops (S, 7, A8) são realmente exclusivos e se vê muito poucos deles na rua. Esta faixa já começa a competir com a gama Porsche, Aston Martin e Bentley, enquanto Rolls Royce, Ferrari e Lamborghini ficam acima. Esses são exclusivos em todo lugar (no período, vi pelo menos dez Porsches 911 – sem contar Boxster e Cayman – três Astons e dois Bentleys. Rolls, Ferrari e Lamborga, um de cada – Phantom, 430 e Diablo, respectivamente).
É nessas horas que devíamos ficar mais emputecidos com a taxa de impostos inútil que pagamos. Deve ser vergonhoso para a montadora vender Accord e Camry aqui como carros de luxo, coisa que não são. Se passam essa impressão, muito se deve ao fato de serem carros bem-feitos e que têm de lidar com intensa competição estrangeira.
Vamos imaginar, por um segundo, uma situação hipotética onde o Brasil exporte veículos para um país mais pobre, mas com indústria local no segmento. Digamos Índia. Se os nossos produtos fossem bons e estivessem competindo pelo mercado (e não simplesmente se aproveitando das altas taxas de crescimento), poderiam ser vendidos lá como algo premium, acima da indústria local, e teriam argumentos para fazê-lo (motorização, acabamento, tecnologia, etc.), como Accord e Camry aqui. Agora, vai vender Astra, Vectra, Golf 4,5 com essa cara de premium. Pelo amor de Deus, o carro mais pobre da Índia não deve ser muito pior do que essas aberrações.
Infelizmente, temos sido vítimas do próprio aquecimento do nosso mercado. Ás vezes é até bom uma recessão viu...
A categoria seguinte é a dos hatchbacks. A rigor, esta é a categoria de entrada. Os compactos, na Europa, não são o carro da família, como aqui, mas sim as alternativas para quem tem pouco espaço ou anda sozinho. São carros de nicho. Os produtos de verdade começam com Golf, Focus, 307, Tiida, Astra e por aí vai.
Se até então é fácil identificar semelhanças, é de agora em diante que as coisas ficam nebulosas. Pois lá existe um achatamento de preços muito forte nas categorias superiores – um Mercedes classe C, por exemplo, custa o dobro de um Focus, enquanto aqui custa quatro vezes mais. Essa viabilidade dos sedãs que aqui são vendidos como tudo de bom é o maior choque entre o trânsito de lá e o daqui. Os sedãs pequenos e médios alemães (C, E, 3, 5, A4, A6) são MUITO vendidos. São carros ao alcance da maioria dos mortais – já os tops (S, 7, A8) são realmente exclusivos e se vê muito poucos deles na rua. Esta faixa já começa a competir com a gama Porsche, Aston Martin e Bentley, enquanto Rolls Royce, Ferrari e Lamborghini ficam acima. Esses são exclusivos em todo lugar (no período, vi pelo menos dez Porsches 911 – sem contar Boxster e Cayman – três Astons e dois Bentleys. Rolls, Ferrari e Lamborga, um de cada – Phantom, 430 e Diablo, respectivamente).
É nessas horas que devíamos ficar mais emputecidos com a taxa de impostos inútil que pagamos. Deve ser vergonhoso para a montadora vender Accord e Camry aqui como carros de luxo, coisa que não são. Se passam essa impressão, muito se deve ao fato de serem carros bem-feitos e que têm de lidar com intensa competição estrangeira.
Vamos imaginar, por um segundo, uma situação hipotética onde o Brasil exporte veículos para um país mais pobre, mas com indústria local no segmento. Digamos Índia. Se os nossos produtos fossem bons e estivessem competindo pelo mercado (e não simplesmente se aproveitando das altas taxas de crescimento), poderiam ser vendidos lá como algo premium, acima da indústria local, e teriam argumentos para fazê-lo (motorização, acabamento, tecnologia, etc.), como Accord e Camry aqui. Agora, vai vender Astra, Vectra, Golf 4,5 com essa cara de premium. Pelo amor de Deus, o carro mais pobre da Índia não deve ser muito pior do que essas aberrações.
Infelizmente, temos sido vítimas do próprio aquecimento do nosso mercado. Ás vezes é até bom uma recessão viu...
Comentários
Li muita coisa sobre o carro, inclusive em sites de fora, e digo com tranquilidade que a precisão e riqueza de detalhes deste relato é digna de elogios.
Estou muito satisfeito com o carro.