Discordando

Caros,

Perdoem a demora nas atualizações. A vida real está acelerada e demandando mais tempo do que de costume. Prometemos para compensar um super teste até o final do ano.

Enquanto isso, algumas opiniões sendo escritas por aí das quais discordamos fortemente. Vamos a elas:

http://autoentusiastas.blogspot.com.br/2013/12/dez-ferraris-que-nao-gosto.html

Concordamos completamente com o autor em afirmar que a Ferrari é uma empresa automotiva como outras e que tem seus altos e baixos. Existem muitas Ferraris bastante esquecíveis, especialmente no final dos anos 70 ao começo dos 90.

Agora, encabeçar uma lista de Ferraris que não aprecia com a 458 Italia é um pouco demais. Claro que gosto é gosto e ainda bem que existem opiniões diferentes – o mundo seria muito chato se todos pensassem igual -, mas a 458 é um dos melhores esportivos já desenvolvidos, de desempenho equivalente ao dos supercarros da Ferrari, aliado a precisão cirúrgica na direção e um ronco inesquecível do motor. A 458 vem paulatinamente ganhando elogios em toda a imprensa especializada e simplesmente e engoliu o Gallardo desde que foi lançada.

Discordamos ainda de outras Ferraris citadas, como a 360, a 430 e a California.

http://bestcars.uol.com.br/bc/informe-se/colunas/marcas-mercado/416-do-carro-hatch-compacto-para-o-medio-uma-troca-em-geral-emocional/

Talvez a troca mais racional que exista seja a de um compacto para um médio. O apelo do médio é bastante claro: espaço, status, motorização e câmbio superiores, menor nível de NVH. Além disso, em muitos casos, o gasto com manutenção e combustível é igual ao do compacto e o do seguro pode ser até menor.

O ponto do autor, na verdade, é a comparação entre razão e emoção na troca de um carro. E embora muita gente queira complicar este ponto, ele na verdade é muito simples. Racionalmente, compre um carro suficiente para seu uso e fique com ele por muitos anos até ele desmontar. Repita.

Ainda bem que a vida não é feita somente de decisões racionais – se fosse, ninguém trocaria de carro, compraria casa ou casaria. O aspecto emocional fala alto e é ele que permite a existência de Ferraris, Lamborghinis, piscinas com borda infinita e festas de casamento de arromba.

http://carros.uol.com.br/colunas/alta-roda/2013/11/26/longe-das-pesquisas-interesse-por-carros-ainda-e-alto-e-justificavel.htm

Fernando Calmon tem adotado algumas posições difíceis de justificar. Uma é a defesa dos preços dos carros no Brasil.

Na coluna citada, a nosso ver Calmon distorce algumas estatísticas para provar a própria tese. Não dá certo para o leitor mais atento. Por exemplo: “Bastam dois exemplos: em São Paulo apontaram que 90% das pessoas apoiam a IVA, a polêmica inspeção veicular (ambiental). A surpresa foi não alcançar 100%, como deveria. Mas se a pergunta fosse sobre IVA para carros seminovos, com até quatro anos de uso, o resultado seria 10%.” Note que não existe nenhuma garantia que o resultado se inverteria.

Outro exemplo: “Há um fato inquestionável: mercados maduros estão saturados e a frota quase não cresce. Nem a população... Produção basicamente voltada para substituição. Situação oposta nos países emergentes, onde a relação de veículos/1.000 habitantes é bastante baixa. Se indagassem a qualquer jovem destes países, a resposta seria outra. Aspiração justa e até concorrente com a da casa própria.”

O raciocínio do parágrafo acima é o mesmo de se achar que, nos mercados em desenvolvimento, todas as pessoas terão uma linha de telefone fixo para depois optarem por um celular. O que é ignorado nesta afirmação é que o desenvolvimento acontece muitas vezes em saltos, e a aspiração por ter um automóvel pode ficar para trás. A próxima geração não necessariamente segue os passos da atual.

Mais uma: “De fato, longos congestionamentos podem levar a se questionar a utilidade de um automóvel. Mas esquecem de que rádios do passado com válvulas e chiados, para amenizar, foram substituídos por quase estúdios ambulantes de som, vídeo, telefonia, navegação por internet e GPS, além de TV (quando parado). A baixa mobilidade não é apenas urbana. No último feriado, percorrer trechos de 100 km em 9 horas ou mais aconteceu em várias estradas.”

Calmon ignora que o consumo de informação cresceu verozmente. Outro dia chamou-nos a atenção num táxi onde havia um smartphone, um GPS e uma TV ligados ao mesmo tempo. O taxista consumia toda aquela informação no trânsito parado. E consumir informação no trânsito, que requer atenção, nunca poderá ser feito na mesma velocidade que a nova geração está acostumada. Então por que não deixar o trânsito de lado e consumir a informação na velocidade que se está acostumado enquanto utiliza-se o transporte público?

(importante deixar claro aqui que o M4R é obviamente fã do automóvel, mas há que se entender a discussão. E se as pessoas que não curtem carro pudessem optar por um transporte público inteligente – leia-se metrô e não corredores idiotas de ônibus – seria melhor pra todo mundo)

E agora um parágrafo com o qual concordamos completamente: “Trata-se de uma situação à qual poetas de soluções simplistas deveriam estar mais atentos. Um carro no portão da fábrica paga 67% de impostos (cerca de 40% do preço de venda) até ser emplacado. Depois, a cada cinco anos, há tantas taxas e encargos que significam entregar outro carro novo ao governo. Então, ninguém pode ter sentimento de culpa ao se construir túnel, viaduto, via expressa ou duplicar estrada. Os motoristas, com paciência de bovinos, pagaram por tudo isso. Seu único direito é bancar sem reclamar?” Este raciocínio “mereço pois pago impostos” é complicado – é um dos utilizados pela indústria do fumo -, mas é fato que a fabricação de automóveis é o item que mais movimenta a economia nacional se considerarmos toda a cadeia de produção. Construir estradas, pontes e viadutos deve também estar na pauta do governo. Não esqueçamos que, mesmo com esta suposta prioridade que o Brasil dá ao transporte rodoviário, temos menos vias asfaltadas que o México (país bem menor e com pouco mais de 1/3 da população).

Comentários

Anônimo disse…
Obrigado meu Pai ele não morreu!

ISM

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