Impressões: Citroën DS3

A chegada do DS3 ao Brasil é uma humilhação vergonhosa para alguns concorrentes e um grande elogio a um outro carro com nada a ver.

A linha DS se propõe a ser uma faixa superior aos Citroëns atuais, um híbrido entre uma Lexus – que é superior a Toyota e rompe as ligações com a empresa-mãe – e as divisões esportivas AMG e M, que ostentam toda a pegada Mercedes e BMW. O objetivo é rejuvenescer a Citroën e atrair consumidores modernos e antenados para a marca, diferenciando-a mais claramente da irmã Peugeot, que fica com os carros mais burocráticos – e de maior volume.

Entenda-se ou não a estratégia de marketing, fato é que a linha DS faz sucesso na Europa. Nem tanto em vendas, mas em prestígio. Num episódio recente do Top Gear, o DS3 Racing foi o carro escolhido pelo Jeremy Clarkson para um rolê pela Itália, e saiu-se melhor que os concorrentes Clio RenaultSport e Fiat 500 Abarth. Vale lembrar que o DS3, na Europa, é menor e não concorre diretamente com os pilares Golf GTI e Focus ST.

Com bons anos de atraso – a Citroën ameaçou importar o carrinho ainda em 2009 – finalmente os brasileiros têm acesso ao DS3 em configuração intermediária, com câmbio manual e motor 1.6 turbo de 165 cv, já utilizado em 408, RCZ e 3008. Na Europa existem versões mais mansas e também mais fortes, chegando a 211 cv nas versões Racing.

Como é de praxe em carros franceses, o exterior é muito bonito e o acabamento aparenta ser excelente – mais detalhes ficam para a avaliação. Pelo visto a dirigibilidade também é impecável, em que pese a suspensão de eixo de torção na traseira. O espaço é bom para quatro adultos.

O melhor de tudo é a proposta: um hot hatch, acelerando até 100 km/h em menos de 7,5s, esportivo, diferenciado, bem feito, completo, um estilo de carro que falta no mercado. Ou ao menos falta oferecido de forma decente.

O DS3 é um tiro de doze na boca do Audi A1, do Mini e do RCZ. O Audi é menor, menos bonito e bem mais fraco, com 122 cv. O Mini é igualmente mais fraco, em versão Salt de 120 cv, e bem menos equipado. E o RCZ, que é mais bonito e tem o mesmo conjunto mecânico, é vendido pelo preço absolutamente lunático de R$ 130 mil, completamente fora de qualquer propósito.

E o DS3 é um tremendo elogio a um carro que não tem nada a ver com ele: Jetta TSI. O sedã da VW é mais equipado ainda, vem com suspensão multilink na traseira, câmbio de dupla embreagem, 200 cv e um desempenho à altura. Não é esportivo, não é exclusivo, mas é um pacote completo de equipamentos, espaço e desempenho por R$ 10 mil a mais.