HR-V: primeiras impressões
Se é possível estereotipar marcas, a Honda
é aquela da confiabilidade mecânica, acabamento sofrível, lista de equipamentos
digna de Volkswagen (“supercalotas”, “ar quente”) e preço nas alturas.
É pensando nesses estereótipos que o HR-V
se destaca. Como o UOL disse de forma genial, o HR-V é o primeiro Honda que
“vale a pena”. Que tira nota azul em custo-benefício.
Sobre a confiabilidade mecânica, não há do
que duvidar. Tanto o motor 1.8 quanto o câmbio CVT já vêm prestando bons
serviços há anos.
O acabamento é a melhor surpresa. A Honda
sempre mandou bem nos encaixes, onde faltava era em refinamento dos materiais.
O HR-V não é luxuoso, longe disso, mas mostra um esmero que fazia falta na
marca. Entramos nas versões EX e EXL, então desculpem se omitimos algum detalhe
das versões de entrada. O que vimos foram portas totalmente forradas de tecido
(áspero, sim, mas melhor que o plástico duro que vemos em carros do mesmo preço
como Jetta e Focus), o apoio de braço nas portas revestido num vinil macio
(quem conheceu o Focus MkI saberá que é exatamente o mesmo bom material das
portas desse Ford), os bancos em um couro de bom aspecto na EXL, volante e pomo
da alavanca de câmbio em couro em ambas, assim como detalhes do painel, cluster
com iluminação suave e com teste dos ponteiros, rebatimento suave das alças de
teto e do porta-luvas, iluminação cortesia nos espelhos dos para-sois (raro na
Honda!), e um excelente acabamento em black piano próximo à alavanca de câmbio
e no ar digital do EXL. Ao considerarmos o ambiente como um todo, pareceu-nos
superior inclusive ao CR-V.
A nota negativa vai pro rádio. É passável
na EXL, mas na EX parece um Pioneer dos anos 90 com a tela gigante.
A lista de equipamentos sofreu um upgrade
do padrão Honda, mas não passou pela revolução do interior. Ganha pontos pelo
controle de tração e estabilidade, freios a disco nas quatro rodas (a mesma
Honda que colocou tambores no City!), hill holder, freio de mão elétrico,
direção elétrica e Bluetooth. Na versão EX tem ainda câmera de ré, e a EXL
adiciona tela de 7 polegadas no painel, ar automático, retrovisores externos
com rebatimento elétrico e tilt down, e comandos no volante para trocas na
simulação de marchas do CVT.
Poderia ter sido mais ousado com faróis de
xenônio, park assist, sensores de estacionamento dianteiros, banco elétrico,
teto solar, sensor de luz e chuva, e outros itens que a Honda insiste em
omitir. Agora, falha grave gravíssima é a falta de airbags, dianteiros em toda
a linha e somente a EXL com os laterais. E Fiesta tem 7 airbags.
O preço está nas alturas mesmo. Menos R$
10k em cada versão e já estaria muito bem pago. Agora, se considerarmos o
EcoSport com aquele interior de Fiesta e o Duster com aquele design italiano
todo, até que o HR-V não faz feio. Para quem está realmente a fim, somente uma
dica: espere a onda inicial passar e em breve a Honda estará mais disposta a bons
negócios.
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