Comparativo: VW Golf GTI x Honda Civic Si
Antecipamos
pra você, leitor do M4R, o que todas as revistas, jornais e sites
especializados em automóveis vão trazer como capa nos próximos meses: o
comparativo entre dois esportivos que há pouco voltaram ao Brasil para regar
com suas alegrias esta terra árida, de poucos carros decentes e menos ainda os
com tempero esportivo.
Desnecessário
dizer que a equipe da Honda responsável por trazer o carro estava com um pôster
enorme do GTI na parede e baseou o pacote de equipamentos e motorização do Si
com base na proposta do VW. Comecemos pelo preço: os R$ 120.000 pedidos pelo Si
são competitivos em relação ao GTI, especialmente se pensarmos que os opcionais
pedidos pela Volks no carro são de valor absurdo. Então, embora o GTI de
entrada a 100 mil pareça bem mais barato, e é, a verdade é que a maioria dos
GTIs vendidos vem com pelo menos um pacote de opcionais que eleva seu preço ao
patamar de R$ 120 mil, ou até superior a isso.
Onde
a coisa aperta é justamente na lista de opcionais, e isto passa pelo papel que
cada carro desempenha no exterior. O GTI fez fama como o único carro da
família, desempenho de sobra numa embalagem que preserva todas as praticidades
que se espera de um automóvel. O Top Gear não se cansa de dizer que um Golf GTI
é “todo o carro que você precisa ter”. Então ele se coloca na severa
concorrência europeia como um “all-rounder”, um carro que faz tudo, e isso na
Europa de 2014 significa acabamento impecável, sistema de som com ampla
conectividade, vários airbags e itens de segurança, e gadgets eletrônicos como
o controle adaptativo de distância e o sistema Park Assist de estacionamento.
Não
é o posicionamento do Civic. Carro que nunca decolou na Europa, nos Estados
Unidos ele é transporte básico para ir de A a B, como o rival Corolla, um carro
barato voltado a estudantes ou mesmo famílias que não querem gastar com isso. E
uma versão esportiva de um carro assim não precisa ser tão carregada de
equipamentos. Então o Si vem ao Brasil com o básico, mas nem de longe pode ser
comparado ao Golf em termos de refinamento de cabine ou conveniências.
Esta
diferença, no entanto, se reflete também no trem de força, powertrain, de ambos
ao chegarem ao Brasil. Se o Golf é um carro que as avós também vão usar, pois é
de família, então ele vem equipado com um câmbio automatizado de dupla
embreagem e só existe em carroceria quatro portas, afinal praticidade é
fundamental. O motor entrega amplo torque em baixa para as conduções pacatas da
cidade. Esta nova versão do Si deixa para trás a idiossincrasias do antigo
(câmbio manual e quatro portas? Sedã? Hein?) e assume seu lado esportivo, como
um cupê de duas portas e câmbio manual de altíssima precisão, acoplado a um
motor que, se não desaponta em baixa, se revela mesmo lá nos altos giros.
Esta
diferença “filosófica” entre os dois modelos em suas configurações vendidas no
Brasil é de fundamental importância, pois será a explicação de quem optar por
um ou pelo outro. Porque fazer essa opção entre eles pensando em desempenho ou
nos tempos de volta em pista que estes carros são capazes é inútil. Não é esta
a proposta pois justamente são filosofias diferentes.
Opte
pelo Si se você tem resistência a estas tecnologias como turbo e câmbio de
dupla embreagem, e entende que carro de alta performance é sinônimo de câmbio
manual e motor aspirado girando lá em cima. Muitos entuisiastas de automóveis
vão seguir essa linha, e sem dúvida explorar as altíssimas rotações de um motor
Honda, acoplado a um câmbio manual Honda, e a japonesa é absolutamente
especialista nisso, num pacote cupê, duas portas, esportivo, com um habitáculo
que grita velocidade. Aqui no M4R ficamos com
água na boca só de escrever a cena. Explorar uma pista com um desses
numa tarde ensolarada é programa inesquecível.
Ah,
e caso sua condição familiar seja diferente de solteiro, tenha outro carro na
garagem.
Opte
pelo GTI se você, como Ferrari e Porsche, entende que as tecnologias vieram pra
ficar e que desempenho anda junto com máxima eficiência. Citamos Ferrari e
Porsche pois, como referências em desempenho, toda vez que uma delas ameaça uma
mudança radical os puristas ficam estressados para depois entenderem que tinha
que mudar mesmo. O resultado é que hoje Porsches e Ferraris com câmbio manual
são cada vez mais raros, e os turbos cada vez mais comuns. Então o GTI, com seu
trem de força, vai deixar o Si pra trás na maioria das situações. Se o teu
negócio é mais arrancar no farol do que andar em pista, aposte no VW. O GTI
também deixa o dono satisfeito pela alta tecnologia empregada, algo que também
dá orgulho no entusiasta, além de obviamente ser útil no dia-a-dia. No M4R
tivemos a oportunidade de andar com Lamborghini e Ferrari em pista, e
garantimos que o fato de não serem manuais não tirou subtraiu em nada a
experiência.
Agora,
se você já tem outro carro para levar as malas e as crianças, e se esse carro
já tem um tempero esportivo (estamos olhando para os donos de sedãs turbinados
como Jetta TSI, Fusion EcoBoost, e mesmo os franceses 408 e C4) e você está
pensando num segundo carro pra sair aos domingos e curtir o ato de dirigir, o
GTI pode ser mais do mesmo, e o Si não. O mesmo vale se você tem um sedã e ele
é aquela coisa sem sal, mas que cumpre o objetivo.
Foi
muito inteligente a ideia da Honda de partir para uma carroceria e powertrain
bem diferentes em relação ao GTI, pois criou a diferenciação necessária para o
carro ocupar seu nicho no mercado. O Civic Si anterior não precisava se
preocupar com essa concorrência, e por isso apostou no pacote “esportivo sedã”,
o que hoje em dia não faz mais sentido (vide Fluence GT). O próprio Si
anterior, pouco antes de sair de linha, foi comparado ao Jetta TSI e ficou pra
trás tanto como sedã quanto como esportivo. Hoje, não mais: o Golf ataca de
desempenho e capacidades de um carro multiuso, enquanto o Si mira o entusiasta.
No
M4R teríamos os dois. Se fosse para ter somente um carro, seria o GTI. Se
pudéssemos ter dois, que tal um Jetta TSI/Fusion Titanium e um Civic Si para o
final de semana?
Comentários
Gustavo75