É proibido fumar

O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente divulgaram ontem uma lista qua classifica todos os carros à venda no país por uma das montadoras instaladas aqui pelo grau de poluição emitido. Iniciativa extremamente louvável.

 

Emissões na Europa são papo sério. Na Inglaterra, fazem parte dos guias de compra e os carros são taxados de acordo com a quantidade de combustível que consomem e de partículas que emitem. Via de regra, motores maiores poluem mais.

 

No Brasil, no entanto, a existência dos motores flex bagunçou bastante a tabela. O quinto carro menos poluente da lista é o Ford Edge, um SUV mamute de 1588 kg (quase três Milles) e impulsionado por um V6 de 3.5 litros e 265 cv. O menos poluente é o Focus, 2.0 e 145 cv.

 

Os carros flex foram testados usando álcool e gasolina. O menos poluente usando álcool é o Mille, em oitavo lugar no geral. Depois dele vem o Fiesta 1.6, num distante 15º. lugar. No meio, todos os carros usam gasolina.

 

Tirar a conclusão que o álcool polui mais que a gasolina, no entanto, é muito simplista. O álcool absorve carbono da atmosfera durante o crescimento da cana e, portanto, ao menos parte da poluição é absorvida. Há também de se listar os custos para o transporte de combustível: o petróleo e a gasolina podem vir de longe, num navio, enquanto a fonte do álcool está mais perto e, portanto, polui menos no caminho.

 

Mais do que o combustível utilizado, portanto, o que vale questionar é a eficiência dos motores flex. Existem muitos defensores do motor monocombustível, em especial em lugares onde o álcool não é muito vantajoso financeiramente. Eu mesmo preferiria carros movidos somente à álcool, com uma taxa de compressão elevada que aproveitasse melhor o combustível, reduzindo consumo e aumentando a potência. Infelizmente, graças à incompetência governamental, a indústria acabou aparecendo com a solução do flex, para não ficarmos na mão dos usineiros.

 

Existem diversos casos de má adaptação à tecnologia flex. O Civic, que sempre foi referência em baixo consumo, chega regularmente a fazer 4 km/l com álcool, muito alto. Por sua vez, motores que têm potências próximas com gasolina e álcool estão nitidamente subaproveitando o combustível vegetal, que pode gerar um acréscimo de mais de 10% de potência se bem utilizado.

 

Some-se a isso o fato que Focus e Edge são vendidos lá fora com esses mesmos motores, e as regras de emissão internacionais são bem mais rígidas. Essa baixa emissão é a demonstração de um motor bem acertado, que extrai o máximo do combustível.

 

E vale um adendo: não sabemos qual foi a metodologia, nem a origem dos carros. Marcha-lenta?Acelerando? Qual velocidade? Foi levada em conta a aerodinâmica?

 

Ainda assim, a iniciativa é extremamente louvável e deve iniciar um processo fundamental de conscientização do consumidor brasileiro. Não se deve levar a lista ao pé da letra – ter um Edge não é mais ecologicamente correto do que ter um Corsa, muito pelo contrário -, mas ela é um bom começo.

Comentários

Paulo disse…
Pois é, esse é o ponto: qual a metodologia utilizada? Qual a metodologia utilizada em vários países europeus? E no Japão, como é feito? E nos EUA? Enfim, quem testa não pode ser bitolado...

Abraços

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