O chato do estacionamento
Posso estar completamente errado, mas nesses dias venho constatando uma realidade interessante: mulheres e homens usam pontos de referência diferentes na hora de estacionar. Explico.
Como a maioria dos motoristas realmente cuidadosos, ao estacionar num shopping ou qualquer lugar com um monte de vagas, procuro sempre, em primeiro lugar, uma vaga isolada na qual nenhum carro possa parar do lado. Essas vagas são muito difíceis de se encontrar no estacionamento e são bastante disputadas.
Em não havendo nenhuma dessas vagas disponíveis, o que procuro fazer é estacionar ao lado de uma coluna que fique entre uma vaga e outra. A existência dessa coluna obriga o motorista que for estacionar na vaga ao lado a parar mais longe, para desviar da coluna, e isso tem duas vantagens: mais espaço para se abrir as portas, evitando aquela batidinha comum e tão irritante, e também evita uma improvável porém possível batida no seu carro de um cidadão ou cidadã que não tenha a menor noção para estacionar.
Por conta desse espaço extra, eu normalmente paro o carro bem encostado nessa coluna, muitas vezes com a distância mínima para a passagem do retrovisor, ou às vezes nem isso. O objetivo é dar a maior distância possível para a vaga do outro lado, que não tem separação por coluna, e assim evitar a mesma questão das batidinhas.
No entanto, tenho reparado que essa tática não funciona se o motorista que for estacionar nessa vaga for, na verdade, a motorista.
Evidentemente que estou generalizando, mas aconteceu comigo duas vezes dentre as últimas quatro que pude ver alguém estacionar ao lado do meu carro. Sendo que, nas duas em que isso não aconteceu, o motorista era homem.
Aparentemente, os homens estacionam seu carro usando como referência as linhas no chão que delimitam uma vaga e outra. Assim, com meu carro grudado na coluna, sobra uma distância respeitável entre nossos automóveis e ambos podem abirir suas portas tranquilamente. Já as mulheres, não; a demarcação para elas é o carro ao lado, independente da distância que este carro esteja da linha delimitando as vagas. E mulheres normalmente são magras e precisam de pouco espaço para sair do carro, o que reduz a sua percepção deste "espaço necessário" a uma distância mínima.
As faixas no chão estão ali por um motivo. Já não basta os estacionamentos malucos que acreditam que todos os carros têm a largura de uma moto (como o do shopping Cidade Jardim, voltado para um público de classe alta, que normalmente dirige SUVs, e tem vagas apropriadas para um Gol. O resultado é que, num espaço de três vagas, estacionam uma Pajeto e uma Santa Fe. E pronto). Peço a todos que respeitem o espaço individual do carro na vaga ao lado - e isso vale também pra caras folgados, normalmente homens, que ocupam duas vagas. Podemos todos sair e entrar confortavelmente de nossos automóveis, sem batidas na porta e amassados desnecessários e irritantes.
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