Teste: Renault Sandero Expression 1.6
Sabe quando seu amigo foi conhecer uma garota e voltou falando que ela é “simpática”? Ou a mulher que acha o cara “bonzinho”? Se encararmos o “simpática” e o “bonzinho” como sinônimos de esquecíveis, então temos a perfeita definição do Sandero. E não leve isso somente pelo lado negativo: mil vezes ser “simpático” do que ser “ aquele cara horroroso”.
O Sandero é um hatch médio feito na mesma plataforma do Logan, o Lada do século 21, desenhado num ex-país comunista como um meio de transporte barato sobre quatro rodas. Se o Logan assume suas origens, o Sandero tenta disfarçá-las num esforço que merece aplausos em pé. Não que o carro seja o novo Fiat Punto em beleza, mas vamos e convenhamos que melhorar o desenho de um Logan não é tarefa pra gente sem talento. E eles conseguiram: o carro é agradável, em especial na dianteira. Alguns rejeitam as lanternas traseiras – eu gosto -, mas a meu ver o principal problema são mesmo os vidros planos, medida de economia de custos adotada pelo Logan. E, claro, os péssimos retrovisores iguais nos lados esquerdo e direito.
Por dentro, há o mesmo tapa da economia. O interior é espartano, cheio de plásticos duros e com rebarbas, embora exista um aplique mais claro no painel de um material melhorzinho. Os bancos, como em todo Renault, são o ponto forte: ergonômicos, confortáveis, bem desenhados e de bom tecido (veludo na versão de topo Privilège), embora com a parte de trás em vinil. O painel é uma das coisas mais sem sal da história, conta-giros e velocímetro com uma marcação tradicional, acompanhados de um mostrador digital com marcadores de combustível e temperatura, de barras bem legíveis. O Privilège adiciona computador de bordo.
O banco tem regulagem de altura, mas o volante fixo é algo baixo e incomoda em uso prolongado. O aro do volante tem boa espessura, mas o material é algo áspero. Os comandos estão à mão, meso os botões dos vidros no painel. No caso do carro equipado com vidros elétricos traseiros, seu acionamento fica atrás do freio de mão, uma solução francesa porca que só não é pior do que colocar os botões dentro do cofre do motor.
Ao menos há espaço; aos montes, na verdade. Enquanto a dona Fiat obriga os passageiros de trás do Siena a se espremerem em menos de 2,40m de entreeixos, no Sandero eles têm 20 centímetros a mais para se refestelarem, o que permite viajar com conforto, mesmo com os bancos dianteiros regulados bem pra trás. É um espaço digno de carros como Focus e Corolla. Veja bem: espaço, não conforto. E o porta-malas também é bom, com 320 litros de capacidade (o Civic tem 340, sempre bom frisar), com o estepe embaixo, na partr externa. Suja o pneu e deixa-o mais exposto a furtos, com a discutível vantagem de não se precisar descarregar o porta-malas no caso de pneu furado.
Rodando, o Sandero mostra boa calibração no acionamentop dos pedais e também da suspensão, macia sem comprometer nas curvas mais ágeis. É um bom acerto em se levando em consideração o modelo tradicional de eixo de torção na traseira, e muito mais adequado a nossos pisos esburacados do que a suspensão dura que se vê em carros com o Fox e 207.
O comando de câmbio é dos melhores já vistos num Renault, o que está longe de ser um elogio. Os engates são precisos, mas o curso da alavanca é muito longo.
A verdade é que a Renault conseguiu o que queria; não criou um carro, criou um meio de transporte. Se isto não está tão evidente quanto no Logan, é graças a um bom trabalho de design, pois mecanicamente o carro é bem esquecível – o que, de novo, não é defeito. Quem curte dirigir, e é essa a filosofia seguida por este blog, a do prazer em dirigir, pode se divertir por exemplo com o excelente câmbio e respostas do motor da linha Gol ou Polo, ou ainda se divertir com os carrinhos pequenos endiabrados como Ka 1.6 ou mesmo o 207 1.6 16v e sua assombrosa estabilidade. Ou curtir o design do Punto. Ou até mesmo, nesta faixa de 40 mil reais, ter um velho guerreiro com muitas qualidades, como um rodar impecável: o Focus de modelo antigo. Carros com caráter, como os que acabei de citar, são carros que abrem um sorriso em seu dono quando ele vai dirigi-lo naquela segunda-feira nublada; o motorista sabe que ali terá momentos de prazer. Dirigir um Sandero é pedir para ser transportado, e aí o negócio é extrair o seu prazer diário de outras fontes. Se você já faz isso, vá de Sandero sem medo: o carro não fala mal de ninguém e ainda por cima tem 3 anos de garantia.
Estilo 6 – É infititamente melhor que o Logan, mas isso também não significa muita coisa. A frente e traseira, mais bem cuidadas, destoam da lateral econômica. É um carro que fica melhor em cores fortes: azul, vermelho, amarelo.
Imagem – É um carro jovem e bastante unissex. Nos olhos dos entendidos, no entanto, é e sempre será um carro com foco em preço baixo e não em prazer em dirigir.
Acabamento 4 – Plásticos duros e com rebarbas. Existem momentos bons, como o plástico mais claro do painel e os puxadores de porta dianteiros. Com os bancos de veludo da bersão Privilège a nota pode subir.
Posição de dirigir 4 – É difícil quando a coluna de direção é fixa. As regulagens de altura e distância do banco não são suficientes. O volante fica mais alto do que deveria.
Instrumentos 6 – Os mostradores digitais são bem visíveis, embora não no nível dos analógicos. O desenho painel é mais sem-graça que um bolo de chuchu com cobertura de água. Ao menos a iluminação é eficiente.
Itens de conveniência 7 – Pode vir com os equipamentos mais desejados (ar, direção, vidros e travas elétricos), e dependendo da versão ainda tem acréscimo de computador de bordo, retrovisores elétricos e até air-bag duplo. Mas tudo opcional.
Espaço interno 10 – Sem questionamentos. Amplo na frente e atrás, para pernas e cabeças. O único senão é a largura disponível para o quinto passageiro, mas mesmo nesse quesito o Sandero é bem superior aos rivais.
Porta-malas 8 – Ótima capacidade, comparável à dos hatches médios e bem superior à dos compactos. Mas falta capricho no revestimento.
Motor 8 – O número modesto de potência, 95 cv, mostra que a Renault optou pelo torque em baixas rotações, que de fato é bom: 14,1 m.kgf a baixas 2.850 rpm. O carro desenvolve bem e é muito agradável na cidade, embora a exuberância em desempenho só venha mesmo com o excelente 1.6 16v da Renault. É um arranjo bem mais agradável do que o do Corsa 1.4, mais potente porém em altíssimas rotações.
Desempenho 7 – É da família de carros nacionais de desempenho adequado, sem ser exuberantes, mas também sem faltar, como Punto 1.8, Polo 1.6, Corsa 1.4 e mesmo Golf 2.0. É agradável, mas não empolga se levado ao limite.
Câmbio 6 – Em se tratando de Renault, é quase um milagre. Mas ainda está aquém do ideal: vibra e o curso é longo, embora os engates sejam bons.
Freios 8 – O conjunto de discos ventilados na frente e tambores atrás é conservador,l porém suficiente. A nota alta se deve à resistência correta do pedal, excelente e que permite boa modulação. Não é um freio que trava as rodas ao menor toque, como é comum na linha Fiat, e nem um freio que requer que se atravesse o assoalho para obter alguma resposta, como acontece às vezes na linha VW.
Suspensão 7 – O conceito antiquado de eixo de torção atrás é compensado por um ótimo acerto, que deixa o carro confortável, mas ainda assim bem interessante em alta velocidade.
Estabilidade 6 – Não é o forte do carro, mas ele se segura bem e o comportamento é bem previsível.
Segurança passiva 2 – Falta ABS, air bag, e tudo o mais. Ao menos o projeto é moderno e atende legislações européias de impacto – no caso das versões com bolsas infláveis.
Custo-benefício 9 – A linha Sandero e Logan é a linha custo-benefício por excelência. Amplo espaço interno, o motor 1.6 é bastante adequado, os preços são de carro compacto, e ainda com 3 anos de garantia. Carros racionais, com vários argumentos a favor. Pena que a vida não é racional.
O Sandero é um hatch médio feito na mesma plataforma do Logan, o Lada do século 21, desenhado num ex-país comunista como um meio de transporte barato sobre quatro rodas. Se o Logan assume suas origens, o Sandero tenta disfarçá-las num esforço que merece aplausos em pé. Não que o carro seja o novo Fiat Punto em beleza, mas vamos e convenhamos que melhorar o desenho de um Logan não é tarefa pra gente sem talento. E eles conseguiram: o carro é agradável, em especial na dianteira. Alguns rejeitam as lanternas traseiras – eu gosto -, mas a meu ver o principal problema são mesmo os vidros planos, medida de economia de custos adotada pelo Logan. E, claro, os péssimos retrovisores iguais nos lados esquerdo e direito.
Por dentro, há o mesmo tapa da economia. O interior é espartano, cheio de plásticos duros e com rebarbas, embora exista um aplique mais claro no painel de um material melhorzinho. Os bancos, como em todo Renault, são o ponto forte: ergonômicos, confortáveis, bem desenhados e de bom tecido (veludo na versão de topo Privilège), embora com a parte de trás em vinil. O painel é uma das coisas mais sem sal da história, conta-giros e velocímetro com uma marcação tradicional, acompanhados de um mostrador digital com marcadores de combustível e temperatura, de barras bem legíveis. O Privilège adiciona computador de bordo.
O banco tem regulagem de altura, mas o volante fixo é algo baixo e incomoda em uso prolongado. O aro do volante tem boa espessura, mas o material é algo áspero. Os comandos estão à mão, meso os botões dos vidros no painel. No caso do carro equipado com vidros elétricos traseiros, seu acionamento fica atrás do freio de mão, uma solução francesa porca que só não é pior do que colocar os botões dentro do cofre do motor.
Ao menos há espaço; aos montes, na verdade. Enquanto a dona Fiat obriga os passageiros de trás do Siena a se espremerem em menos de 2,40m de entreeixos, no Sandero eles têm 20 centímetros a mais para se refestelarem, o que permite viajar com conforto, mesmo com os bancos dianteiros regulados bem pra trás. É um espaço digno de carros como Focus e Corolla. Veja bem: espaço, não conforto. E o porta-malas também é bom, com 320 litros de capacidade (o Civic tem 340, sempre bom frisar), com o estepe embaixo, na partr externa. Suja o pneu e deixa-o mais exposto a furtos, com a discutível vantagem de não se precisar descarregar o porta-malas no caso de pneu furado.
Rodando, o Sandero mostra boa calibração no acionamentop dos pedais e também da suspensão, macia sem comprometer nas curvas mais ágeis. É um bom acerto em se levando em consideração o modelo tradicional de eixo de torção na traseira, e muito mais adequado a nossos pisos esburacados do que a suspensão dura que se vê em carros com o Fox e 207.
O comando de câmbio é dos melhores já vistos num Renault, o que está longe de ser um elogio. Os engates são precisos, mas o curso da alavanca é muito longo.
A verdade é que a Renault conseguiu o que queria; não criou um carro, criou um meio de transporte. Se isto não está tão evidente quanto no Logan, é graças a um bom trabalho de design, pois mecanicamente o carro é bem esquecível – o que, de novo, não é defeito. Quem curte dirigir, e é essa a filosofia seguida por este blog, a do prazer em dirigir, pode se divertir por exemplo com o excelente câmbio e respostas do motor da linha Gol ou Polo, ou ainda se divertir com os carrinhos pequenos endiabrados como Ka 1.6 ou mesmo o 207 1.6 16v e sua assombrosa estabilidade. Ou curtir o design do Punto. Ou até mesmo, nesta faixa de 40 mil reais, ter um velho guerreiro com muitas qualidades, como um rodar impecável: o Focus de modelo antigo. Carros com caráter, como os que acabei de citar, são carros que abrem um sorriso em seu dono quando ele vai dirigi-lo naquela segunda-feira nublada; o motorista sabe que ali terá momentos de prazer. Dirigir um Sandero é pedir para ser transportado, e aí o negócio é extrair o seu prazer diário de outras fontes. Se você já faz isso, vá de Sandero sem medo: o carro não fala mal de ninguém e ainda por cima tem 3 anos de garantia.
Estilo 6 – É infititamente melhor que o Logan, mas isso também não significa muita coisa. A frente e traseira, mais bem cuidadas, destoam da lateral econômica. É um carro que fica melhor em cores fortes: azul, vermelho, amarelo.
Imagem – É um carro jovem e bastante unissex. Nos olhos dos entendidos, no entanto, é e sempre será um carro com foco em preço baixo e não em prazer em dirigir.
Acabamento 4 – Plásticos duros e com rebarbas. Existem momentos bons, como o plástico mais claro do painel e os puxadores de porta dianteiros. Com os bancos de veludo da bersão Privilège a nota pode subir.
Posição de dirigir 4 – É difícil quando a coluna de direção é fixa. As regulagens de altura e distância do banco não são suficientes. O volante fica mais alto do que deveria.
Instrumentos 6 – Os mostradores digitais são bem visíveis, embora não no nível dos analógicos. O desenho painel é mais sem-graça que um bolo de chuchu com cobertura de água. Ao menos a iluminação é eficiente.
Itens de conveniência 7 – Pode vir com os equipamentos mais desejados (ar, direção, vidros e travas elétricos), e dependendo da versão ainda tem acréscimo de computador de bordo, retrovisores elétricos e até air-bag duplo. Mas tudo opcional.
Espaço interno 10 – Sem questionamentos. Amplo na frente e atrás, para pernas e cabeças. O único senão é a largura disponível para o quinto passageiro, mas mesmo nesse quesito o Sandero é bem superior aos rivais.
Porta-malas 8 – Ótima capacidade, comparável à dos hatches médios e bem superior à dos compactos. Mas falta capricho no revestimento.
Motor 8 – O número modesto de potência, 95 cv, mostra que a Renault optou pelo torque em baixas rotações, que de fato é bom: 14,1 m.kgf a baixas 2.850 rpm. O carro desenvolve bem e é muito agradável na cidade, embora a exuberância em desempenho só venha mesmo com o excelente 1.6 16v da Renault. É um arranjo bem mais agradável do que o do Corsa 1.4, mais potente porém em altíssimas rotações.
Desempenho 7 – É da família de carros nacionais de desempenho adequado, sem ser exuberantes, mas também sem faltar, como Punto 1.8, Polo 1.6, Corsa 1.4 e mesmo Golf 2.0. É agradável, mas não empolga se levado ao limite.
Câmbio 6 – Em se tratando de Renault, é quase um milagre. Mas ainda está aquém do ideal: vibra e o curso é longo, embora os engates sejam bons.
Freios 8 – O conjunto de discos ventilados na frente e tambores atrás é conservador,l porém suficiente. A nota alta se deve à resistência correta do pedal, excelente e que permite boa modulação. Não é um freio que trava as rodas ao menor toque, como é comum na linha Fiat, e nem um freio que requer que se atravesse o assoalho para obter alguma resposta, como acontece às vezes na linha VW.
Suspensão 7 – O conceito antiquado de eixo de torção atrás é compensado por um ótimo acerto, que deixa o carro confortável, mas ainda assim bem interessante em alta velocidade.
Estabilidade 6 – Não é o forte do carro, mas ele se segura bem e o comportamento é bem previsível.
Segurança passiva 2 – Falta ABS, air bag, e tudo o mais. Ao menos o projeto é moderno e atende legislações européias de impacto – no caso das versões com bolsas infláveis.
Custo-benefício 9 – A linha Sandero e Logan é a linha custo-benefício por excelência. Amplo espaço interno, o motor 1.6 é bastante adequado, os preços são de carro compacto, e ainda com 3 anos de garantia. Carros racionais, com vários argumentos a favor. Pena que a vida não é racional.
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abs