NBR: Peugeot 207

É interessante a nomenclatura Peugeot para nomear seus carros. O primeiro número indica a qual classe o carro pertence: vamos desde o 107, um super-compacto, até o sedã de luxo 607, que tem a ingrata missão de combater BMWs e Mercedes de entrada. É tudo muito claro: o 407 é superior ao 307, que é superior ao 207. O zero no meio é igual em todos os carros (exceto no novo minicarro europeu, que se chama 1007), e o último número indica qual a geração do carro. Assim, o antecessor do 206 era o 205, importado da Argentina em pequenas quantidades no início dos anos 90. Quem também aportou no Brasil nessa época foi o 405, sedã quadrado que deu origem ao 406 (que, por sua vez, tinha um dos cupês mais bonitos da história dos automóveis) e que hoje está na geração 407.

A matriz francesa enfrentou com galhardia a missão de substituir o 206. Sucesso de vendas na Europa, era sem dúvida o carro mais atraente de seu segmento e ainda por cima não fazia feito nos outros quesitos: bem acabado, gostoso de dirigir, estável. Mas tudo chega a um fim, e a Peugeot francesa introduziu naquele mercado o 207. Tem vendido bem.

O Brasil já convive há dez anos com o 206. Embora o carro ainda seja atual e atraente, já mostra extensos sinais de cansaço. Desde seu lançamento até hoje, o Pug passou por um face-lift, enquanto o Palio está no quarto. Está na hora de substituir o pequeno francês. A opção lógica e coerente seria substituir o 206 pelo 207 europeu, certo?



Não. A Peugeot apresentou o 207 Brasil. Conseguiu uma brecha na nomeclatura tão tradicional e elegante e mudou a geração sem mudar o carro. Pessoas, não se enganem: o 207 Brasil é o mesmo 206, com uma frente mais feia e novas lanternas. É exatamente o mesmo carro.

É indigno da tradição da Peugeot fazer esta verdadeira traição com o consumidor brasileiro. Mais uma vez, somos tratados a pontapés. Não merecemos o que é vendido na Europa. Nossas vidas não têm valor suficiente para que um carro seja equipado com airbags ou ABS. Não merecemos o mesmo nível de conforto ou tecnologia. Precisamos pagar caro para ter um automóvel lixo. E não me venham com essa história de preço: descontados os impostos, os carros brasileiros ainda são mais caros que os europeus e ABSURDAMENTE mais caros que os vendidos nos EUA. É ganância, falta de respeito, visão míope de lucro.

O comprador do Peugeot 207 subirá ao panteão junto dos compradores do Golf 4,5. Panteão dos otários. Se você tem algum interesse na melhoria dos carros feitos neste país, faça um favor a todos, e passe longe dessas remodelações medonhas.

Comentários

Anônimo disse…
Que bom que há gente que tem a coragem de dizer a verdade! Parabéns pelo teu blog!

Postagens mais visitadas deste blog

Comparativo: Celta Life 1.0 VHC x Palio 1.0 Fire

Teste: Nissan Livina S 1.8 automática

Gol G4 com interior de G3