Falta é vergonha na cara
Dentro duma lista de discussões que participo, sobre carros, pintou um boato: a Ford iria tirar de linha o Focus 2.0 hatchback. A informação vinha de um dos membros mais confiáveis do grupo, e fora devidamente checada – a opção estava ausente do configurador de carros no site da empresa.
Na discussão que se seguiu – e já adianto que era tudo mentira, o configurador do site estava errado – um membro levantou o seguinte: “Hoje, podemos comprar o Focus em oito cores, sendo que só duas delas são realmente factíveism, o preto e o prata. Temos duas opções de motores e três de acabamento sendo que a diferença entre a GL e a GLX é mínima e os motores e acabamento não são intercambiáveis – ou seja, não posso ter um Focus 1.6 Ghia e nem um GL 2.0. O que leva a isso?”
A afirmação acima estava embasada pelas opções que o comprador do Focus tem no Reino Unido – uns nove acabamentos diferentes, bem como uma gama de motores que vai de 1.4 a 2.5 com 220 cv, incluindo opções a diesel. Onde perdemos o bonde? Vamos voltar dez anos no tempo, quando a indústria automobilística no Brasil estava no seu auge (vendeu um pouco MENOS do que venderá este ano). Podíamos comprar o Palio recém-lançado, ou então um Corsa alinhado com o europeu. No segmento dos médios, tanto fazia ir ao velho continente ou à sua revendedora mais próxima: Astra e Golf eram os mesmos, e dali a dois anos teríamos também Focus e Stilo. Ah, mas você tem mais dinheiro? Que tal um Modeo V6? Passat VR6? Tínhamos o Omega nacional, a derradeira chance de ter um carro brasileiro semelhante ao europeu, com tração traseira e motor de seis cilindros. E isso sem a concorrência de Toyota, Honda e franceses, que só chegariam com vontade mesmo alguns anos depois.
Hoje o que temos é um festival de carros de plástico, com péssimo acabamento, mostradores ridículos, suspensões da idade da pedra, bancos desconfortáveis e... preços altíssimos. Não há dúvida que a ganância tomou conta das montadoras nacionais, inclusive as recénm-chegadas. Não existe explicação plausível para o aumento de preços, nem culpando-se o dólar ou o aumento do aço. As montadoras usam o Brasil hoje, como os portugueses há 500 anos: exploram o país e enviam o dinheiro para cobrir as operações lá fora. O dia que isso aqui for competitivo de verdade, e tivemos um pequeno gosto disso há dez anos, aí sim vocês vão ver o que é automóvel.
Na discussão que se seguiu – e já adianto que era tudo mentira, o configurador do site estava errado – um membro levantou o seguinte: “Hoje, podemos comprar o Focus em oito cores, sendo que só duas delas são realmente factíveism, o preto e o prata. Temos duas opções de motores e três de acabamento sendo que a diferença entre a GL e a GLX é mínima e os motores e acabamento não são intercambiáveis – ou seja, não posso ter um Focus 1.6 Ghia e nem um GL 2.0. O que leva a isso?”
A afirmação acima estava embasada pelas opções que o comprador do Focus tem no Reino Unido – uns nove acabamentos diferentes, bem como uma gama de motores que vai de 1.4 a 2.5 com 220 cv, incluindo opções a diesel. Onde perdemos o bonde? Vamos voltar dez anos no tempo, quando a indústria automobilística no Brasil estava no seu auge (vendeu um pouco MENOS do que venderá este ano). Podíamos comprar o Palio recém-lançado, ou então um Corsa alinhado com o europeu. No segmento dos médios, tanto fazia ir ao velho continente ou à sua revendedora mais próxima: Astra e Golf eram os mesmos, e dali a dois anos teríamos também Focus e Stilo. Ah, mas você tem mais dinheiro? Que tal um Modeo V6? Passat VR6? Tínhamos o Omega nacional, a derradeira chance de ter um carro brasileiro semelhante ao europeu, com tração traseira e motor de seis cilindros. E isso sem a concorrência de Toyota, Honda e franceses, que só chegariam com vontade mesmo alguns anos depois.
Hoje o que temos é um festival de carros de plástico, com péssimo acabamento, mostradores ridículos, suspensões da idade da pedra, bancos desconfortáveis e... preços altíssimos. Não há dúvida que a ganância tomou conta das montadoras nacionais, inclusive as recénm-chegadas. Não existe explicação plausível para o aumento de preços, nem culpando-se o dólar ou o aumento do aço. As montadoras usam o Brasil hoje, como os portugueses há 500 anos: exploram o país e enviam o dinheiro para cobrir as operações lá fora. O dia que isso aqui for competitivo de verdade, e tivemos um pequeno gosto disso há dez anos, aí sim vocês vão ver o que é automóvel.
Comentários
E saber que a indústria automobilística nunca vendeu tanto quanto neste ano é assustador.
Veja o Mille, que é o mais barato. Mesmo a versão mais "pelada" ainda custa uma bela grana. E não pára de vender.
E a diferença é cruel. Outro dia entrei no site gringo para ver o preço do Corvette conversível. Custava US$ 25 mil. A diferença de preço é absurda, nada justifica os preços praticado aqui.
Sem falar que algumas coisas são estranhas. Por exemplo, o Beatle, mesmo com a baixa do dólar, não baixou seu preço, que é fixado pela moeda americana. O que explica isso? Quando o dólar aumenta, o preço do carro acompanha. Mas quando baixa, ele permanece imóvel.
Amplexos.
Marcelo Xavier.