Teste: Chevrolet Onix Plus LTZ 1.0 Turbo
Logo que começamos a ver a família
Onix nas ruas, nos chamou atenção o porte avantajado para um carro de entrada.
Parecia pouco com os modelos substituídos, Celta e Prisma, e sim praticamente
uma nova família de carros médios. Correndo o risco de sermos apedrejados, é o “novo
Vectra”. E as dimensões oficiais corroboram essa versão, são quase que
exatamente do mesmo tamanho:
|
Vectra CD (2001) |
Onix Plus (2023) |
Comprimento (m) |
4,477 |
4,474 |
Altura (m) |
1,415 |
1,473 |
Largura (m) |
1,7 |
1,730 |
Enhtre-eixos (m) |
2,64 |
2,60 |
A Chevrolet foi muito feliz em
lançar carros do segmento “de entrada” com essas dimensões, que são capazes de
substituir um hatch ou sedã médio sem dificuldades ao considerarmos as dimensões
para passageiros e carga.
Essa afirmação faz ainda mais
sentido se considerarmos a segunda coisa que mais nos impactou quando começamos
a ver e conhecer o Onix: como ele tem muito pouco de Chevrolet. Parece um carro
elaborado por comitê, no qual grupos de trabalho apresentaram ideias distintas
sobre dimensões, motorização, acabamento, equipamentos, sempre levando em conta
a concorrência e sem em nenhum momento olhar para dentro de casa e tentar
carregar um pouco da essência GM. É triste para quem gosta de carros, mas
funciona pensando em um produto de larga escala e vendas em massa.
O design já deixa bem claro essa
proposta. É bonito, é atual, tem boas proporções, e não lembra absolutamente
nada o restante da linha GM. Pode tirar a gravatinha e colocar qualquer logo
que você quiser, ele passa por um carro de qualquer marca.
A impressão de design por comitê
continua no design interior. Até no Agile foi feito um esforço para que as
maçanetas da porta tivessem um desenho diferenciado que lembrava o do Corvette.
No Onix, de novo, nada que remeta a nada da GM ou Chevrolet. É simplesmente um
interior de carro compacto, plástico duro em todo lugar, algumas texturas
diferentes – a melhor é a que passa embaixo dos difusores de ar centrais,
comandos nos lugares esperados. Gostamos do cluster, conta-giros e velocímetro
analógicos com um paniel digital monocromático entre eles com as funções do computador
de bordo, que incluem consumo instantâneo, médio (com duas aferições),
velocidade média e repetidor digital – este muito útil pois o velocímetro é
pequeno e a diferença entre 50 e 60 km/h mal se nota. Infelizmente o mostrador
de combustível é digital junto do mostrador e não há mostrador para temperatura.
(interior da versão Premier)
Os bancos acomodam bem, embora o
apoio lateral pareceu um pouco excessivo para um carro sem pretensões
esportivas. O tecido é o pior que tem, vagabundo no último. O encosto de
cabeça, apesar de não ser regulável, não incomodou. A posição de dirigir é
correta, gostamos que o banco pode ficar bem baixo e o volante tem amplos
ajustes de altura e profundidade. O Onix testado tem “revestimento premium” no
volante, também conhecido como couro macio, e realmente a pega é muito agradável,
parece de um carro superior. Normalmente os GMs acomodam muito bem as pernas do
motorista, pois os pedais ficam mais afastados do volante, porém no Onix
achamos ele próximos, forçando a um ajuste mais para trás do banco e do volante.
O espaço na frente é bem satisfatório
e atrás só adultos de grande porte vão se incomodar, pois o espaço para cabeça
e pernas é bem amplo, ajudados pelos bancos dianteiros magrinhos. O
porta-malas, sem revestimento na tampa, comporta 469 litros, 1 a menos que o
Corolla e portanto bem inserido até na comparação com sedãs de categoria
superior.
A motorização é 1.0 três cilindros
turbo, mais uma decisão por comitê, afinal “todo mundo está fazendo”. São 116 cv
a 5.500 rpm e 16,3 m.kgf de torque com gasolina ou 16,8 m.kgf com etanol, a
2.000 rpm. É uma combinação feliz com o câmbio automático epicíclico de 6 marchas,
com o conversor de torque sempre atento a “encher” o motor quando necessário.
As trocas são suaves e pouco se notam, mas sentimos certa hesitação no kick
down, podia acontecer 1 segundinho antes. Existe controle manual de marchas por
botão na alavanca, talvez o único item que vemos igual em outros GM (e uma pena
que seja um item ruim, deveriam ser aletas atrás do volante como em outros
modelos).
A direção elétrica tem peso correto
e concentra os comandos do piloto automático e do som – o computador de bordo é
operado pela alavanca do limpador do para-brisas.
O infotainment tem tela de excelente
resolução e tamanho de 8” que é adequado. Porém não possui conexão Android
Auto, somente Apple Car Play, uma decisão irresponsável e absolutamente sem sentido
considerando ser um carro vendido no Brasil que possui mais de 70% de
participação de mercado de sistema Android. Se você possui celular Android,
verifique se a conexão voltou a estar disponível ou procure outro modelo, pois
pagar caro e não contar com espelhamento do celular no infotainment não tem o
menor sentido.
A lista de equipamentos inclui seis
airbags (duplo frontal, duplo lateral e duplo de cortina), alarme anti-furto,
ar-condicionado manual, computador de bordo, assistente de partida em aclive,
aviso sonoro e visual do cinto de segurança para todos os passageiros, banco
traseiro bipartido e rebatível, chave tipo canivete, controlador do limite de
velocidade, cinto de segurança do motorista com ajuste de altura e traseiros de
3 pontos, controle eletrônico de estabilidade e tração, luzes laterais de seta,
freios ABS com EBD e assistência de frenagem de urgência, espelhos retrovisores
externos elétricos e maçanetas externas na cor do veículo, para-choques na cor
do veículo, volante multifuncional, direção elétrica, luzes de cortesia
dianteira e no porta-malas, painel de instrumentos com tela central de
3,5", faróis com follow&leave-me, tomada 12V, abertura remota da tampa
de combustível, multimídia MyLink de 8" com integração Apple CarPlay,
rádio AM/FM, entrada USB, travas elétricas com acionamento na chave, vidro
elétrico nas portas dianteiras e traseiras com acionamento por "um
toque", antiesmagamento e fechamento/abertura automática pela chave,
bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado, bancos de tecido, acabamento
interno na cor preta, câmbio automático de 6 marchas, console central com
descansa-braço (revestido em plástico sem tecido, nunca vimos isso), coluna de
direção com regulagem em altura e profundidade, sensor crepuscular (que não
acende os faróis a cada viaduto ou sombra de árvore, gostamos), faróis de
neblina, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, chave com sensor de
aproximação, rodas de liga leve de 16’’, abertura das portas por proximidade, partida
sem chave e 6 alto-falantes (2 tweeters, 2 dianteiros e 2 traseiros), OnStar +
Wi-Fi + Conectividade Chevrolet.
A suspensão é padrão McPherson na
frente e eixo de torção atrás, com uma calibração surpreendentemente dura (olha
aí o comitê mais uma vez), gostaríamos de mais conforto para rodar nas ruas castigadas.
O comportamento é neutro e dianteiro, como se espera.
O ponto forte do Onix Plus é como
meio de transporte: traz tamanho, desempenho e capacidades de sedãs médios de poucos
anos atrás, com um pacote de equipamentos competitivo. Um comprador de sedãs
médios que migrar para um Onix não sentirá muita diferença, exceção feita ao
acabamento.
Quem curte um pouco mais de
engajamento e personalidade deve migrar para outros modelos, como Versa ou Virtus,
para citar sedãs da mesma categoria.
E quem tem Android tem que protestar
na frente da GM pela decisão mais burra de todos os tempos.
Estilo
5 – Não é feio, é atual, mas não tem uma mísera linha de design tentando ser
inovadora ou diferente.
Imagem
– Flicts.
Acabamento
4 – Infelizmente é o que se espera da categoria, tudo plástico duro e tecido
áspero. Ao menos é bem executado.
Posição
de dirigir 7 – Preferimos os pedais mais profundos como costumava ser nos GM.
Mas os ajustes de banco e volante permitem uma boa posição. Gostamos que o
banco do motorista pode ficar bem baixo.
Instrumentos
7 – A escala do velocímetro é pequena e a tela central podia ser colorida.
Também preferimos mostradores analógicos de temperatura e combustível. Mas
poderia ser bem pior.
Itens
de conveniência 0 (8 se você tem iPhone) – É bem completo e conta com os
principais itens desejados da categoria. O ar manual não é uma falha muito
grande a nosso ver. Mas não ter Andoid Auto é inaceitável.
Espaço
interno 9 – O porte avantajado se faz sentir, é bem agradável.
Porta-malas
8 – Tamanho de sedã médio. Acabamento ruim, porém dentro da classe.
Motor
9 – Os 1.0 Turbo entregam desempenho de 2.0 das antigas, com consumo reduzido
(e preocupações sobre durabilidade para quem compra usado). Gostamos que não há
vibrações desagradáveis.
Desempenho
7 – Convincente, adequado à proposta.
Câmbio
5 – Trocas suaves em D, mas não gostamos da demora no kick down e dos comandos
no pomo da alavanca.
Freios
8 – Boa sensação do pedal, o tambor traseiro não nos incomoda.
Suspensão
5 – Dura demais, prepararam o carro para baixar tempo em Nürburgring.
Estabilidade
9 – Alta, ajudada pela calibração dura e rodas aro 16”.
Segurança
passiva 10 – Seis airbags num carro “de entrada” mostra como a legislação evoluiu
e ao mesmo tempo explica porque esses carros são tão caros.
Custo-benefício
5 – É um carro na média, com preço na média, com design na média, motorização
na média, desempenho na média. Não tem muita coisa pra falar pra convencer um
comprador a optar pelo Onix Plus e não por um concorrente. Isso se você tiver um
iPhone. Se tiver um Android, fuja.
Comentários
Hahhahahah top demais esse comentário, Dub!!!