Fim de Fiesta
Esses dias a Ford anunciou o fim da produção do Fiesta na Europa, dando fim ao carrinho que prestou bons serviços a incontáveis famílias desde seu lançamento nos anos 70.
No Brasil tivemos quatro gerações. A primeira, conhecida como “espanhol” devido a ser importado da Espanha, teve vida curta e serviu mais para tapar uma lacuna na oferta de veículos pequenos da Ford com o fim do Escort e da Autolatina em meados dos anos 90.
A segunda, que era um face lift da anterior, teve vida longa. Chegou junto com o Ford Ka e oferecia os motores Endura 1.0, 1.3 e Zetec 1.4 16v, que o tornava um esportivo de alto gabarito – e com fama de não permitir retífica pelo bloco ser de alumínio. Ficou conhecido como tristonho, pela dianteira que parecia uma cara triste. Depois foi remodelada e o carro passou a ser conhecido como “gatinho”, devido ao formato dos faróis. Neste momento ele ganhou os motores 1.0 e 1.6 Zetec, muito mais potentes e agradáveis que os Endura. Houve uma versão Sport, somente em vermelho, muito cobiçada hoje.
A geração seguinte, aí sim uma totalmente nova, foi interminável no Brasil, produzida na Bahia, e vendida por mais de 10 anos com três face-lifts. Combinava um exterior agradável, com destaque para as lanternas traseiras elevadas, com bom espaço interno, porém um interior lamentável todo em plástico, na linha do concorrente VW Fox. A princípio vinha com motores 1.0, 1.6 e 1.0 supercharger, de vida curta (a fama era de andar como 1.6 e beber como 2.0). Depois passou por um facelift que tirou parte da harmonia do desenho e no terceiro face-lift aí a Ford já jogou pro estagiário e ficou uma coisa horrorosa. Teve versão sedã e deu origem ao EcoSport.
Por fim, a geração que tivemos até o fim no Brasil, estava alinhada ao Europeu, com design moderno, bom acabamento, pecando infelizmente no espaço, no preço e principalmente no câmbio Powershift, de má fama.
Nunca fomos proprietários de Fiestas, mas queremos destacar aqui três deles que marcaram nossas vidas. Por ordem cronológica:
1. Fiesta GLX 1.4 16v 1998
Na cor laranja metálico, pertenceu a um amigo chegado à velocidade. Nunca sofreu modificações mecânicas, mas era usado em modo soviético nas idas e vindas da faculdade, pior ainda quando encontravam amigos no caminho. Também participou de encontros da finada Fiesta HP, um dos primeiros sites nacionais dedicados a fãs de um carro. Andava muito, fazia curvas mais ainda.
2. Fiesta GL 1.0 2001
Azul, carro de mulher, totalmente
sem opcionais, e que por isso mesmo deixava evidente o quão boa era aquela
plataforma. Era possível andar rápido e curtir muito estradas sinuosas com
pouquíssima potência, mas também baixo peso e suspensão acertada. Destacamos
ainda a total ausência de problemas mecânicos.
Preto, já da geração fabricada em
Camaçari, este era do pai de um outro amigo, que usava pouco. Então o amigo era
o motorista mais usual. Carro lerdo, visual de tiozão, e levando e trazendo
jovens das noitadas. Um bom companheiro.
Comentários
https://www.youtube.com/watch?v=IK7DzsaMlOc
Alguns anos antes teve a propaganda impressa do Gol GTI 2.0 16v, que tinha calombo no capô. Saiu acho que em revistas masculinas. Página dupla, de um lado uma foto do calombo no capô do carro e do outro uma foto da cintura para baixo de um cidadão com jeans apertado e visivelmente uma "mala" superdesenvolvida. Catch phrase: "Visivelmente mais potência."
O marketing é a arte de disfarçar as cagadas de engenharia...