Um país sem esportivos
Muito boa avaliação do Daniel Messeder, que é um dos veteranos da imprensa automobilística e com isso preserva uma qualidade de avaliação e de texto que se perde nos mais novos e principalmente nos YouTubers.
A melhor parte é a avaliação da ausência de mercado para hatches esportivos no Brasil. 500 Abarth, DS3, 208 GT, todos tiveram vida curta. O Punto T-Jet e o Golf GTI cumpriram seus ciclos de vida como produtos. Hoje sobramos com o venerável Sandero RS (quanto mais o tempo passa, mais gostamos dele) e o Polo GTS.
Daniel comenta que a VW tem total ciência dos atributos que o Polo GTS deveria ter para ser um esportivo mais puro e entusiasta. Começa comentando a possível importação do Polo GTI, que viria a preço de Golf GTI. Depois, comenta a ausência de teto solar e câmbio manual, ambas rebatidas pela VW com um argumento simples: não vai vender.
É verdade. Nossa posição, como entusiastas, é extremamente fraca. Não conseguimos gerar volume de vendas para essas versões. Precisamos até mesmo nos contentar com a atitude magnânima de Renault e VW de ao menos ainda oferecerem versões esportivas. E eles estão certos. Entusiastas para comentar nos sites são muitos, mas quanto ali realmente podem comprar um esportivo? Na internet o cara é todo câmbio manual, carro esportivo de duas portas e teto, e quando vai ver qual o carro do sujeito, é um Logan.
Porque? Porque somos um país pobre e desigual. 1% tem dinheiro de verdade, e aí esses carros nem contam: é o pessoal do Porsche 911, ou que enche a Avenida Brasil de Ferraris no Raduno, quando tem o GP F1 em Interlagos.
Os outros 99% andam de ônibus, ou quando conseguem um carro, precisam priorizar a família, o Uber, e aí optam pelo modelo convencional.
Tivéssemos muito mais gente com maior poder aquisitivo, os entuisiastas poderiam fazer as escolhas com o coração.
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