Ford Territory: o que achamos
ASSUSTADORA a repercussão negativa do lançamento do Ford Territory. Não tem uma avaliação cujos comentários não sejam esmagadoramente negativos. A coisa está tão absurda que até no LINKEDIN o pessoal se deu ao trabalho de se expor numa rede profissional para descer a lenha. Olha, fazia tempo que não víamos tanta negatividade com um carro novo.
A Ford pediu né. Puta merda. Decisão bosta em cima de decisão bosta. Fechou a fábrica de São Bernardo do Campo. Tirou o Focus de linha. Tirou o Fiesta. Tirou o Fusion. Tirou a Ranger flex. Basicamente só fez cagada, e ficou com uma linha de produtos no Brasil menor que a Chery, ainda mais que Edge ST e Mustang são somente decorativos. Qualquer boa vontade que fosse possível ter com a empresa caiu por terra.
E aí você nota o carinho que muitos brasileiros tinham com a Ford, lembrando com saudosismo de Landau, Maverick, Escort, Corcel. Capital reputacional que os gênios ali jogaram fora.
Com tudo isso, vem o Territory. De origem chinesa, é um veículo desenhado por uma empresa chinesa, no qual os engenheiros da Ford fizeram alguns ajustes. Não foi projetado no Brasil, e muito menos fabricado aqui, para gerar empregos e renda. Ao ser importado, fica refém da variação cambial, e com o real brasileiro fortemente desvalorizado, seu preço vai às alturas – mesmo sendo fabricado na China, o que deveria significar custos baixos. Tem a margem da Ford também.
E o Brasil não é a China, e nem a China é o Brasil. Aí vem um cidadão cuja única qualidade é ter nascido nos Estados Unidos, e determina que “mercados emergentes” são todos iguais e eles que se virem pois eu estou atrasado para minha partida de golfe. E com isso recebemos um carro com package chinês: espaço interno massivo no banco de trás, interior claro, porta-malas insuficiente e motor anêmico. Há mais de dez anos já se falava das modificações que os JAC sofriam para serem vendidos a gosto do brasileiro. É aqui que se vende o Corolla mais potente do mundo. Mas a Ford ignorou.
O Juliano Barata fez uma avaliação no YouTube na qual ele demonstra a aceleração do Territory. Ele para o carro, e enfia o pé no acelerador. Passam tranquilamente dois segundos até que o carro COMECE a acelerar. É uma programação absurda de ruim.
Com tudo isso, o Territory veio precificado a competir com Compass diesel e as Tiguan mais completas. Não entendemos as comparações com o Jeep – são públicos diferentes. Podem comparar sim com o Compass flex, que é muito bom e custa QUARENTA MIL REAIS a menos. E comparar o Territory Titanium topo de linha com a Tiguan 350 R-Line é a maior covardia do universo, que a VW janta o Ford.
Ou seja, um lançamento que conseguiu desagradar todo mundo, talvez só sirva mesmo para os altos executivos da Ford que estavam sem um carro mais equipado para rodarem no Brasil. Ou o preço reduz fortemente, ou será um daqueles carros que a gente nem lembra que um dia foi vendido por aqui até encontrar um abandonado em alguma rua esquecida.
O carro é tão bizarro que é o único SUV da Ford que não começa com a letra E. Até o EcoSport tem essa distinção. O brasileiro merecia melhor.
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