Sem grana
Dois sites importantes no mundo
automobilístico deram sinais de preocupação financeira recentemente: o Best
Cars Web Site, por meio da procura de um representante comercial para vender
espaço na plataforma para anúncios – e remunerado por comissão – e, de forma
bem mais crítica, o FlatOut, que parou as atividades por uma semana para
iniciar uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de arrecadar R$ 15
mil e tirar o site do vermelho, como eles mesmos dizem.
As redes sócias quebraram
completamente o modelo de negócios da imprensa. Se antes a imprensa era a
maneira que as empresas tinham de atingir um grande público, ou segmentado
conforme seu interesse, hoje a própria empresa pode fazê-lo diretamente por
meio das redes sociais, a um custo infinitamente menor. É possível atingir mais
de um milhão de pessoas pelo Facebook com investimentos de mil reais ou menos,
ao passo que anúncios em revista são bem mais caros. Mesmo sites têm
dificuldade de oferecer esses valores de anúncio.
Além disso, a pressão constante por
redução de custos obrigou as áreas de marketing a serem muito mais cientes de
seus investimentos. Antes era mais fácil aprovar investimentos em mídia, como
anúncios em TV aberta, revistas e jornais, pois era o que se tinha para
disseminar informação. Hoje, antes de aprovar esses investimentos, CEOs e
diretores financeiros perguntam: quantas pessoas serão impactadas? essas
pessoas são nosso público-alvo? como saberemos que elas receberam a mensagem? E
esse tipo de mensuração, a mídia tradicional simplesmente não consegue fazer, e
mesmo sites têm dificuldade de oferecer o detalhamento dessa informação, ao
menos se comparados com as redes sociais.
O resultado é que ficou muito difícil
fazer jornalismo. Como pagar jornalistas, fotógrafos, câmeras, editores, sem
publicidade? Assinaturas e conteúdo pago nem de longe fecham a conta. E aí tome
demissões, redução de quadros, que por sua vez levam a uma piora sensível de
conteúdo, e aí ainda menos gente se interessa pela imprensa. Veja como o bom
conteúdo sobre carros agora está em sites e cada vez menos nas grandes publicações
e portais genéricos como UOL e G1.
A imprensa automotiva ainda é uma das
menos afetadas, pois atendem a uma indústria muito grande, com ampla capacidade
de investimentos, e que consegue manter um grande foco no digital e também na
imprensa tradicional. Não sabemos se será assim por muito tempo; é provável que
muitas revistas e sites desapareçam pela falta de investimento, e restem alguns
poucos.
Somos fãs dos sites afetados e
torcemos para que sigam por muito tempo levando informações de qualidade aos
leitores.
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