Consultor Plenipotenciário
Às vezes achamos que falta às
fabricantes um consultor plenipotenciário, aquele que participaria de todas as
decisões da empresa – ou pelo menos as relacionadas ao produto – com alto poder
de veto e de mudança. E seria muito fácil achar bons candidatos para esta vaga,
com as qualificações de gostar de carro e não ser uma toupeira. Infelizmente,
pessoas com AMBAS parecem estar em falta nesse setor.
O consultor plenipotenciário poderia
ter informado a Volkswagen que o acabamento do Polo e do Virtus não está à
altura do carro, e que mesmo com a plataforma MQB, motor TSI, painel digital,
com aquele acabamento a VW abriu a avenida para receber uma enxurrada de
críticas. Com certeza, ter investido em plásticos melhores e num desenho menos
quadrado teria feito o carro muito melhor e o custo seria ínfimo.
O consultor plenipotenciário poderia
ter informado a Fiat que colocar o mesmo carro para competir no segmento de
entrada até as alturas dos sedãs médios mais baratos era muita coisa para um
modelo só, e que resultaria ou em um modelo de entrada excessivamente
elaborado, ou em um modelo de topo aquém do desejado para o preço. Também
poderia ter informado que câmbio automatizado monoembreagem já não tem mais
condição.
O consultor plenipotenciário poderia
ter informado a Renault que o Kwid precisava de mais tempo de gestação, e que
ser envolvido em múltiplos recalls logo após o lançamento não faz bem à imagem
do carro. E também poderia alertar que vender Sandero a R$ 40 mil não é o ideal
para a canibalização do novo carro.
O consultor plenipotenciário poderia
ter informado a Ford que acrescentar cem mil reais ao preço do Edge não teria
justificativa por mais que o novo modelo fosse mais completo, e que só
resultaria em fracasso de vendas, carros encalhados e danos à imagem da Ford,
exatamente o contrário de tudo o que o modelo anterior fez de certo.
Comentários