ARGO-mentos
Assustada com o fracasso retumbante de vendas do Argo, a Fiat
tem tentado diversas estratégias para alavancar suas vendas. A primeira etapa
foi melhorar as condições comerciais, reduzindo taxa de juros do financiamento
e oferecendo bônus no seminovo. A segunda etapa começou agora, e consiste em
promover comparações ativas com dois concorrentes: Onix (1.0 e 1.4) e HB20 (1.0
e 1.6). A propaganda convida a um test drive dos três modelos nas
concessionárias Fiat, o que leva a supor que a Fiat comprou mais de 400
unidades de cada modelo para deixá-los disponíveis em cada uma de suas
concessionárias espalhadas pelo Brasil. Será isso mesmo?
De todo modo, uma prévia das comparações está disponível no site do Argo.
Assim como a Ford fez há um tempo, são comparações totalmente tendenciosas para
o lado do próprio carro, porém que permitem algumas “vitórias” da concorrência
para parecer imparcial.
Note por exemplo a ausência de “consumo rodoviário”, item que os
Fiats costumam não ir tão bem devido ao câmbio curto – o Argo 1.3 fez 16,8 km/l
na estrada contra 16,7 km/l no HB20 1.6, de motor bem mais potente. Também
poderia destacar que o Argo 1.3 é 100 kg mais pesado que os rivais
equivalentes. Ainda, note que a Fiat omite que Onix e HB20 trazem câmbio manual
de seis marchas, contra cinco do Argo. Ou que o Hb20 traz iluminação nos
espelhos dos para-sóis (se vale destacar cinto traseiro retrátil, também vale
destacar isso, certo?).
No entanto, a alteração mais visível e até ridícula é a omissão
do item “potência” nos comparativos das versões 1.0 e 1.3, sendo que “de
repente” ela aparece no Argo 1.8 em comparação com o HB20 (e nem dá pra
justificar dizendo que é pelo apelo esportivo, pois o Argo considerado é o
Precision e não o HGT). Ou seja, quando o Argo de 139 cv ganha do HB20, a gente
fala, mas quando o Argo 1.3 de 109 cv TOMA UM ESPANCO do HB20 de 128 cv aí a
gente esquece de colocar.
Não entendemos porque o marketing da Fiat optou por essa
estratégia. Essas fichas atraem os entendidos, que notam de imediato as
incoerências, e não parecem funcionar com os leigos. Seria melhor ter tratado
com mais ênfase a parte comercial, ou trabalhar em um preço mais agressivo.
Talvez seja somente uma questão de tempo: o Argo é competitivo
contra Onix (um Vulcabrás sem sola é competitivo contra o Onix) e HB20, então
melhor usar essas armas logo, antes que o Polo chegue às concessionárias e
atropele esse comparativo.
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