Falta cultura

Ler comentários em matérias sobre carros em portais de ampla audiência, como o UOL, é tomar um tapa na cara de como o brasileiro é em geral muito pouco evoluído na discussão sobre automóveis.

O UOL fez uma chamada na capa desta avaliação do Golf 1.0 TSI, e de forma bizarramente amadora usou como manchete o porta-luvas refrigerado, item presente em diversos outros carros da VW e de outras marcas há muito tempo. Claramente uma avaliação amadora, infeliz, típica do jornalismo automotivo escroto que se propaga por aí.

Porém, mais estúpidos ainda são os comentários. Ao menos dois terços vão na lista do “R$ 77 mil num 1.0 é um absurdo”. Não vamos discutir o preço dos carros no Brasil, que já sabemos ser nocivo por uma combinação de ganância – das montadoras e do governo –, mas sim a relação entre cilindrada e potência. Sujeito parece estacionado nos anos 80 onde quem tinha carro “dois ponto zero” estava na crista da onda. Esse Golf tem desempenho superior a carros 1.8 e até 2.0 de aspiração natural, especialmente pela entrega de potência em baixas rotações típica de motores turbo. E tudo isso com economia de combustível, que é a verdadeira proposta do downsizing, enquanto o cara tá fazendo 8 km/l de gasolina na cidade com seu “dois ponto zero” parado no trânsito.

Existem ainda os que confundem carro usado com os novos, e argumentam que “meu XPTO 94 já tem isso e custa um picolé de limão mordido”, totalmente infundado. Carro usado pe uma seara totalmente diferente do novo, e optar por um usado é algo totalmente válido, mas comparar com um zero é descabido. Um tem desvalorização, o outro não.


E tem os que elogiam os Peugeots usados. 

Comentários

Paulo Souza disse…
Concordo com o texto, principalmente a parte sobre o downsizing. Mas realmente é um conceito que o público em geral demora a entender. São muitos anos tendo como referência as cilindradas e quem não é entusiasta e não acompanha a evolução no desenvolvimento dos motores acaba julgando pela referência antiga mesmo. É compreensível. Mas eu, se fosse escrever um comentário, iria antes tentar entender porque resolveram colocar um 1.0 naquele carro, ou então meu comentário seria uma pergunta porque sempre tem alguém disposto a explicar.
Aproveito esse comentário para perguntar sobre a última frase do seu texto. Não entendo a questão dos Peugeot. Já escutei que os carros tem problemas de durabilidade, que a rede de assistência é ruim é, claro, tem a questão da desvalorização que provavelmente é consequência disso. Por outro lado, eu já tive dois Peugeot (não tenho mais), que comprei 0km e fiquei mais ou menos 3 anos com cada um. Foram carros que me atenderam muito bem, não vi qualquer problema com a sua qualidade e o serviço foi até hoje o melhor que recebi das concessionárias (já tive Ford, GM e Fiat). O preço da manutenção também era equivalente ao que eu pagava no carro da minha esposa (GM), com a diferença que as revisões tinham preço tabelado na Peugeot, enquanto na GM você nunca sabia quanto ia pagar (agora eles tabelaram também) é tinha que ficar pedindo para tirar coisas do orçamento que não faziam parte da revisão e a concessionária ficava tentando empurrar, como limpeza de bicos injetores e etc...
Será que eu dei sorte com a Peugeot? Ou é mais um desses casos onde demora para as pessoas entenderem que alguma coisa mudou e ficam repetindo a mesma opinião de sempre?
Acho que a minha pergunta é, o que desabona tanto os carros da Peugeot?
Abraço!

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