Como melhorar o mercado brasileiro de carros?
Vira e mexe acabamos envolvidos em conversas
sobre os motivos do mercado automobilístico no Brasil ser essa porcaria. Carros
caros, poucas opções, interiores e motores defasados, aquela coisa toda que
nosso leitor sabe bem.
Ouvimos de muita gente que o Brasil deveria
fazer uma abertura total e irrestrita. Derruba o imposto de importação e deixa
o pessoal degladiando.
Nosso problema com esse posicionamento é que
falta o estímulo para manter fábricas e centros de desenvolvimento por aqui,
gerando empregos e pagando impostos. Uma derrubada das importações permitiria
que as grandes importassem tudo de suas fábricas em outros países, que
inclusive são muito mais competitivas em custo que as nossas, e poderiam fechar
o parque fabril por aqui.
Quem duvida, achando que as montadoras
instaladas aqui são grandes demais para isso, pode acompanhar o que aconteceu
na Índia recentemente. A GM simplesmente desistiu de vender por lá, embota vá
manter a fábrica com viés exclusivo de exportação. Na África do Sul, tomou a
mesma decisão e vendeu a parte industrial para a Isuzu. A GM assumiu que só
ficará em mercados nos quais tem uma chance de competir com lucratividade, com
isso desistindo completamente de tentar recuperar o posto de maior fabricante
do mundo.
Se a GM desistiu da Índia, que será O TERCEIRO
MAIOR MERCADO DE CARROS DO MUNDO EM 2050, após EUA e China, porque não
desistiria do Brasil? A pegada da GM é maior, mas uma importação desenfreada
bem que poderia reduzir sua participação de mercado a ponto de fazê-la
desistir.
Países menores como Chile, sem fábricas
instaladas, podem e devem optar pela importação livre. Não têm nada a perder.
Só que no Brasil o modelo precisaria ser um de
competitividade com ampliação do parque fabril e dos empregos. Um modelo que
incentivasse pesquisa e desenvolvimento locais, produtos nacionais, equiparados
ao que se faz nos países desenvolvidos, a preço competitivo.
Está muito além da alçada do M4R resolver essa
questão, que complica a vida até de especialistas, mas acreditamos que o
caminho seria nesse sentido.
A discussão é ainda mais válida pois o
Inovar-Auto termina no final do ano. Muitos criticam essa iniciativa, e de fato
vemos problemas: trabalhou em prazo muito curto – cinco anos não são nada nesse
segmento, os planejamentos são mais longos – e as fábricas que se instalaram no
Brasil, como BMW e Land Rover, são pouco mais que montadoras de carros que vêm
prontos e desmontados do exterior.
É melhor uma fábrica assim do que nenhuma,
porém melhor ainda seria uma fábrica completa, com pesquisa e desenvolvimento,
inovação, e compra de insumos de fornecedores locais e fabricação própria.
Está em discussão um projeto Rota 2050 que ao
menos no prazo parece ser mais correto. Porém com a classe política atual
achamos difícil sair alguma coisa daí. E as fabricantes estão acomodadas,
vendendo carros vagabundos (com exceções) a preço de ouro. Pra quê mudar?
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