Os carros estão mais caros. Será?

O que segue abaixo é a versão escrita de uma conversa que tivemos com um considerado do M4R, que transformamos em texto para estimular a reflexão.

No início de 2008 comprei um Polo Sedan Comfortline por R$ 53.000. O carro era a segunda versão mais completa, deixando de fora somente o rádio, air-bag frontal e os freios ABS, que não eram obrigatórios na época. O Polo sempre foi um carro bastante equipado nas versões de topo, chegando a superar os sedãs médios da época em termos de equipamentos. Este tinha ar digital, sensor de chuva, retrovisor eletrocrômico, tilt-down do espelho retrovisor direito, sensor de estacionamento traseiro, computador de bordo com duas medições, chave canivete com alarme, luzes de neblina traseiras e dianteiras, trio elétrico e direção hidráulica. O motor já era o VHT 1,6 com 104 cv.

A Volks anunciou ontem o Gol e Voyage ano-modelo 2017, com leves alterações. O Voyage Highline, topo de linha, tem preço sugerido de R$ 55.290, pouca coisa mais que o que paguei no Polo em 2008. Esse Voyage não tem opção de ar-condicionado digital, como o Polo tinha. Em compensação, o resto melhorou muito. Além do que já existia – direção hidráulica, trio elétrico, tilt-down, chave canivete, cinco apoios de cabeça, computador de bordo, faróis e lanterna de neblina, rodas aro 15”- o carro ganhou sistema de som com tela tátil de 5”, com Bluetooth e integração com celular.

É verdade que alguns equipamentos do Polo seguem opcionais: sensor de chuva e estacionamento, retrovisor eletrocrômico. E o Polo tinha dobradiças pantográficas no porta-malas, item em extinção hoje.

No entanto, o Voyage pode receber itens que o Polo não tinha, como sensor de luminosidade, piloto automático, sistema de som ainda mais completo, função coming/leaving home dos faróis, volante multifuncional.

A dirigibilidade é muito semelhante, com o mesmo motor, o mesmo câmbio, plataformas parecidas – a do Voyage é mais recente.

O novo painel do Voyage tirou o estigma de carro de entrada, com as saídas de ar redondas, e tudo ganhou um ar mais sofisticado, que remete ao Golf. Não sabemos a qualidade dos plásticos, mas a aparência ficou bem melhor – com exceção dos painéis das portas, que deveriam ter sido remodelados também. Não foram, e as maçanetas redondas contrastam com as linhas retas do painel.

Então o Voyage ocupa hoje o posto de sedã compacto premium que o Polo tinha, com níveis equivalentes de desempenho e conforto por um preço menor, pois há que se descontar a inflação de oito anos. Ao Voyage só lhe falta a reputação do Polo, por estar associado ao Gol e ao segmento de entrada. Mas como produto, pouco fica a dever, se é que deve alguma coisa e não é superior.

Sem entrar no mérito dos lucros e impostos, um fato importante é que hoje carros de entrada trazem pacotes de conforto e tecnologia pouco vistos até bem pouco tempo. E os preços refletem isso.

Comentários

wagner marinho disse…
tenho um polo 2011 na epoca custou 59000 com opcionais e todo dia ando no voyage 2015 da minha empresa. concordo que os preços cairam o polo já no ultimo suspiro custava 55.000 com os mesmos opcionais ou seja era muito caro em 2010 e 2011 mais depois parou no tempo e no preço. entretanto não trocaria meu polo 2011 em um voyage 2015 se fossem 0km e tivessem os mesmos opcionais. voyage sempre será um gol sedan. o polo o sedan compacto premium mundial, e o jetta o medio figurante dos japoneses. Donos de polo hoje ou optam por HB20S premium, ou honda city.
Anônimo disse…
Caro autor,
Não sei se o sr. levou em consideração a atualização do valor em questão. Sendo assim, utilizando o índice IGP-M, com a data de inicial de 08/03/2008 e final de 08/03/2016, o valor de R$53.000,00 resulta em R$87.961,75.
Se usarmos o INPC, os mesmos R$53 mil se "transformam" em R$88.228,67. Pelo IPCA, o valor atualizado é de R$87.383,79.
Ou seja, houve sim aumento considerável do valor -- não sei a sua, mas a minha remuneração não se alterou na mesma proporção, entre 2008 e 2016.

Um forte abraço!
PS: aprecio muitíssimo o seu blog.

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