Por uma imprensa combativa
O UOL foi bastante ousado em matéria
recente sobre o HR-V e manchetou: “HR-V é primeiro Honda com preço atrativo eprovoca correria às lojas”. Foi o suficiente para tornar o texto um dos mais
lidos e comentados do portal, sendo que a vasta maioria dos comentários é
relacionada ao alto preço do carro.
Ambos estão certos. R$ 70.000 pelo HR-V de
entrada – versão manual que na prática não deve nem existir – em valores
absolutos é muito dinheiro. Há dez anos era suficiente para comprar um
apartamento razoável.
No entanto, o UOL também está certo e aqui
no M4R aplaudimos de pé a alfinetada na Honda – e conseguinte alfinetada em
todas as montadoras. O que a manchete quer dizer é: “Olha só, lançaram um carro
com preço razoável e teve correria nas lojas! Que tal irem com menos sede ao
pote montadoras?”. Sujeito fica dizendo bobagem achando que é matéria paga,
quando na verdade é um tapa na cara das montadoras. Ironia é difícil de
perceber.
A manchete também quer dizer que Fit, City,
Civic e CR-V são muito caros, e são mesmo. Os preços da CR-V em muitos casos
são compatíveis com os do Fusion e, embora com propostas diferentes,
compará-los é como comparar o carro dos Flintstones com o dos Jetsons. Todos
trazem uma lista muito escassa de equipamentos e um alto preço de tabela. O
Civic, bastante defasado, agora começa a apresentar alguns itens que são de
série há tempos nos sedãs da concorrência. E ficam fazendo alarde com coisas do
tipo “ar digital”, que qualquer Astra já tinha em 1940.
E vendem porque a incompetência das outras
no relacionamento com sua rede de concessionárias é de cair o queixo.
Imaginamos que se a VW alemã fizesse teste cego como clientes nas
concessionárias VW do Brasil mandava fechar tudo na hora. É vergonhoso. Aí a
Honda oferece um atendimento razoável e pronto, é sucesso de vendas. O mesmo
vale para Toyota.
Faria muito sentido se a imprensa fosse
mais ativa e menos achincalhada nessa luta. A imprensa automotiva depende dos
empréstimos dos carros pelas próprias montadoras para sobreviver, além dos anúncios
de propaganda destas mesmas montadoras. Falar a verdade sobre um carro, como
fazemos no M4R, pode sinalizar o fim desta relação – e o fato da GM não
emprestar carros para o BCWS há anos é a prova de que isso pode acontecer.
Atitudes como essa matéria do UOL, ou então
os comentários da C/D a respeito da comparação de preços entre Estados Unidos e
Brasil, trazem o frescor necessário ao mercado brasileiro. É disso que
precisamos, e não de mais uma reportagem sobre o Renegade.
Comentários
MUITO OBRIGADO!!!
E continuem assim...