Novo Ka e Novo Fox

Algumas novidades chegando ao mercado.

Novo Ka

É difícil se deixar convencer que não tinha ABSOLUTAMENTE NENHUMA alternativa ao design da lateral do carro a não ser deixá-lo igual ao Onix. Sério, é muito igual. Não tem um designer com meia criatividade a mais pra bolar algo diferente?

Isto posto, é mais do mesmo. Motor de três cilindros já não é novidade e, em termos práticos, tem agregado pouco em relação aos de quatro. Tem uma lista bacana de opcionais que, quando incluídos, levam o carro a preços proibitivos. Aí todo mundo compra o mesmo com ar, direção, vidro e trava e pelo menos isso a Ford já incluiu no pacote básico, então a chance de enganação é maior. Tem também essa pataquada de ligar pro SUS após um acidente que, se funcionar, será útil. Se funcionar, neste país em que ligar de um celular para um fixo no meio de uma metrópole já é difícil, imagine na estrada...

As boas notícias são duas: a primeira, aparentemente a Ford calibrou as máquinas, treinou a equipe e melhorou o padrão de montagem, que estava absolutamente deplorável no EcoSport. Poucas ou nenhuma reclamação do acabamento do Ka, o que é bom. E o interior é bem feito, moderno sem ser – muito – apelativo. Nota especial para as dobradiças pantográficas no porta-malas do Ka+, tapa na cara do resto do bando.

A outra boa notícia, e essa sim uma real boa notícia master, é o aumento do intervalo das revisões de seis em seis meses para anuais. Já é consenso que com a confiabilidade dos carros atuais, esses ajustes frequentes são completamente desnecessários, e isso inclui a troca de óleo mesmo no anda-e-para do trânsito pesado. Revisões obrigatórias de seis em seis meses só servem para encher o bolso das concessionárias e afugentar qualquer freguês que, por mais encantado que esteja com o carro, vai sofrer na mão desse bando de inúteis tiradores de pedido e empurradores de peças que povoam as concessionárias. A Ford faz muito para reter seus clientes afastando-os dessa gente, exemplo que deveria ser seguido pelas outras.

Se por um lado é bom que temos uma linha Ford completamente global no Brasil (ok, chamar o Ka de global pois ele será vendido em potências como Índia, Turquia e Filipinas pe forçar a mão, mas tudo bem), por outro lado a linha como um todo está muito sem sal. Falta uma versão de desejo, algo mais esportivo ou distinto. Falta um Golf GTI, ou o charme do 500, ou mesmo ter um Camaro impossível em preço para alegrar o show room. Tem muita coisa boa na prateleira que a Ford poderia se coçar e trazer.

Novo Fox

Seria interessante entender qual o raciocínio da VW ao investir uma grana para produzir o novo Polo na Europa e aí investir mais dinheiro no Fox, que no frigir dos ovos é quase a mesma coisa. E o novo Polo é bom o suficiente para países como África do Sul, então é mesmo de se perguntar porque não é do novo Polo que estamos falando e sim do terceiro face-lift do Fox. O primeiro parágrafo da avaliação do Fox pelo BCWS trata justamente dessa questão, vale a leitura.

Enfim. Não que o Fox seja ruim, mas não é o Polo. Interessante notar quantas despedidas até emocionadas o carro ganhou da imprensa especializada, com direito a matéria bizarra na C/D comparando o carro a Getúlio (ninguém achou exagerado?) e ainda por cima com fotos do Polo de algum repórter ou conhecido, pois aquela versão com calotas e banco de couro posso garantir que não é da frota de imprensa da Volks. Mas o carro merece, de fato o Polo era muito bom. Já falamos dele aqui e aqui.

O Fox começou muito mal, melhorou bastante com o face lift de 2009 e agora quer ocupar de vez o espaço do compacto premium (que deveria ser do Polo europeu, só pra enfatizar). Para isso a VW colocou nele uma frente de Golf e uma traseira filhote de cruz credo. Por dentro, pequeno tapa no acabamento e uma infinidade de opcionais que incluem o sistema Locker da Fiat, controles de estabilidade e tração, retrovisor fotocrômico e coisas do tipo. E aí fez uma salada de versões que incluem desde a 1.0 peladona (você sabe que um carro é pelado quando a lista de equipamentos inclui insanidades como “frisos na cor do veículo” e “grade dianteira em preto brilhante”) até uma Highline com o 1.6 de 120 cv que se equipada até o talo custa 63 paus, e isso com aquele I-motion lixudo e não com um automático de verdade (a versão manual com esse motor ganhou seis marchas). Manteve ainda tanto o 1.0 de 4 cilindros quanto o 1.6 de 8 válvulas, que pelas configurações devem equipar a maioria dos Fox vendidos. Será que a Volks está tão escaldada com os problemas que teve no 1.0 do Gol G5 que agora adota novos motores a conta-gotas?

Renovado, o Fox não é ruim – aliás deixou de ser ruim desde 2009 quando perdeu o acabamento de Kombi –, mas também não representa a vanguarda do segmento. O Fiesta oferece quase todos os equipamentos que o Fox (e atropela com um câmbio de dupla embreagem), com uma embalagem mais nova e mais bonita. O Punto, meio antigo, ainda tem na força dos motores e na dirigibilidade dois pontos fortes. Sem falar do Sandero, que ataca de espaço interno e preço razoável.


Se o caminho para a liderança global em vendas da VW é oferecer o melhor carro em cada segmento, então o Fox está claramente fora dessa estratégia.

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