Audi A3 Sedan ou Jetta TSI Highline?
Dúvida
natural que surgiu na cabeça de muita gente quando a Audi inciou as vendas do
A3 Sedan por R$ 94.800, muito próximo aos R$ 93.000 pedidos pelo VW (não só
ele; Corolla Altis, Civic EXS e Cruze LTZ rodeiam estes patamares também).
Vamos focar a comparação com o TSI porque seria, de longe, nossa opção entre
estes.
Mas
e o Fusion flex? Carrão, só que maior porte e portanto de outra categoria.
Sendo
as duas marcas do mesmo grupo, a precificação do A3 levou em consideração
obviamente a posição do Jetta TSI no mercado. E o jogo combinado é o mesmo
visto na Europa, quando as marcas disputam o mesmo segmento – exemplo de Passat
e Audi A4, por exemplo. Os VW são nitidamente mais baratos, mas dependendo dos
equipamentos, versões e motores, podem encostar ou mesmo ficarem mais caros que
os Audis.
Não
se enganem com comparativos com Fusion e quetais: o Jetta TSI é um sedã médio
(lembrem do Comfortline), que briga com Corolla e Civic, e que tem uma versão
de powertrain apimentado a R$ 20 mil a mais. A A3 também é um sedã médio, só
que “premium”, para ficar na linguagem de marketing. E isso, na prática,
significa carroceria mais bem montada, acabamento melhor e mais esmerado,
acionamentos suaves ao toque, boa calibração de suspensão e direção, e por aí
vai. Não que o Jetta seja particularmente ruim, pelo contrário, mas o Audi tem
obrigação de ser melhor nesses itens – e é mesmo. A diferença em acabamento é
particularmente gritante.
Pode-se
esperar, ainda, que fazer parte da marca “premium” traga vantagens no trato com
a empresa, especialmente no pós-venda. Na Audi tem sistema leva-e-traz pra
revisões? Não tem “empurroterapia”? O consultor vai atender de forma adequada e
explicar tudo que será feito no carro? Nas revisões simples, o carro fica pronto
no dia? O dono do TSI é atendido pelo mesmo consultor que vende Gol e aí vai
ser aquele atendimento cabuloso típico de marca de grande volume. Só que e o
preço, como fica? Não que a manutenção normal (não estamos falando de problemas
graves como falhas no câmbio) do Jetta seja barata, mas e a do Audi, vai ser um
abuso? E o seguro então?
É
parte da estratégia de definição do preço de um automóvel determinar quais
equipamentos de série serão entregues pelo determinado preço. Na Audi, ficou
clara a opção de fazer um pacote tentador a R$ 99.900, com os opcionais mais
comuns e desejados, e uma versão de entrada que serve na verdade para atrair o
consumidor e na concessionária forçar a venda do mais caro. A versão de entrada
só serve para figurar nos “a partir de” dos anúncios.
A
explicação fica clara na comparação da lista de equipamentos em relação ao
Jetta TSI de mesmo preço: pequena vitória em air bags (Audi com uma a mais,
para joelhos do motorista), faróis com xenônio (opcionais no Jetta), freio de
estacionamento elétrico e só. De série o TSI responde com ar bi-zona (manual no
Audi), volante e bancos com revestimento em couro, comandos para trocas manuais
de marcha atrás do volante, retrovisor interno fotocrômico, faróis de neblina,
faróis e limpadores automáticos, sistema de som com tela touch e bluetooth, e
faltou checar se o Audi tem rebatimento elétrico e desembaçamento dos
retrovisores externos, que o TSI tem.
O
desempenho também é difícil de comparar, afinal estamos diante de um 1.4 e um
2.0, ambos turbo. 122 cv contra 211 e 20,4 m;kgf contra 28. O A3 está longe de
ser lerdo (0 a 100 em 9,4s), mas o TSI é o capeta, faz essa aceleração em 2
segundos a menos.
Ambos
têm seus predicados. Se considerarmos que o pós-venda da Audi seja digno da
marca, quem optar pelo A3 terá atendimento melhor e conviverá no dia-a-dia com
um carro excelente, que exala qualidade de projeto pelos poros e que cerca o
motorista de bom gosto e refinamento. Quem ficar com o Jetta vai precisar
conviver com as concessionárias especializadas em Kombi, vai ter um carro cujo
interior é do segmento “de briga” dos sedãs médios, mas estará rodeado de
muitos equipamentos que fazem a diferença no dia-a-dia.
E,
sob o pé-direito, vai ter um foguete que janta a grande maioria dos carros por
aí. Para o M4R, Audi só com motor decente (assim como Mercedes só com tração
traseira). Ficamos com o Jetta TSI.
Comentários
Em mecânica, o 2.0T e o DGS de 6 marchas são bem competitivos em relação aos 1.4 e 1.8T do Audi com a DSG de 7 marchas. Há quem prefira o câmbio do Jetta por ser banhado a óleo.
Onde o A3 dá show é no acabamento.