A culpa é nossa
Tanto a 4 Patas quanto a C/D dedicaram boa parte de suas edições este mês aos carros chineses, comparações entre eles mesmos e com os carros nacionais. A conclusão é a mesma: eles ainda ficam devendo em termos de construção e desempenho, mas estão ao menos no mesmo nível dos nacionais em termos de acabamento, design e preço, embora venham completos.
E é interessante notar que, em claguns casos, os equipamentos ajudam a mascarar projetos mal-feitos. O ABS de alguns chineses testados mascara o fato do pedal não ter modulação nenhuma e dos freios travarem com facilidade, obrigando o ABS a estar sempre alerta. O mesmo vale para a direção hidráulica, que pode mascarar um sistema mecânico obsoleto que deixaria a direção muito pesada.
No entanto, o que realmente incomoda nesse papo todo de "invasão chinesa" é o fato de que não vemos os chineses dominando as ruas dos EUA. Ou do Japão. Ou da França. Ou da Alemanha. Ou da Inglaterra. Os chineses vão fazer estrago no mercado brasileiro porque OS CARROS BRASILEIROS SÃO UMA PORCARIA.
As japonesas e as coreanas conseguiram se estabelecer nos EUA fabricando carros melhores e mais baratos que a concorrência, justamente em épocas em que as fabricantes americanas só produziam porcarias (1975-85 para as japonesas e 95-08 para as coreanas). A Europa, que teve muito mais constância em termos de qualidade na produção automotiva local, não viu até hoje a popularização nem das japonesas, nem das coreanas. Lá, Honda e Toyota, a grosso modo, não brigam pelo topo de vendas. E Hyundai é motivo de piada.
É simplesmente inadmissível ouvirmos hoje, com o Brasil consolidado como quarto maior mercado automobilístico do mundo, as bobagens de "custos altos" que impediram a fabricação local de bons carros como Golf V e VI, Peugeot 208 e 308, Ford Ka e Fiesta, Renault Clio, tal e qual vemos na Europa. Com o mercado aquecido, as montadoras aproveitam pra enfiar goela abaixo do consumidor um carro velho, porco, mal-feito, de projeto antigo, de segurança ultrapassada. E esse carro, essa lata velha, é comparável com o que os chineses fazem. Vamos emparelhar essas excentricidades como GM Celta, Prisma, Agile, VW Gol G4 e Golf 4,5, Ford Ka e Fiesta, Peugeot 206,5, Fiat Mille, Palio e Siena, e temos carros prontos para combater em pé de igualdade os chineses. Estruturalmente mais bem-feitos, mas menos completos. Ou seja, competitivos.
Agora, vamos pegar um carro bom, igual ao feito lá fora, como Focus e i30, e comparar com os chineses pra ver se dá pé. Aí sim dá pra entender o abismo que separa os chineses dos carros de verdade, e não dessas geringonças que temos de aguentar por aqui.
E é interessante notar que, em claguns casos, os equipamentos ajudam a mascarar projetos mal-feitos. O ABS de alguns chineses testados mascara o fato do pedal não ter modulação nenhuma e dos freios travarem com facilidade, obrigando o ABS a estar sempre alerta. O mesmo vale para a direção hidráulica, que pode mascarar um sistema mecânico obsoleto que deixaria a direção muito pesada.
No entanto, o que realmente incomoda nesse papo todo de "invasão chinesa" é o fato de que não vemos os chineses dominando as ruas dos EUA. Ou do Japão. Ou da França. Ou da Alemanha. Ou da Inglaterra. Os chineses vão fazer estrago no mercado brasileiro porque OS CARROS BRASILEIROS SÃO UMA PORCARIA.
As japonesas e as coreanas conseguiram se estabelecer nos EUA fabricando carros melhores e mais baratos que a concorrência, justamente em épocas em que as fabricantes americanas só produziam porcarias (1975-85 para as japonesas e 95-08 para as coreanas). A Europa, que teve muito mais constância em termos de qualidade na produção automotiva local, não viu até hoje a popularização nem das japonesas, nem das coreanas. Lá, Honda e Toyota, a grosso modo, não brigam pelo topo de vendas. E Hyundai é motivo de piada.
É simplesmente inadmissível ouvirmos hoje, com o Brasil consolidado como quarto maior mercado automobilístico do mundo, as bobagens de "custos altos" que impediram a fabricação local de bons carros como Golf V e VI, Peugeot 208 e 308, Ford Ka e Fiesta, Renault Clio, tal e qual vemos na Europa. Com o mercado aquecido, as montadoras aproveitam pra enfiar goela abaixo do consumidor um carro velho, porco, mal-feito, de projeto antigo, de segurança ultrapassada. E esse carro, essa lata velha, é comparável com o que os chineses fazem. Vamos emparelhar essas excentricidades como GM Celta, Prisma, Agile, VW Gol G4 e Golf 4,5, Ford Ka e Fiesta, Peugeot 206,5, Fiat Mille, Palio e Siena, e temos carros prontos para combater em pé de igualdade os chineses. Estruturalmente mais bem-feitos, mas menos completos. Ou seja, competitivos.
Agora, vamos pegar um carro bom, igual ao feito lá fora, como Focus e i30, e comparar com os chineses pra ver se dá pé. Aí sim dá pra entender o abismo que separa os chineses dos carros de verdade, e não dessas geringonças que temos de aguentar por aqui.
Comentários
Excelente texto. Não bastasse o próprio fato de nosso mercado estar tomado por porcarias sobre rodas, ainda enfrentamos a consequência nefasta da concorrência nivelada por baixo.
É nesse cenário que alguns aventureiros encontram terreno fértil para vender suas carroças importadas.
Eu acredito, sim, na evolução dos carros chineses, mas tenho certeza de que isso vai ocorrer em função dos mercados desenvolvidos, e não do Brasil e ou de outros países do terceiro mundo. E não na velocidade que se propagandeia por aí.
No fim das contas, por aqui, quem vai decidir se os chineses pegam ou não são os consumidores. Infelizmente, no Brasil, isso não é consolo algum.
Abraços!
parachoque são os joelhos e o airbag são os peitos.
um abraço
Compartilho das mesmas ideias. Perfeita a comparação entre os populares e os importados chineses.
Outro fato que me assusta nessa é a falta da boa relação custo-benefício nos carros chineses. Os chineses já entraram no mercado com um baita olho gordo.
Um J3 Turim e um Logan 1,6l Expression Pack Segurança com os mesmos equipamentos saem praticamente pelo mesmo preço de tabela.
Um J5 sai pelo mesmo preço de um Kia Cerato ou Nissan Sentra, dois carros globais, com reputação das melhores em mercados exigentes e de marcas mais experientes.
Boa observação! A União Europeia restringia a importação de carros japoneses para proteger a sua indústria.
Só para exemplificar, na Inglaterra, todas as marcas japonesas juntas só podiam ter 11% do mercado interno. Na França, só podiam ter 3%. A porcentagem era ainda menor na Espanha e na Itália.
Após a quebra dessas barreiras, a participação dos japoneses aumentou bastante, inclusive um carro japonês de vez em quando aparece entre os 10 mais vendidos da Europa, o Nissan Qashqai.
Mas por ser relativamente recente esse processo, o market share de Toyota e Nissan é semelhante ao da Hyundai. Como não tiveram possibilidade de expansão antes, estão fazendo isso agora, junto com as marcas coreanas.