Europa: BMW

Com o motor diesel devidamente explicado, falemos do resto do carro. A BMW tem a fama de ser uma montadora voltada para os amantes dos automóveis. Seu slogan é “pelo prazer de dirigir” e os carros da BMW costumam se sair muito bem em comparativos justamente por esse relacionamento íntimo com o motorista. Então, o que faz uma BMW melhor do que o resto?

Comparar uma BMW com um Agile é como comparar um iPhone com um pote de manteiga. Não faz nem sentido. Os carros que competem com as BMWs são, invariavelmente, muito bons. A série 3 tem como concorrentes o Audi A4, a Mercedes classe C, o Volvo S60, o VW Passat, o Ford Mondeo, e não dá pra chamar nenhum deles de ruim. Sério: compre qualquer um desses carros e você terá na garagem um automóvel extremamente competente. E a coisa só piora conforme a BMW fica mais cara.

Então, dizer que a BMW é um carro melhor para o motorista no meio dessa concorrência é bastante complicado. A grande, a vasta, a imensa maioria dos motoristas poderia dirigir todos esses carros e sair absolutamente sem nenhum argumento para definir que a BMW é um carro melhor. Tanto é verdade que os carros acima vendem aos milhões, em todo o mundo.

Mas existe um tipo de motorista muito pentelho; aquele que realmente curte dirigir. Aquele que, na entrada da curva, sabe como o carro vai reagir. Aquele que entende motores multiválvulas. Aquele que sabe diferenciar o comportamento de um carro com suspensão traseira de eixo de torção ou multibraço. Esse motorista, muito específico, sabe dizer a vantagem da BMW.

Quando escrevia para a Quatro Rodas, o Marcelo Moura, excelente repórter, fez o comparativo entre a BMW 118i e o Hyundai i30. Vamos por um momento ignorar a bobagem que é comparar estes dois carros e lembrar de uma frase dele a respeito do carro alemão: “os freios da BMW são simplesmente mais evoluídos. É algo que deve chegar à linha Palio nos próximos 20 anos”. A frase não era exatamente essa, mas a ideia é importante: a grande maioria dos sistemas numa BMW é simplesmente melhor.

Vamos tomar como exemplo o Civic. Carro estupendo, excelente, maravilhoso. Um envolvimento com o motorista ímpar. A direção te conta exatamente o que as rodas dianteiras estão fazendo. O acelerador acorda o motor sem nenhuma demora. Os freios são progressivos, e a sua força no pedal é reproduzida exatamente na maneira com a qual o carro freia.

A BMW faz tudo isso melhor.

Parece impossível, mas só dirigindo uma para entender realmente como você pode se envolver ainda mais com o carro. A direção é absurdamente precisa. Todo e qualquer input, ou seja, qualquer movimento no volante é correspondido pelas rodas dianteiras. O pedal do freio parece transmitir exatamente como as pinças estão mordendo os discos. O acelerador acorda o motor com um simples toque.

E há a tração traseira, claro. No dia-a-dia, mal se nota. Mas uma boa parte da precisão do volante se deve ao fato de que as rodas dianteiras não precisam mais tracionar o carro, o que também permite um ótimo esterçamento. Numa BMW a diesel, e automática, é muito difícil provocar a traseira para derrapagens. A melhor sensação mesmo é apontar o nariz do carro para a saída da curva e esmurrar o acelerador. O carro entra nos eixos como um verdadeiro esportivo.

No entanto, um componente não está a altura: a suspensão. A BMW série 1 é esportiva e, portanto, dura. Mesmo com um sistema de suspensão avançado, ele é calibrado para a dureza. Na Europa, sem problema algum: mesmo as estradas vicinais têm um asfalto simplesmente excelente. Mas, nas cidades, cujas ruas são mais castigadas, o índice de solavancos é bem alto. E o modelo avaliado tinha rodas de 16” – as de 17” devem piorar ainda mais a situação. É uma reclamação comum de quem dirigiu o carro no Brasil. Firme demais. Faz sentido, pela proposta esportiva, mas se considerarmos a série 1 como um hatch compacto, que ela é, então o compromisso entre conforto e estabilidade poderia ser melhor.

Você pode comprar qualquer carro de uma dessas marcas mais “premium”: Audi, Mercedes, BMW, Jaguar, Lexus, e ele será um excelente carro. Aqui, o pessoal não brinca em serviço. Então o que vai realmente diferenciar um carro do outro é sua proposta, ou a proposta da sua marca. Da mesma maneira que um Maseratti Quattroporte apela aos de coração esportivo e uma Mercedes classe S aos que preferem muita tecnologia e luxo, a BMW entrega o prazer em dirigir nos seus carros, e é o que diferencia a série 1 do Audi A3, por exemplo, que retruca sendo mais prático e com um acabamento imbatível.

E é justamente por valorizar este aspecto que as BMW são imbatíveis quando o assunto é colocar um sorriso na cara do motorista todos os dias.

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