Premium tem limite

Juro que se eu não estivesse sentado eu tinha estatelado a cabeça no chão. Edição de dezembro de 2007 da Quatro Rodas, comparativo entre Corsa 1.4 e Siena 1.4. Modelos similarmente equipados: a/c, dh, vidros e travas elétricos. O Corsa se destaca hoje dentro da linha medíocre de produtos da GM. Padece do mesmo câmbio impreciso, mas é bom de suspensão, tem um acabamento adequado para a categoria e, em que pese o depenamento (os modelos iniciais tinham bem mais eletrônica embarcada que os atuais, por exemplo), ainda tem bom espaço interno, porta-malas compatíveis, bancos anatômicos. O Siena é a nova menina dos olhos da Fiat, e recebeu um banho de loja. Ficou realmente bonito, parece de outra categoria. E é isso que a Fiat pretende, a julgar pelo preço do Siena ELX 1.4 equipado como mencionei acima. Se não estiver sentado, faça-o.

QUARENTA E DOIS MIL E DUZENTOS REAIS.

Pois é, leia de novo. É isso mesmo.

Que eu saiba, o Siena surgiu como a opção sedã do Palio, na verdade um Palio para quem tem família grande e anda com muita bagagem. Virou preferido de taxistas, e começou a vender após a remodelação de 2001, que o deixou bastante atraente.

Agora, a Fiat pretende “descolar” o Siena do Palio, e começou deixando ambos diferentes. Não me entenda mal; a estratégia é válida, desde que seja correspondida pelo produto. A remodelação deixou o carro bonito por fora, mas por dentro o acabamento é o mesmo dos Palios inferiores, todos os equipamentos interessantes são opcionais e, principalmente, o Siena ainda é, na essência, o mesmo sedã compacto derivado do Palio hatch e com o mesmo espaço interno deste. Isto significa passageiros apertados atrás, com pouco espaço para ombros e pernas. Algo que a concorrência já entragava a mais antes e agora piorou, pois o Siena se mete a besta com um dos melhores sedãs à venda no Brasil hoje: o Polo.

Eu já discordo do resultado do comparativo da 4R que deu a vitória ao Siena. O Corsa é tão bem acabado quanto, melhor de dirigir (a suspensão mole do Siena e os freios binários, tudo ou nada, seguem padecendo o modelo), engoliu o Siena em todos os resultados de desempenho e tem muito mais espaço (representado por nada menos que DOZE centímetros a mais de entre-eixos), o que eclipsa totalmente o fato do porta-malas do Siena ter 60 litros a mais (acredite em mim quando digo que os 430 litros do Corsa sedã são mais que suficientes).

Comparar o Siena novo com o Polo sedã é mais covardia do que bater na mãe. O Polo é um carro muito superior em acabamento, desempenho, dirigibilidade, opcionais, espaço, status. O Siena ganha com aquele porta-malas gigantesco, e só. Para manter os preços correspondentes, o Siena HLX 1.8 começa em 44 mil reais, definitivamente o terreno do Polo, e, embora tenha mais desempenho, continua sendo um carro bastante inferior.

E não é só isso; fugindo dos sedãs comapctos, o novo Siena aborda o patamar de veículos como o Focus, como o Astra, até mesmo o Punto, que é muito superior mesmo dentro de casa (melhor de dirigir, mais bem acabado, com mais tecnologia e, beleza por beleza, o Punto coloca o Siena no bolso).

O Siena que importa mesmo, que é o Fire, continua com preços comeptitivos e com a cara que, para muitos, é a mais bonita da família Palio. O resto, que não vende nada, agora vai vender menos ainda. Se a Fiat seguir nessa toada em 2008, não vai ter anúncio de líder de vendas para comemorar.

E falando em 2008, este blog entra em recesso para as festas. Em breve volto com mais acidez e também mais avaliações. Feliz Ano Novo e até lá!

Comentários

Anônimo disse…
feliz ano novo, aguardando novos posts

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