Inspeção de incapacidade

Essa nova lei da inspeção veicular em São Paulo só prova a mania que os governadores deste país têm de fazer as coisas por decreto. Nada é estudado com um plano de atuação, mitigação de riscos, efetividade – vão lá, baixam a caneta e pronto. É impressionante a incompetência. Conseguem estragar o que é uma
ótima idéia, e uma maneira eficaz de combater a poluição.

Primeiro, a idéia de cobrar do motorista e depois pagá-lo. O prefeito alegou algum blá blá blá para o fato de que o município não poderia pagar a empresa diretamente. Tô achando isso uma bobagem sem tamanho. Para não comprometer receita atual, a prefeitura compromete a receita futura para pagar a inspeção de agora – quem fozer terá desconto no IPVA seguinte. Que estupidez, que falta de senso no gerenciamento dos recursos.

Outra burrice sem tamanho foi associar a multa ao licenciamento do carro. Senhores... os carros que realmente estão fora da lei não são licenciados há anos... o ritmo de apreensões é ridículo, e os pátios destinados a estes carros estão lotados. Vamos ser realistas: ou para o sujeito na hora e multa, apreende o carro ou a carteira, ou desiste... mais uma vez, o custo vai incidir na parcela da população que paga os escorchantes impostos em dia e que tem justamente o carro regulado – pois a Brasília com aquela fumaça branca não é licenciada há mais de dez anos, tenha certeza. Como é regra no Brasil, o problema não são as leis – é a fiscalização.

Teoricamente, a fiscalização será ativa, com radares que anotam placa e nível de poluentes expelidos instantaneamente. Se for assim, ótimo. Espero também que o radar saiba diferenciar um motor a baixos giros, numa situação normal de trânsito, de um com giros mais altos, que esteja acelerando e, obviamente, poluindo mais. Que ele seja calibrado pensando nestas hipóteses – evidentemente, mesmo um motor girando no máximo tem de respeitar as normas.

Por fim, a maior aberração abominável da canalhice de todos os tempos: motos não entram na inspeção. Será que as autoridades já ouviram falar que uma moto, 0km, polui mais que um carro, 0km? Que os motoqueiros, proporcionalmente, rodam muito mais pela própria natureza da profissão? Que o número de motos que rodam em São Paulo aumenta sem parar? De onde veio essa idéia estapafúrdia de excluir as motos? Sindicato dos motoboys? Tecnologia para medir poluição de motos é muito cara? Medo?

A incompetência é assustadora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Teste: Nissan Livina S 1.8 automática

Gol G4 com interior de G3

Comparativo: Celta Life 1.0 VHC x Palio 1.0 Fire