Toyota Fielder XEi

Já falei um monte de porcarias aqui e não falei da Fielder, o último carro que dirigi na sessão de test drives neste ano em Campos do Jordão.

O estande da Toyota estava lotado com filas. Eu deixei meu nome lá para testar o carro, com mais de duas horas de espera, e nem m preocupei – fui dirigir outros carro, comer e, pasmem, até aproveitar um pouco a cidade. Já faziam mais de quatro horas que eu havia feito a reserva quando, por coincidência, passei novamente no estande e os organizadores haviam guardado minha ficha. Me identifiquei e, na hora, entrei na primeira das Fielder que iria testar – a automática.

Por dentro é um Corolla, ainda mais do banco do motorista. Volante de aro fino, acabamento apenas razoável, instrumentos de fácil leitura, comandos grandes e acessíveis no console. Pé no freio, alavanca no D, vambora.

Depois de dirigir um carro com câmbio que permite trocas manuais, qualquer automático que não ofereça esse recurso parece saído da idade da pedra. O câmbio do Corolla é bom e está atualizado diante da concorrência direta (Civic, Marea, Vectra, Astra). Mas estar atualizado não é um diferencial, é apenas o arroz com feijão. De qualquer maneira, é um câmbio decidido nas trocas e muito suave no dia-a-dia.

Por dentro, tudo certinho, no lugar (faltam porta-copos decentes). Porta-malas menor que o do Corolla, porém mais versátil. O 1.8 16v da Toyota é um motor muito competente que, se não entrega o maior torque do mundo em baixa rotação, gira bem e não deixa faltar potência. Além disso, é razoavelmente econômico. O carro freia bem (vem com ABS, indispensável na linha Corolla, que não freia bem apenas com os discos) e é muito seguro nas curvas, como tem sido de praxe nas peruas modernas, Palio Weekend à parte.

Onde a Fielder excede as expectativas é no design. O carro é lindo. Se você não puder ver o interior, vai julgar que ela está na categoria de uma Volvo V70. O espaço interno é amplo e as portas traseiras têm grande ângulo de abertura, o que é muito bom num carro familiar.

Acabado o test drive, lá ia eu dirigir uma Fielder manual, que me intressava muito mais. No entanto, quando chegamos, todos os promotores da Toyota estavam passando na frente do estande com as Hilux de teste, piscas ligados e buzinando, chamando todos os promotores para comemorar o fechamento do estande – era o último dia da temporada. Muito profissional, o promotor que estava comigo começou a falar no rádio desesperadamente, procurando a Fielder manual, quando descobriu que ela já estava pronta para ir embora. Na mesma hora que ele ia pedir para trazerem o carro, a última Hilux da fila parou na frente do estande, abriu a porta e as cinco meninas que estavam no banco de trás gritavam para ele vir. Ele era, evidentemente, um dos favoritos, e não ia ser eu quem iria estragar a comemoração após um mês agüentando malas como eu. Dei um tapinha nas coisas e falei: “Esquece a manual; dirijo ela em São Paulo.” Ele olhou pra mim, sorriu agradecido e correu nos braços de uma loira espetacular.

Estilo 9 – É linda. Uma pena a frente se confundir com o Corolla (ela merecia algo diferente, assim como Golf/Bora).
Acabamento 7 – Não é o forte da linha. Plásticos macios ao toque e bem encaixados, mas falta tecido.
Posição de dirigir 8 – Requer braços longos, como no sedã. Vergonhosa a falta de ajuste de profundidade.
Instrumentos 7 – Traz o básico. A iluminação branca é linda, mas destoa do resto do conjunto, verde.
Itens de conveniência 8 – Vem com o essencial e ABS. Computador de bordo apareceu nos modelos mais recentes, antes uma grande falha.
Espaço interno 8 – O tamanho é bom, mas o destaque fica mesmo com as soluções do banco traseiro, que pode ser inclinado em 20 graus a mais.
Porta-malas 6 – É pequeno diante do segmento e mesmo diante do seda e de peruas pequenas, mas ainda assim leva muitas malas.
Motor 7 – Podia ser menos áspero em alta rotação e ter mais torque para a condução na cidade. Na aceleração, não decepciona.
Desempenho 7 – Trabalhando bem motor e câmbio (manual), dá pra fazer ela andar bem. Mas, apesar do desenho e detalhes esportivos, não é o foco do carro.
Câmbio 6 – O automático faz o arroz com feijão, mas já está na hora desse segmento incorporar a possibilidade de mudanças manuais.
Freios 7 – Bem melhor que o Corolla sem ABS. Apesar dos discos nas 4 rodas, no entanto, o sistema não responde bem a freadas bruscas.
Suspensão 7 – Compromisso entre estabilidade e conforto. Podia ser de uma concepção mais moderna, mas o ajuste é muito bom.
Estabilidade 6 – Para uma perua, excelente, tão boa quanto a do sedã. Mas não é um esportivo.
Segurança passiva 7 – Podiam pensar em airbags laterais.
Custo-benefício 7 – O carrinho vale a pena, é bonito, agradável e confiável, com o desenho agregando um pouco de sal a uma base sem muito tempero.

Comentários

André Luís disse…
Filder é um excelente perua, porém feita para pessoas ridiculamente pequenas, uma pessoa com mais de 1,80m deixa o banco do motorista encostado no traseiro não cabendo nem uma bolsa no assoalho (uma criança tem que ir com os pés em cima do banco), é ridículo um carro deste porte sem espaço dentro, isso também serve para o sedan (Corolla), mesmo com volante ajustável na vertical e horizontal não adianta um condutor citado acima tem que entrar de lado, no Kazinho (Ford) é muito mais fácil de entrar.

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